A Guerra das Redes

 

Michel Vale Ferreira

Evelyn Cristina Pinto


Introdução_ 3

A Revolução(?) da Tecnologia da Informação (TI) 3

Atentados do Dia 11 de Setembro de 2001 Possibilitados pela TI 3

Reação dos Passageiros do Vôo 93_ 4

A Guerra das Redes_ 4

A Mais Difícil das Guerras_ 4

As Redes Envolvidas_ 5

A Estrutura das Redes Humanas_ 5

Rede Terrorista_ 6

De onde Vêm seus Recursos? 6

Rede Terrorista e o Mundo dos Bits_ 7

Rede de Combate ao Terrorismo_ 7

A Quem Interessa Esta Guerra?_ 7

George W. Bush_ 8

Empresas Petrolíferas Norte-Americanas_ 8

Indústria Armamentista_ 9

Osama bin Laden_ 9

As Fases da Guerra_ 9

Combate ao Terrorismo_ 9

Fase 1: Desarticular a Rede_ 9

Fase 2: Impedir que a Rede se Reconfigure_ 10

Detectar e Interceptar os Fluxos Financeiros_ 11

Interceptar as Comunicações Eletrônicas_ 12

Fase 3: Evitar sua Reprodução_ 12

Fase 3-b: Substituição do Taleban por um Regime Moderado_ 13

Contra-Ataque Terrorista_ 13

A Guerra de Propagandas_ 13

Norte-Americana_ 14

Terrorista_ 14

Conseqüências para a Sociedade_ 14

Xenofobia_ 14

Aumento de Segurança em Detrimento das Liberdades Civis_ 15

Renegociação Institucional da Guerra devido à Tecnologia_ 15

Conclusão_ 16

Renegociação Institucional da Guerra_ 16

Renegociação Institucional das Liberdades Civis_ 16

Como Ocorreu a Queda do Taleban_ 16

Criação do Estado Palestino_ 17

Resolução de Conflitos Internacionais de Forma Pacífica_ 17

Bibliografia_ 18


Introdução

 

O intuito desta monografia é caracterizar alguns aspectos importantes dos acontecimentos do dia 11 de Setembro de 2001 e da Guerra que se seguiu, assim como suas conseqüências. Tudo isso segundo o ponto de vista das Redes de Manuel Castells, Renegociação Institucional de Phil Agre, o Mundo dos Átomos e Bits de Negroponte e a Sociedade como o Juiz que decidirá o rumo a ser seguido.

 

 

A Revolução(?) da Tecnologia da Informação (TI)

 

No livro A Sociedade em Rede [1], Castells define assim a revolução da TI: «Desde o final do século XX estamos vivendo um período de transformação de nossa “Cultura Material” pelos mecanismos do novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da tecnologia da informação.

 

O processo atual de transformação tecnológica expande-se exponencialmente em razão de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma linguagem digital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada e transmitida. Vivemos em um mundo que se tornou digital.

 

Esse é um processo histórico da mesma importância da revolução industrial do século XVIII induzindo um padrão de descontinuidade nas bases materiais da economia, sociedade e cultura. Diferentemente de qualquer outra revolução, o cerne da transformação que estamos vivendo na revolução atual refere-se às tecnologias da informação, processamento e comunicação

 

 

Atentados do Dia 11 de Setembro de 2001 Possibilitados pela TI

 

Na manhã do dia 11 de Setembro de 2001 um mundo boquiaberto assistiu, ao vivo e a cores, às imagens da colisão do segundo avião com uma das Torres Gêmeas do World Trade Center, enquanto a outra torre já ardia em chamas.

 

Imagina-se que este cenário foi vislumbrado pelas mentes responsáveis pelo atentado que abalou os alicerces da sociedade em que vivemos para maximizar sua exposição na mídia, bem como seus efeitos. Curiosamente os atentados lembram imagens do cinema catastrófico de Hollywood.

 

Embora os atentados tenham ocorrido numa única manhã, levaram anos para se concretizar, diferente dos atentados até então. Em cada avião tinha pelo menos um terrorista apto a pilotar grandes aviões e seu treinamento foi feito em terreno norte-americano.

 

Esta longa preparação foi o diferencial deste atentado em relação aos anteriores. Os terroristas muçulmanos suicidas antes eram pessoas com baixo nível escolar e de baixa renda. Agora, além de pilotos, alguns terroristas tinham curso superior completo em países como a Alemanha, dirigiam carros esporte vermelhos e o artefato explosivo que traziam consigo era apenas o conhecimento para utilizar aviões com passageiros civis como bombas.

 

Castells[1] ainda diz sobre a TI: "O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para geração de dispositivos e processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso".

 

A inovação do atentado foi a alta qualificação dos terroristas, armas literalmente inteligentes, dispostos a morrer por uma causa desconhecida. Causou estragos nunca vistos antes, com transmissão ao vivo, via satélite para o mundo inteiro e não se tratava de um filme de Hollywood.

 

 

Reação dos Passageiros do Vôo 93

 

A mesma TI também pode ter desempenhado papel fundamental para o fracasso do quarto avião-bomba. Passageiros utilizaram telefones celulares para entrar em contato com familiares, que já tinham assistido às imagens do WTC. Não se sabe o que aconteceu durante o vôo, mas o motivo mais provável da queda deste avião foi uma luta entre os seqüestrados e seus seqüestradores.

 

 

 

 

A Guerra das Redes

"A unidade, como profetiza o mundo-

só pode ser forjada a sangue e aço.-

Deixemos o amor mostrar o caminho-

e veremos qual dura mais tempo."

(Fyodor Tyuchev, diplomata e poeta russo)

 

Qual é essa guerra? O que significa guerra agora? De quem contra quem? A quem ela interessa? Como se prevê que vai se desenrolar esta guerra? Quando ela vai acabar? Quais serão suas conseqüências?

 

 

 

A Mais Difícil das Guerras

 

Em entrevista à revista Caros Amigos[3], Renato Pompeu fala sobre esta Guerra: "Por trás desta terceira guerra que vivemos agora está um fenômeno mais geral, que é uma crise do capitalismo, uma crise que se dá sempre que o capitalismo muda de patamar tecnológico. Quando o capitalismo se moldou realmente como capitalismo, com a máquina a vapor, vieram as guerras napoleônicas; quando o capitalismo passou da máquina a vapor para o petróleo, a química pesada e a eletricidade, veio a Primeira Guerra Mundial; quando o capitalismo passou para o taylorismo e o fordismo, temos a Segunda Guerra Mundial; e quando o capitalismo, agora, está passando por uma mudança tecnológica sem precedentes, gera uma guerra sem precedentes."

 

Esta é a primeira vez em que a sociedade responsável por um avanço tecnológico significativo sofre um ataque considerado ato de guerra, possibilitado por este próprio avanço.

 

Assim, segundo Castells[2]: «Iniciou-se uma guerra entre as potências do sistema vigente contra uma rede global capaz de rearticular-se constantemente e de acrescentar novos elementos conforme outros vão sendo destruídos, porque se alimenta do fanatismo e do desespero social de milhões de muçulmanos.

 

Esta guerra não será muito parecida com a do Golfo. Até a morte e o sofrimento serão diferentes, porque afetarão em medida maior os americanos e seus aliados. Será uma guerra cruel, prolongada, insidiosa, que chegará a todos os cantos, com múltiplas reações violentas dessas redes multiformes e bem equipadas, que sabiam o que estariam provocando e estão preparadas para enfrentá-lo.»

 

 

 

As Redes Envolvidas

 

Pode-se ver os dois lados da Guerra como redes. A rede de terroristas do fundamentalismo islâmico, com o possível apoio de alguns governos radicais antiamericanos de um lado e do outro lado a rede dos países que, de uma forma ou outra, participam ativamente do sistema econômico e tecnológico dominante.

 

 

 

A Estrutura das Redes Humanas

 

«As redes humanas são bem diferentes das redes eletrônicas. Elas não são a Internet. São conexões políticas e emocionais entre pessoas que devem confiar umas nas outras para a rede funcionar. Como exemplo, temos os cartéis de drogas colombianos e o IRA também.

 

No caso das redes terroristas, as pessoas estão ligadas por laços familiares, casamento, princípios comuns, bem como interesses e objetivos. Mesmo que os terroristas estejam dispersos, eles sabem o que fazer. Não tem a necessidade de uma única liderança central.

 

 "Mas não há nenhuma razão pela qual alguns deles não possam se voltar para o lado oposto", diz a Dra. Kathleen Carley, diretora do Centro de Análise Computacional de Sistemas Sociais e Organizacionais da Universidade Carnegie Mellon. "Não há razão organizacional para que disputa, ciúme e desconfiança que degradam o desempenho não possam ser intencionalmente introduzidos”.

 

"Historicamente, o que torna as redes vulneráveis é sua inabilidade de coordenar seu propósito", diz Manuel Castells, autor da trilogia "A Era da Informação". "Mas este é o ponto", ele diz, "eles [terroristas do Al-Ká'ida] têm essa habilidade de serem ao mesmo tempo descentralizados e altamente focalizados. Isso é novidade. E isso é tecnologia. Não apenas eletrônica. É essa habilidade de viajar para qualquer lugar. Sua habilidade de serem informados em qualquer lugar. Sua habilidade de receber dinheiro de qualquer lugar”.»[12]

 

Com isso vê-se claramente que as redes humanas são distintas das eletrônicas, mas a tecnologia é o "mar" em que elas "surfam".

 

 

 

Rede Terrorista

 

Supõe-se que o agente mais importante desta rede seja o grupo terrorista Al-Ká'ida, que significa "fundamento", liderado por Osama bin Laden, um conhecido terrorista saudita, cujos recursos são estimados em cerca de US$300 milhões. Existem outros grupos terroristas, como o supostamente formado há poucos anos na Alemanha por estudantes universitários, cuja proposta era unir esforços de vários grupos terroristas para promover atentados nunca vistos antes.

 

Resumindo, esta rede é um grupo de vários grupos terroristas com sedes espalhadas pelo globo, que se comunica utilizando a vasta gama de opções que a TI proporciona a qualquer um nos dias de hoje.

 

Acredita-se que esta rede tenha apoio de países sob regime teocrático islâmico como o Afeganistão e de países como o Iraque e a Líbia, atuais adversários dos norte-americanos. Estes países contribuiriam abrigando os terroristas, assim como suas bases de treinamento, fornecendo equipamento bélico, armas químicas e biológicas (senão nucleares) e apoio logístico.

 

 

 

De onde Vêm seus Recursos?

 

Não se sabe exatamente de onde eles vêm, mas acredita-se que ela seja basicamente patrocinada pelo narcotráfico, tanto do ópio proveniente das plantações de papoula afegãs, que supre o chamado "caminho turco" da droga até a Europa Ocidental, quanto do tráfico de outras drogas nos países desenvolvidos. Este dinheiro seria lavado em paraísos fiscais e posteriormente aplicado em Wall Street. Estima-se que o faturamento desta indústria em escala mundial esteja em torno de US$1 trilhão por ano.

 

Este dinheiro seria transferido para as contas terroristas pelo sistema informal tradicional conhecido como “Hawala”, que significa confiança. O sistema é baseado na confiança mútua entre as partes. O dinheiro envolvido não viaja de um país a outro e as transações não envolvem bancos. São feitas apenas com uma informação: uma senha num pedaço de papel, ou enviada por fax, e-mail ou qualquer outro meio de comunicação para um receptor em qualquer parte do mundo.

 

Alguém que deseja fazer uma transferência vai até um negociador e recebe um papel. Este negociador desconta taxas que variam de 5% a 15% e manda uma cópia do código para um colega em outro país, que por sua vez entrega o dinheiro para o destinatário. A pena para quem quebrar o sistema geralmente é a morte.

 

 

Rede Terrorista e o Mundo dos Bits

 

A rede terrorista existe basicamente no mundo dos bits. A infra-estrutura de suas conexões não pode ser destruída no mundo dos átomos, pois usufruem a infra-estrutura comercial mantida pelos países desenvolvidos. Seu arsenal é conhecimento aplicado à destruição. No mundo dos átomos, a rede terrorista tem poucos bens materiais: talvez algumas armas químicas e biológicas e suas obsoletas bases de treinamento no Afeganistão, devido à nova formação do terrorista e seus agentes, que são basicamente grupos de pessoas comuns.

 

Através de bactérias como o Antraz, que atua no mundo dos átomos, terroristas estão praticando destruição na sociedade norte-americana. Mas seu maior impacto é visto no mundo dos bits. Foram detectados muito poucos casos de contaminação com o Antraz, mas a imprensa norte-americana mostrou através de bits cada caso.

 

Depois dos ataques de Antraz os poucos produtos existentes de detecção patogênica tiveram uma demanda fantástica. “Pessoas estão nos perguntando 'Quão rápido eu posso adquirir um?'”, diz Kim Woodhouse da Idaho Technology, que manufatura o RAPID (US$ 60.000), um detector patogênico que parece um gravador portátil.

 

Toda mudança no comportamento dos cidadãos em virtude do medo é uma vitória do terror psicológico. Nesta categoria são incluídos os medos de voar, abrir cartas, do estrangeiro, assim como a nova paranóia com relação à vigilância.

 

 

 

Rede de Combate ao Terrorismo

 

Esta rede é formada pelos países desenvolvidos: EUA, União Européia e Japão. Além destes países faz parte desta rede a Rússia, que também se confronta com redes islâmicas na Tchetchênia.

 

Alguns países de origem muçulmana, como o Paquistão, contribuem com esta rede de forma tímida, atraídos pelo apoio financeiro de Bush e Tony Blair, cedendo bases militares para que os EUA lancem seus ataques aéreos ao Afeganistão.

 

 

 

A Quem Interessa Esta Guerra?

 

Embora se trate de um terrível ato de destruição, algumas pessoas e empresas lucram consideravelmente com ela, seja este lucro do tipo que for.

 

 

 

George W. Bush

 

Mesmo não tendo sido eleito pela maioria do povo de seu país, os atentados o permitiram, em menos de um ano de governo, se tornar o presidente com maior aceitação entre o povo norte-americano.

 

Pelas palavras de José Arbex Jr: "O atentado permitiu-lhe apresentar-se pela primeira vez, como presidente de fato dos EUA. Certo: com muitas horas de atraso e com hesitação imperdoável em qualquer estadista, ainda mais em um momento tão crucial como aquele. Ainda assim, ele pôde falar como representante maior da nação”.[4]

 

Isso pouco mais de um mês antes de sair o resultado da recontagem de votos encomendado por um consórcio de empresas que inclui os jornais "The New York Times", "The Washington Post" e "The Wall Street Journal", a emissora CNN, a agência de notícias "Associated Press" e a revista "Newsweek", entre outros.

 

Segundo a Folha de São Paulo: “A recontagem foi feita pelo Norc, renomado instituto de estatística filiado à Universidade de Chicago. A recontagem daria a vitória para o então vice-presidente, Al Gore, mas as empresas acharam estrategicamente ruim questionar a legitimidade do governo Bush neste momento”.[5]

 

 

 

Empresas Petrolíferas Norte-Americanas

 

Os EUA gastam por ano cerca de US$200 bilhões por ano com petróleo, representando cerca de 25% do consumo mundial de 74 milhões de barris por dia, porém suas reservas naturais não passam de 3% do total mundial, fazendo do petróleo um produto estratégico para a economia norte-americana, que depende do petróleo para suprir outros setores responsáveis pela geração de trilhões de dólares.

 

De acordo com José Arbex Jr. [4]: «Os cinco países da bacia do Cáspio - Azerbaijão, Cazaquistão, Irã, Rússia e Turcomenistão - possuem reservas estimadas em 200 bilhões de barris. As cinco maiores empresas petrolíferas dos EUA (Chevron, Conoco, Texaco, Mobil Oil e Unocal) concluíram ou estão concluindo uma série de acordos bilionários com esses países (exceto o Irã) para explorar suas reservas.

 

Em 1997, o senador Sam Brownback fez aprovar uma nova resolução, conhecida como Estratégia da Rota da Seda, segundo a qual os EUA deveriam "ampliar sua presença" na bacia do Cáspio, à medida que são construídos novos oleodutos entre o Oriente e o Ocidente através daquela região. A Rota da Seda foi o caminho seguido por Marco Pólo para o Extremo Oriente, e abarca boa parte do Afeganistão. É também o petróleo, aliás, que explica os interesses em jogo na guerra da Rússia com a Tchetchênia. Por ali passam fontes e linhas de abastecimento de petróleo e gás iranianos e da bacia do mar Cáspio.»

 

 

 

Indústria Armamentista

 

Esta indústria fatura US$1 trilhão por ano mesmo que os EUA, seu maior cliente, não esteja em guerra com nenhum país. Os EUA gastam cerca de US$500 bilhões por ano com defesa e agora que está em guerra, precisa repor seu estoque e investir em armas mais eficientes.

 

 

 

Osama bin Laden

 

O terrorista fanático Osama bin Laden, que nunca assumiu a autoria dos atentados, não tem nada a perder com essa guerra. Se ele morrer se torna um mártir. Se sobreviver terá sido o principal responsável pelo vexame da maior potência mundial, que é conhecida como "O Grande Satã" no Oriente Médio e será aclamado publicamente pelos muçulmanos da região.

 

 

As Fases da Guerra

 

Por se tratar de uma guerra assimétrica, as táticas de ambos os lados serão diferentes.

 

 

 

Combate ao Terrorismo

 

Em seu artigo sobre a guerra, Castells[2] vê três fases distintas, porém o governo norte-americano já comenta abertamente os planos para uma terceira fase alternativa, que é uma visão simplista e imediatista da terceira fase de Castells, que fatalmente não resolverá o problema do terrorismo a longo prazo.

 

A primeira fase seria uma desarticulação da rede. A segunda consiste em impedir que a rede se reconfigure. A terceira é evitar sua reprodução.

 

Segundo Castells: "É sobre esta terceira fase que versa a maioria das discussões bem intencionadas nos últimos dias: é preciso estabilizar o mundo mediante a inclusão no desenvolvimento daqueles que hoje estão excluídos dele, é preciso praticar a tolerância multicultural, é preciso forçar Israel a aceitar um Estado Palestino e impor a judeus e palestinos a convivência mútua - difícil, mas não impossível".

 

 

Fase 1: Desarticular a Rede

 

A primeira tarefa requer a identificação e eliminação de seus núcleos estratégicos, nos quais reside a capacidade de coordenação e tomada de decisões.

 

“Algumas das redes são frouxamente conectadas. Mate uns poucos nós e tudo colapsará”, diz o Prof. Frank Fukuyama da Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins.

 

Vem daí a intenção de destruir as bases operativas no Afeganistão e em outros lugares ainda não determinados. Também nesse contexto se pede a captura ou morte de bin Laden, tanto por sua importância carismática de profeta do movimento como pelo valor simbólico que sua captura teria.

 

Na guerra serão utilizadas as táticas de "swarming" (enxameação), baseadas no deslocamento de pequenos grupos de forças especiais (Rangers, Boinas Verdes, Seals, Força Delta e o SAS britânico[8]) com alto poder de fogo, coordenação eletrônica via satélite, além de apoio aéreo instantâneo com armas de precisão. Enfim, um ataque em rede.

 

Mesmo assim, suas perdas serão enormes. Desta vez os EUA não vão limitar-se a bombardear e depois ocupar terreno. Vão combater redes com suas próprias redes, utilizando a capacidade tecnológica para compensar a falta de conhecimento do terreno. Em termos de ferocidade e determinação, desta vez os inimigos estarão em pé de igualdade.

 

«Em 1996, Arquilla e Ronfeldt escreveu um livro chamado “O Advento da Guerra de Rede” para o Instituto de Pesquisa de Defesa Nacional dos EUA. O livro prediz que numa guerra entre redes humanas, o lado da Inteligência Superior vence. Eles fizeram algumas sugestões:

 

1. “Ache um membro do grupo inimigo que é claramente um idiota inofensivo” (bin Laden). “Trate-o como se ele fosse a figura mais importante e o único merecedor de ser levado a sério”.

 

2. “Controle as histórias que as pessoas dizem umas às outras para definir suas razões de vida. A história terrorista dá a essas pessoas causa comum: nós contra eles. Parte da história é que a América é o demônio e que a presença norte-americana é a culpada de muitos problemas no Oriente Médio. Devemos atacar essa parte”.

 

Os militares americanos também se prepararam para uma guerra no ciberespaço. Os inimigos podem atacar sítios importantes como, por exemplo, ataque de negação de serviços, vírus ou “crackers” de senha. Já do lado dos americanos, o General Henry Shelton confirmou que os EUA deram golpes eletrônicos dentro das redes de computadores sérvias durante os 78 dias de campanha de bombardeios sobre Kosovo em 1999. » [12]

 

O ataque ao Afeganistão será apenas um elemento nessa fase de desarticulação das redes. Ao mesmo tempo, ações pontuais na palestina, no Líbano, na Líbia, no Egito e no Iraque (imprevisíveis) procurarão neutralizar, destruir e desorganizar os pontos de conexão identificados.

 

 

Fase 2: Impedir que a Rede se Reconfigure

 

A segunda fase é evitar que grupos e agentes chaves se transfiram e reorganizem suas atividades com novos membros. O que conta aqui são três tarefas: detectar e interceptar os fluxos financeiros; interceptar as comunicações eletrônicas nas quais se baseiam os contatos globais; e enfrentar as novas ações de terrorismo com que as redes vão responder à luta.

 

“A idéia de que não há fim aos terroristas, não há meio de esmagá-los todos, porque se você mata cem outros cem surgirão -- eu teria muito cuidado com essa suposição. A rede de pessoas que estamos dispostos a desfazer tem que ser limitada. Claro, existem simpatizantes, aduladores e dirigentes, mas o núcleo da rede de homens bomba-suicidas é provavelmente uma população muito menor. É também difícil de ser infiltrada. Mas é limitada.”[12], diz o Prof. Fukuyama.

 

 

Detectar e Interceptar os Fluxos Financeiros

 

Como já foi dito acima, acredita-se que a rede terrorista vive da Hawala e do dinheiro do narcotráfico lavado em paraísos fiscais e o governo de Bush, que outrora recebeu vultosas contribuições de banqueiros suíços para sua campanha presidencial, agora suas ações poderão levar ao fim do sigilo bancário.

 

Suas palavras são claras: "Quem se recusar em nos ajudar dando informações ou congelando contas poderá ter seus capitais seqüestrados e suspensas suas transações nos EUA". Ainda sobre o assunto: "Alguns países europeus terão de reescrever suas leis para cumprir as exigências americanas".

 

Nos dias 29 e 30 de outubro, trezentos especialistas da GAFI (Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de dinheiro) se reuniram em Washington para definir as recomendações internacionais que deverão ser utilizadas no combate ao circuito financeiro do terror.

 

As medidas, adotadas imediatamente pelos países do G-7, prevêem o congelamento imediato de todos os fundos e bens terroristas, a fiscalização de entidades não-lucrativas que poderiam estar funcionando como fachada e a regulamentação de redes informais como a Hawala.

 

Como tais medidas só terão efeito se adotadas em escala global, o desafio agora é convencer os outros países de mundo. Será dado um prazo até junho de 2002 para que estes países se adaptem às novas medidas, quando se iniciará um processo de identificação dos países que não estiverem cooperando e serão aplicadas sanções contra eles.

 

Nesta ofensiva contra o financiamento global do terrorismo, o saldo da nova lei aprovada com base no estudo do GAFI, segundo a Folha de São Paulo do dia 8 de novembro de 2001[9] era: a prisão de duas pessoas, o congelamento de ativos financeiros de 62 pessoas e organizações e o fechamento dos escritórios de duas “redes financeiras que apóiam o terrorismo” em quatro estados norte-americanos. Estas redes financeiras, Al Taqwa e Al Barakat, levantariam e investiriam fundos para a Al Ká'ida pela Hawala, além de fornecer serviços como acesso à internet, comunicação segura por telefone e contrabando de armas.

 

Segundo artigo de Marcio Aith, sobre os efeitos desta lei nos EUA: [10]: «Para obter de juízes os mandados que permitiram essa ofensiva, o governo não precisou mostrar indícios ou provas de ligação com o terrorismo.


A nova lei, aprovada com oposição pontual da Associação dos Banqueiros norte-americanos e do banco de investimentos J.P. Morgan, permite ao FBI (a polícia federal norte-americana) congelar direitos de propriedade e quebrar sigilos com a simples alegação de que dispõe de informações secretas.

A lei estendeu ainda para as corretoras (ou agências de remessas) as mesmas regras que responsabilizam criminalmente os bancos pelos clientes e os obrigam a estabelecer programas internos contra a lavagem de dinheiro».

 

 

Interceptar as Comunicações Eletrônicas

 

No Afeganistão, as poucas linhas de comunicação remanescentes da guerra contra a União Soviética foram alvos de bombardeio cirúrgico. Isto tem como objetivo isolar as comunicações de Osama bin Laden com seus aliados em outros países, dificultando outros atentados na Europa e EUA.

 

Nos EUA pós-atentado cresce a pressão para que se instale um sistema de controle e vigilância totalitário e onipresente para assegurar a liberdade do povo norte-americano. Uma versão do Big Brother, utilizado por George Orwell na obra 1984, que simboliza a falta de liberdade dos cidadãos nos regimes stalinista e nazista tão combatidos pela Águia norte-americana.

 

 

Fase 3: Evitar sua Reprodução

"Estou convencido de que um mundo seguro-

não pode ser construído com sangue, só harmonia.-

Nós homens - políticos, filósofos, atores, operários, lavradores,-

povos de todos os credos, devemos concordar com isso.-

Se concordarmos apenas nisso, o resto se resolve."

(Mikhail Gorbachev, comentando a frase de Tyuchev no filme "Faraway, so Close")

 

Uma vez concluídas as duas primeiras fases, Castells afirma: "A única esperança de sobrevivência daquilo que hoje é a nossa sociedade, é que, durante o processo de destruição das redes de terror, sejam assentadas as bases sociais, econômicas, culturais e institucionais necessárias para evitar que elas se reproduzam".

 

Enfim, para evitar o surgimento de novos grupos de terroristas fundamentalistas, deve-se aliviar o fundamentalismo de mercado imposto ao mundo ao promover o desenvolvimento de todas as economias do globo, em especial a dos países pobres. Medidas nesse sentido já vêm sendo tomadas, vide a última reunião da OMC no Qatar, na qual os países ricos fizeram inúmeras concessões (mais do que fizeram nos últimos 50 anos). Tais concessões serão responsáveis pela injeção de US$ 1,5 trilhão em 10 anos nos países pobres [11].

 

Outra medida seria a criação do Estado Palestino e promover condições para que este coexista pacificamente com Israel.

 

 

Fase 3-b: Substituição do Taleban por um Regime Moderado

 

O governo norte-americano impôs a substituição do governo Taleban no Afeganistão por uma coalizão formada por todas as etnias que habitam o país, incluindo membros da Aliança do Norte e membros do que chamaram de Taleban moderado.

 

Essa solução não atenderá aos requisitos para que a rede não se reproduza, apenas colocará no poder um governo títere que não vá contra os interesses norte-americanos do petróleo.

 

 

 

Contra-Ataque Terrorista

 

Por se tratar de uma guerra assimétrica, a rede terrorista utilizará a única forma ao seu alcance para atingir os países desenvolvidos, o terror.

 

Teme-se que os terroristas tenham acesso a bactérias desenvolvidas em laboratórios e armas químicas desenvolvidas no Iraque.

 

Existem indícios de que a rede tenha em seu poder artefatos nucleares provenientes da antiga União Soviética e tentaram obter material nuclear na Rússia para reciclar uma bomba, segundo George Bunn, da Universidade de Stanford, durante o congresso da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).

 

Segundo a Folha de São Paulo[6]: “Os especialistas reunidos em Viena advertiram contra a fabricação por terroristas de uma bomba "suja", a partir de material radioativo de uso civil combinado com explosivos convencionais. As radiações emitidas por essa bomba radiológica poderiam contaminar toda a zona de explosão. Uma cidade que fosse alvo de um ataque se tornaria inabitável por um longo período.”

 

 

A Guerra de Propagandas

 

Esta guerra, a menos que um lado oblitere completamente o adversário, e o único lado com potencial para isso não está disposto a fazê-lo, acabará somente quando a opinião pública dos países desenvolvidos que estão atacando o Afeganistão pedirem para que isso aconteça.

 

 

Norte-Americana

 

Fazendo seu papel patriótico, as redes de notícias norte-americanas estão fazendo exatamente aquilo que o governo pede. Transformam Osama bin Laden em um demônio desumano e enaltecem o presidente Bush, autoproclamado líder do Bem na luta contra o Mal, como que em uma tentativa de justificar o injustificável.

 

Elas tentarão convencer a opinião pública pelo maior tempo possível de que a guerra é cirúrgica, sem morte de crianças ou mulheres civis, principalmente a rede NBC, que é controlada pela General Electric, que produz muito material bélico.

 

Tal comportamento é incentivado pelo governo com a liberação de imagens gravadas pelos aviões atacantes onde não se vê nada além da explosão do alvo marcado pelo piloto como se este jogasse videogame. São imagens desprovidas de drama, como se as vítimas de um lado fossem menos vítimas que as do outro, sendo chamadas de efeito colateral.

 

São distribuídas também as imagens dos alimentos jogados pelos aviões norte-americanos para amenizar o impacto de suas bombas em sua opinião pública.

 

 

 

Terrorista

 

A propaganda do Taleban consiste em maximizar os "efeitos colaterais" dos bombardeios no Afeganistão, mostrando crianças feridas e mutiladas. O Taleban também superestima os números de mortos civis durante os ataques, tentando sensibilizar a opinião pública dos países invasores, para que esta pressione seus governos a parar com a guerra.

 

 

 

Conseqüências para a Sociedade

 

Uma guerra desta dimensão terá inúmeras conseqüências e muitas delas permanecerão inimagináveis até sua conclusão, porém algumas já atingem nossa sociedade e outras já são apontadas como certas.

 

 

Xenofobia

 

Mesmo com o pedido do presidente Bush para que os cidadãos norte-americanos não confundam estrangeiros com terroristas, surgiram notícias de estrangeiros hostilizados e mesquitas sendo apedrejadas no território norte-americano. Muitos estudantes árabes que estavam estudando nos EUA voltaram aos seus países de origem por causa do medo.

 

 

Aumento de Segurança em Detrimento das Liberdades Civis

 

No editorial da Folha de São Paulo[7], sobre as medidas tomadas nos EUA após os atentados: «Após os atentados, cerca de mil pessoas foram detidas durante suas investigações. Umas 600 ainda estão presas, embora apenas três tenham sido ligadas ao terrorismo.

 

Foram aprovadas medidas que, com o propósito de facilitar a ação policial, restringem direitos civis. Forças de segurança ganharam poderes para conduzir buscas, deter e deportar pessoas sem autorização da Justiça.

 

Além destas medidas, está crescendo o apoio à aceitação da tortura contra supostos terroristas e é quase inacreditável que um país que sempre defendeu a liberdade e defendeu os direitos humanos, considerem a hipótese de tortura de presos como método oficial de investigação.»

 

 

Renegociação Institucional da Guerra devido à Tecnologia

 

Até poucos anos atrás, entendia-se que ocorria uma guerra quando nações-estado lutavam para defender suas fronteiras. Normalmente só participavam diretamente da guerra os militares. A luta, apesar de prejudicar muitos civis era, pelo menos teoricamente, militar guerreando contra militar. O domínio militar era separado do domínio civil. Mas essas características não mais se aplicam pelos seguintes fatos mencionados pelo Prof. Dr. Phil Agre da Universidade da Califórnia:

 

"Se você quer destruir alguém nos dias de hoje, você deve penetrar na sua infra-estrutura. Você não mais precisa ser uma nação-estado para fazer isso”.

 

"Antigamente, a indústria que produzia equipamento militar era quase inteiramente separada da indústria que produzia equipamento civil. Mas as economias de escala na produção de tecnologia, especialmente informação e comunicação, têm crescido tanto que os militares foram obrigados a comprar seus equipamentos do mercado civil, mesmo que os equipamentos civis não fossem apropriados para os propósitos militares (no caso de segurança no computador para fins civis)”.

 

Agora a guerra está em qualquer lugar e em todas as coisas. Ela é grande e pequena. E não tem limites no espaço nem no tempo.

 

O Pres. Bush declarou guerra às redes terroristas. Mas qual é o significado político de se declarar guerra a uma rede? Segundo o já citado Prof. Phil Agre, a única justificativa moral para uma guerra é preservar a democracia. Revanche está muito longe de ser suficiente, por mais que os americanos estejam sofrendo. Será que a democracia americana foi ameaçada com o ato de 11 de setembro?

 

A nação americana está em estado de guerra agora e isso faz tremer os alicerces da democracia. Vemos leis sendo propostas ao Congresso americano para dar mais poder ao Presidente. Muitos conservadores proeminentes disseram que as condições de guerra exigirão diminuição nas liberdades civis. E isso é o que se está constatando.

 

Phil Agre disse o seguinte: "O perigo de uma guerra total contra o espectro chamado Osama bin Laden reforçará as piores tendências de nossa sociedade, e longe de preservar as condições da democracia, irá minar as fundações culturais e institucionais sob a qual a democracia se apóia."

    

Com tudo isso, observamos o poder da tecnologia de impulsionar mudanças nas instituições-alicerces da sociedade. Observa-se uma mudança institucional na guerra movida pela tecnologia da informação que está questionando a instituição democracia.

 

 

 

Conclusão

Renegociação Institucional da Guerra

 

Nota-se, historicamente, que as guerras eram travadas exclusivamente no mundo dos átomos. O lado com maior poderio bélico (átomos) vencia. Hoje, verifica-se uma guerra no mundo dos bits e dos átomos. Justifica-se essa afirmação quanto à guerra no mundo dos bits por causa do rastreamento e bloqueio do dinheiro usado para patrocinar as redes terroristas e quanto à guerra no mundo dos átomos por causa dos bombardeios norte-americanos.

 

Justamente por ainda estar em renegociação, não existe ainda um modelo para uma guerra no mundo dos bits e átomos simultaneamente.

 

 

Renegociação Institucional das Liberdades Civis

 

O estado de guerra norte-americano mostra que, ao invés de estarem mais preocupados em achar terroristas de verdade, estão interessados em garantir sua sensação de segurança acima de tudo. Acima até dos valores sobre os quais construíram o maior império que o mundo já viu, e isso é tão perigoso quanto os próprios terroristas, além de ser uma derrota confessa de uma das batalhas contra o terrorismo e uma contradição ao nome da operação antiterror: “Liberdade Duradoura”.

 

 

Como Ocorreu a Queda do Taleban

 

O colapso das forças militares do Taleban no Afeganistão foi repentino e inesperado. Os ataques no mundo dos átomos (bombardeios) foram mais eficientes do que se imaginava, cortando totalmente a comunicação entre os líderes do Taleban. Estes ataques foram feitos em sistema de redes.[8]

 

Os relatórios de campo sugerem que o Taleban tenha feito um enorme erro tático. Ao invés de dispersar-se em pequenos grupos de combate (rede) e beneficiar-se do abrigo natural que o terreno irregular fornecia, construiu fortificações visíveis aos aviões de reconhecimento.

 

 

Criação do Estado Palestino

 

Embora nada concreto tenha sido feito até o momento, tudo leva a crer que o Estado Palestino será finalmente criado. Mesmo com a intenção da ONU de criar o Estado Palestino desde o final da Segunda Guerra Mundial, a iniciativa nunca foi posta em prática por causa da guerra gerada com a criação de Israel em 1948, quando os países muçulmanos vizinhos atacaram o país recém criado, que tinha o apoio militar e financeiro norte-americano. Este confronto se estende até hoje.

 

Osama bin Laden declarou logo após os atentados que entre seus objetivos estava a causa palestina. Bush e Blair prontamente colocaram o assunto da criação do Estado Palestino como prioridade em suas agendas externas, mesmo com o descontentamento do governo israelense.

 

 

Resolução de Conflitos Internacionais de Forma Pacífica

“You may say I'm a dreamer-

But I'm not the only one-

I hope someday you'll join us-

And the world will be as one”

(John Lennon, Imagine)

 

Em 1932, Albert Einstein e Sigmund Freud já formulavam uma tentativa de livrar a humanidade da ameaça de guerra. Eles trocaram cartas sobre o assunto e discutiram a necessidade da criação de um organismo legislativo e judiciário para arbitrar conflitos entre nações: “Cada nação submeter-se-ia à obediência às ordens emanadas desse organismo legislativo, a recorrer às suas decisões em todos os litígios, a aceitar irrestritamente suas decisões e a pôr em prática todas as medidas que o tribunal considerasse necessárias para a execução de seus decretos”, diz Einstein.[13]

 

“Nisto estão envolvidos claramente dois requisitos distintos: criar uma instância suprema e dotá-la do necessário poder. Uma sem a outra seria inútil. A Liga das Nações é destinada a ser uma instância dessa espécie, mas a segunda condição não foi preenchida: a Liga das Nações não possui poder próprio, e só pode adquiri-lo se os membros da nova união, os diferentes estados, se dispuserem a cedê-lo. E, no momento, parecem escassas as perspectivas nesse sentido”, segundo Freud.[14]

 

Infelizmente, até hoje tal organismo não existe. Os países poderosos, em particular os EUA, não estão dispostos a abrir mão de fazer justiça com as próprias mãos (“Justiça Infinita”) em nome da paz. “A busca da segurança internacional envolve a renúncia incondicional, por todas as nações, em determinada medida, à sua liberdade de ação, ou seja, à sua soberania, e é absolutamente evidente que nenhum outro caminho pode conduzir a essa segurança”, afirma Einstein.[13]

 

Bibliografia

 

[1] Castells, Manuel: A Sociedade em Rede, resenha feita por Roberto M. Cesar Jr.

 

[2] Castells, Manuel: A Guerra das Redes, publicado na Folha de São Paulo de 21/09/01.

 

[3] Amaral, Marina: É a Terceira Guerra MundialEntrevista com Renato Pompeu publicada na revista Caros Amigos nº 55, edição de outubro de 2001.

 

[4] Arbex Jr., José: O Reichstag de Bush, artigo da revista Caros Amigos nº 55, edição de outubro de 2001.

 

[5] Folha de São Paulo de 04/11/01: Mídia dos EUA tem na gaveta real resultado da eleição presidencial.

 

[6] France Presse: Bin Laden tentou obter material radioativo, afirmam especialistas, publicado na Folha de São Paulo de 03/11/01.

 

[7] Folha de São Paulo de 04/11/01: Editorial.

 

[8] Bonalume Neto, Ricardo: Missão é definir onde está o alvo, publicado na Folha de São Paulo de 20/10/01.

 

[9] Folha de São Paulo de 08/11/01: EUA lançam ofensiva financeira.

 

[10] Aith, Marcio: Em busca do dinheiro do terror, publicado na Folha de São Paulo de 11/11/01.

 

[11] Revista Veja: Um Encontro para a História, edição nº 1727, de 21/11/01.

 

[12] Garreau, Joel: Network Perspectives on Fighting Terrorists, publicado no Washington Post em 17/09/01 e enviado à World Systems Network Discussion Archive em 19/09/01.

 

[13] Einstein, Albert: Carta a Sigmund Freud, Sigmund Freud: Obras Psicológicas, volume XXII.

 

[14] Freud, Sigmund: Resposta à Albert Einstein, Sigmund Freud: Obras Psicológicas, volume XXII.