DA REDAÇÃO

Ao revelar uma ofensiva global contra o financiamento do que chama de "terrorismo internacional", o governo dos EUA prendeu ontem duas pessoas em Boston (Massachussetts), congelou os ativos financeiros de 62 indivíduos e organizações e fechou os escritórios de duas "redes financeiras que apóiam o terrorismo" em quatro Estados do país.
Segundo o presidente George W. Bush, uma das redes, a Al Taqwa, já forneceu auxílio financeiro à Al Qaeda, de Osama bin Laden, e a outra, a Al Barakat, é propriedade de um amigo e colaborador do terrorista, acusado de planejar os ataques de 11 de setembro.
Bush disse que os dois grupos levantaram e investiram fundos para a Al Qaeda, além de fornecer serviços como acesso à internet e contrabando de armas à rede. "Ao fechar essas redes, prejudicamos o trabalho dos assassinos."
Os escritórios das redes em Boston, Seattle (Washington), Minneapolis (Minnesota) e Columbus (Ohio) foram fechados.
"Agindo com base em evidências sólidas e críveis, o Departamento do Tesouro bloqueou hoje [ontem" os ativos financeiros de 62 indivíduos e organizações conectadas com duas redes financeiras que apóiam o terrorismo: a Al Taqwa e a Al Barakat", disse Bush. A medida eleva para 150 o número de organizações e pessoas suspeitas de terem ligação com grupos terroristas cujos ativos foram ou serão bloqueados.
Os 46 grupos e 16 indivíduos na nova lista do Departamento do Tesouro operam em Columbus, Minneapolis, Dorchester (Massachusetts) e, fora dos EUA, nas Bahamas, em Dubai, em Liechtenstein, na Somália e na Suíça.
Bush, em uma entrevista coletiva no Departamento do Tesouro, disse que o G-8 (os sete países mais industrializados mais a Rússia) e países como os Emirados Árabes Unidos haviam se unido aos EUA no bloqueio dos ativos e na coordenação da medida.
Segundo o governo, dois homens foram presos em Boston em conexão com a ofensiva.
O governo Bush anunciou ainda que, antes das operações de ontem, o total de ativos supostamente ligados ao terrorismo já passava dos US$ 43 milhões.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, que falou depois de Bush, disse que "o dinheiro é o oxigênio do terrorismo".
Um funcionário do governo disse que a Al Taqwa e a Al Barakat, a "principal fonte de apoio" à Al Qaeda, são responsáveis pelo envio de "dezenas de milhões de dólares" à rede de Bin Laden. Ambas são parte do sistema de transferência de dinheiro conhecido como hawala.
Em uma operação conjunta com os EUA, Suíça, Itália e Liechtenstein agiram para bloquear o apoio financeiro à Al Qaeda.
Dois executivos de origem árabe foram detidos para interrogatório em Lugano (Suíça) e liberados mais tarde. Ambos são supostos membros da Irmandade Muçulmana, grupo extremista que fundou a Al Taqwa para fornecer serviços bancários a muçulmanos. A polícia da Itália fez uma busca nas casas dos dois, cidadãos italianos, em Campione D'Italia.
A polícia suíça também realizou inspeções em Muri, onde mora outro suposto membro da Al Taqwa, e nas instalações da empresa em Vaduz (Liechtenstein).
A Itália declarou ontem ter congelado contas ligadas a sete pessoas e organizações suspeitas de financiar grupos terroristas.