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Aspectos Econômicos

A informática moderna tem um papel óbvio na produção industrial, que já é importante há algum tempo. Como um exemplo claro disto, podemos citar os sistemas de CAD (``Computer Aided Design'') e CAM (``Computer Aided Manufacturing'') que são amplamente utilizados na indústria. O impacto da informática sobre os meios produtivos é, portanto, mais imediato e também potencialmente mais doloroso, obrigando a sociedade a adaptações rápidas, como, por exemplo, no caso do deslocamento de mão de obra industrial pela produção robotizada através de CAM. Entretanto, não é só na indústria que a informática pode ter um impacto econômico considerável. Sua importância é grande também na agricultura, por exemplo para a previsão de tempo, uma atividade onde tanto a rede de comunicação quanto a computação de alto desempenho são de importância capital.

O uso amplo de meios informáticos na indústria, tanto diretamente na produção quanto na administração, é tão importante que pode ser caracterizado como uma nova revolução industrial. As novas tecnologias permitem uma automação inteligente de processos, passível de controle fino por meio de programação. Com a rede internacional e a WWW, passam também a estar disponíveis novas formas de propaganda e de pesquisa de mercado, muito mais eficientes e flexíveis que as atuais, que podem ter um grande impacto sobre o sistema produtivo. A produção automatizada e a comunicação e cooperação das empresas produtoras com o público de consumidores, através da nova rede internacional se combinam para dar origem a possibilidades verdadeiramente fantásticas.

Por um lado, a produção automatizada permite não só a produção em massa de bens, como também um maior grau de personalização e variedade dos produtos produzidos, pois não é mais necessário re-treinar um corpo de trabalhadores quando se muda o item a ser produzido, nem é mais necessário re-construir uma linha e metodologia de produção. Todas estas mudanças passam agora a se realizar no âmbito de um programa de computador, e a administração da produção passa a ser um problema de programação. É concebível que as fábricas em si possam ser completamente representadas por programas que simulem sua ação, e que a criação e teste de programas para a produção de novos produtos possa ser realizada por meio de tais simulações.

Por outro lado, os consumidores podem agora realizar as compras através da rede, utilizando a WWW, e pelo mesmo processo podem suprir os fornecedores de informação detalhada sobre suas preferências. Com o aparecimento de ``shopping'' pela WWW, podemos fazer supermercado sem sair de casa, simplesmente clicando o ``mouse'' em produtos ao longo das prateleiras de um super-mercado virtual, ao mesmo tempo em que podemos obter informação detalhada sobre cada produto [61, 62, 73, 69, 66].

O ``feedback'' produzido pelas próprias aquisições realizadas e por mensagens enviadas pelos consumidores, que podem agora ser monitorados em detalhe, pode ter um efeito muito mais imediato sobre a produção e distribuição de muitos produtos. Em alguns casos, quando o conteúdo do produto adquirido é algum tipo apropriado de informação, a própria entrega dos produtos pode ser feita imediatamente por ``down-loading'' através da rede, como, por exemplo, no caso de ``software'', livros em forma eletrônica, gravações musicais e gravações de vídeo.

As novas tecnologias de computação e comunicação e os novos métodos de manipulação de informação a que eles dão origem têm o potencial de mudar de forma profunda as sistemáticas de produção e distribuição de produtos ora existentes. Ao mesmo tempo, eles tem o potencial de provocar instabilidade social, pelo menos durante algum tempo, por exemplo pelo alijamento de mão de obra de nível educacional mais baixo, e devido à necessidade de re-treinamento de funcionários e mesmo dos consumidores.

Por outro lado, o próprio funcionamento da rede é um negócio de bilhões de dólares anuais envolvendo empresas de telecomunicações, provedores de acesso, especialistas em projeto de páginas, etc, gerando novas necessidades no mercado de trabalho. Um exemplo seria a nova profissão de ``minerador de informações'', um especialista que pudesse localizar na rede informações sobre um tema específico e pudesse editá-las e reorganizá-las para posterior utilização por um cliente.

Um aspecto econômico interessante é a questão de quem arca com os custos da própria Internet. Até agora, como se tratava de uma rede acadêmica voltada para a pesquisa, os custos eram distribuídos entre universidades, institutos de pesquisa e agências financiadoras. Como se tratará esta questão em uma rede universal pesadamente usada para fins comerciais? Idealmente cada usuário pagará pelo seu próprio uso do serviço, mas no momento, não temos tecnologia para contabilizar de forma detalhada o uso da rede, e o estabelecimento desta tecnologia provavelmente exigirá intenso investimento. Exigirá também um consenso bastante amplo quanto ao modelo a ser adotado para tal contabilidade. Maiores informações podem ser obtidas na própria teia [67, 72].


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Imre Simon
Wed Jul 16 16:46:01 EST 1997