Teorema de De Moivre-Laplace
O exemplo mais simples da aproximação é quando lançamos uma moeda honesta vezes e contamos o número de caras.
Neste caso tem distribuição .
Na Figura 9.1 vemos como essa distribuição, devidamente normalizada, se aproxima da distribuição normal padrão.
(Teorema de De Moivre-Laplace).
Seja uma sequência de variáveis aleatórias independentes, com distribuição , onde , e tome .
Então para todos
O teorema foi provado inicialmente por De Moivre supondo que e generalizado por Laplace para .
De fato, ele segue de uma aproximação muito mais fina:
(9.5)
onde
Nesta seção, denotaremos por a propriedade de que
(9.6)
quando , para todo fixo.
Essa aproximação é muito mais fina porque diz não apenas que a probabilidade de a flutuação estar dentro de um certo intervalo é bem aproximada pela normal, mas também que a função de probabilidade de cada um dos possíveis valores dentro de um intervalo fixo é aproximada pela densidade da normal.
Para entender de onde vem essa aproximação, primeiro precisamos de uma expressão mais palpável para .
Qual a probabilidade de obtermos exatamente caras se lançamos uma moeda vezes?
A resposta é fácil:
Essa expressão é simples e matematicamente perfeita.
Porém, quanto vale essa probabilidade?
Mais de ?
Menos de ?
Entre e ?
Boas calculadoras científicas não têm capacidade de calcular .
Num computador esse cálculo resulta em .
Mas e se fossem lançamentos da moeda?
E se estivéssemos interessados em calcular , faríamos um cálculo semelhante vezes para depois somar?
As expressões com fatorial são perfeitas para a combinatória, mas impraticáveis para se fazer estimativas.
Nosso socorro será a fórmula de Stirling
provada no Apêndice B.
Essa aproximação de pela fórmula de Stirling é muito boa mesmo sem tomar grande.
Ela aproxima por , por , por , e a partir de , que é aproximado por , o erro é menor que .
À primeira vista não parece mais agradável do que .
Mas vejamos como isso ajuda com o cálculo anterior.
Temos:
que para pode até ser calculado à mão, obtendo-se .
Mais do que isso, acabamos de obter a aproximação (9.5) no caso particular em que e .
Vamos mostrar (9.5) para fixo.
Aplicando a fórmula de Stirling obtemos
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Observe que, com a restrição , vale
Daí obtemos
Vamos estudar .
Reescrevendo cada termo,
A expansão de Taylor de até o termo de segunda ordem nos dá
Assim,
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Note que os primeiros termos se cancelam e, quando ,
Daí segue que
pois, sob a restrição , podemos tomar a exponencial de ambos os lados e ainda manter a equivalência assintótica.
Isso termina a prova de (9.5).
Somando sobre os possíveis valores de , obtemos
onde os somatórios são sobre com a condição sobre , que é dado por .
Observando que
e substituindo (9.5), obtemos
Aqui há um detalhe sutil a observar: a equivalência assintótica está relacionada com um certo limite quando e, como a quantidade de valores de que entram no somatório acima varia com , é importante que estamos usando (9.6) como definição de equivalência assintótica.
Finalmente, observamos que o somatório acima é uma soma de Riemann.
Pelo Teorema A.3, ela se aproxima de quando .
Isso termina a prova do Teorema 9.4.