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No Alto Mar

Gabriel estava se divertindo muito com esse passeio. Haviam baleias e golfinhos, peixes de todos tamanhos e muitas formas transparentes em tons pincelados de água esgueiravam-se pelas gotinhas.

Navios variavam de tamanho, forma bandeiras e cor eram sustentados pelas gotinhas que pareciam gostar de segui-los formando rastros de gente-gota que eram rapidamente dispersados pois logo elas achavam algo mais legal para fazer.

Muitas das gotinhas se davam as mãos e formavam cordões onde a grande farra era juntar gente, gente e mais gente e correrem juntas para algum lugar. Foi num desses cordões que Gabriel se juntou para irem todos descansar no raso de uma praia calma, sem quebra mar.

A brincadeira preferida de todos era entrar pelos coraizinhos, estrelas e conchas, fazendo de conta que tudo isso eram as cavernas dos bucaneiros e os tesouros, pedacos de areia que eles achavam no caminho, eram escondidos dentro dessas cavernas misteriosas.

Foi muito divertido ser o Grande Barba Verde e tomar conta de marujos translúcidos que só sabiam brincar juntinhos, sem nunca se isolarem.

Bucaneiros, herois e galeões espanhoes, todas as ``cavernas'' resolveram num só momento se esconder, fugindo pelo chão de areia enquanto o vento forte velejava as gotinhas que iam rapidamente para o alto mar.

As gotinhas descansadas agitavam-se e pulavam como nunca enquanto iam para as regiões mais fundas do mar. Chegavam mesmo, em sua pressa a deseducadamente chacoalharem barcos em seu caminho. Os pássaros procuravam abrigo lutando contra o vento forte que se armou e Gabriel ficou com medo, pois suas amigas parecia todas, ao mesmo tempo terem mudado de humor.

Algumas gotas mais gordinhas estavam escuras e pulavam como loucas, numa furia que fazia Gabriel se lembrar de certos filmes de índios de antigamente. Fazendo-se de Cowboy esperto, Gabriel tomou um cordão mais bem comportado de gotinhas que, indiferentemente caminhavam de mãos dadas, fazendo filas de acordo com os tons de azul de seu corpinho.

Fingindo a mesma fria indiferença dos demais, Gabriel caminhou calado junto a suas amigas silenciosas que desciam até as regiões mais escuras do mar, onde desavisados da tempestade camarões, lagostas e carangueijos fuçavam o lodo, sobrevoados pelos cardumes enormes que era um peixe só, formado de muitos peixinhos todos iguais.

Aquela mesmisse de muitas criaturas todas com a mesma cara sem expressão cansou o menino que desceu mais, onde coisas muito mais interessantes aconteciam, mais que, por ser tão escuro, ele não pode ver e nós não podemos então contar.

Na esperança de ver tudo mais calmo, Gabriel seguiu umas gotas que não tinham uma expressão indeferente em seu rosto nem mostravam o violento humor das outras gotinhas. O cordão de gotas logo deixou para trás um bando de tartarugas marinhas e foi passando pelos comboios de belugas, baleias azuis e orquinhas. Quando as focas, leões e lobos do mar apareceram, então Gabriel soube que estava próximo à terra.

Bloquinhos organizados de gotinhas patinavam para a superfície. Vestindo agora gorrinhos militares, todos se perfilaram diante de uma magnífica geleira. Agora mais organizadas, as amigas gotas apresentavam seu corpo mais entrecortado e apreciavam mais a brincadeira de se empilharem umas sobre as outras formando piramides enormes.

Os pinguins passaram agitando tudo, fazendo as gotinhas reclamarem de seu arranjo desfeito. Todas estvam tão organizadas, fazendo filas, ditando ordens em uma voz, que se tivesse forma, seria uma voz quadrada para combinar com seus rostos quadrados. Gabriel até se entusiasmou para brincar de excército, numa brincadeira em que todos seriam general.

Brincaram todos a não poder mais: Pularam, enfrentaram os inimigos entrincheirados, escalaram montanhas perigosas carregando informações vitais para os aliados e numa missão secreta gotinhas disfarçadas da cor avermelhada do poente subiam em seus aviões movidos pelo Sol.

Pegando carona nesses aviões, Gabriel subiu até as nuvens, onde suas voluvéis amigas já tinham outra cara e outro modo de brincar.


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Maria Angela Weiss
2000-03-03