DA "FRANCE PRESSE"
O extremista saudita Osama bin Laden não hesitaria em explodir uma bomba atômica
e já tentou obter material radioativo na Rússia, disseram especialistas em
energia nuclear em um congresso da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)
aberto ontem em Viena (Áustria).
Os cientistas se reuniram para determinar quais são e como devem ser
enfrentados os riscos de terrorismo nuclear depois dos atentados de 11 de
setembro contra os EUA.
"Temos indícios" de que a rede Al Qaeda (a base), de Bin Laden,
tentou obter material nuclear na Rússia para reciclar uma bomba, afirmou George
Bunn, da Universidade Stanford, na Califórnia.
Segundo Jerrold Post, da Universidade George Washington, na capital
norte-americana, dentre todos os grupos terroristas, a Al Qaeda é o mais provável
de recorrer ao terrorismo radiológico ou nuclear, já que Bin Laden costuma
atuar de forma inventiva para superar barreiras ao terrorismo.
Gavin Cameron, da Universidade de Salford (Reino Unido), observou que o quarto
avião de passageiros sequestrado em 11 de setembro, que caiu em uma zona rural
da Pensilvânia, tinha como objetivo se chocar contra uma instalação nuclear,
provavelmente a central da Three Mile Island.
Cameron justificou sua opinião dizendo que o avião baixou a uma altitude que
indicava que Washington não era seu alvo.
Apesar de considerar "improvável" que os terroristas consigam
fabricar uma bomba nuclear, o diretor da AIEA, Mohamed el Baradei, disse que
"nada está excluído", nem mesmo um cenário apocalíptico de um
ataque a uma instalação nuclear.
"Devemos estar prontos. Não se trata de estimular o catastrofismo, mas sim
de tomar medidas preventivas", afirmou.
A FAA (Departamento de Aviação Civil norte-americano) já proibiu o sobrevôo
de 86 áreas nucleares nos EUA.
Os especialistas reunidos em Viena advertiram contra a fabricação por
terroristas de uma bomba "suja", a partir de material radioativo de
uso civil combinado com explosivos convencionais.
As radiações emitidas por essa bomba radiológica poderiam contaminar toda a
zona de explosão. Uma cidade que fosse alvo de um ataque se tornaria inabitável
por um longo período.
Em 21 de setembro último, a AIEA advertiu para o perigo de terroristas tentarem
contaminar cidades inteiras com materiais nucleares.