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(E) Pares neutros.

 

Nos modelos de somas conexas de Toros, pares neutros aparecem dispostos da seguinte maneira:

 

 

Deveria ser possível então agrupar todos os pares neutros dessa forma. O procedimento é assim descrito.

 

(1) Escolha um par neutro, se houver (se não houver nenhum, não há mais nada a fazer!).

 

 

Esse par neutro não deve ser adjacente. Se fosse, ele já teria sido eliminado pelo método (A).

 

(2) Agora devemos descobrir um outro par neutro que se alterne com esse, do seguinte modo:

 

 

Na verdade, temos que provar que existe pelo menos um par neutro dessa forma, lembrando que no atual estágio nosso modelo já deve ter passado por todas as etapas anteriores: passando por (A), (B) e (C), sua ordem nos vértices deve ser igual a 1 e passando por (D), todos os seus pares desorientadores são adjacentes.

 

Suponhamos que não haja, isto é, ou não há nenhum outro par neutro, ou então qualquer outro par neutro está numa das seguintes posições, não alternadas com a letra a:

 

 

Mostraremos que essa suposição leva a uma contradição com o fato de que a ordem nos vértices é igual a 1.

 

Nossa suposição implicaria que todos os pares além da letra a ou estariam do lado de "cima" ou do lado de "baixo", isto é, nenhum par alternaria com a. Isso porque todos os pares desorientadores já estão adjacentes, e nós estamos exatamente supondo que não há pares neutros alternando com a. Chegamos então à conclusão que os vértices de "cima" só se identificariam com os vértices de "cima", e os vértices de "baixo" só se identificariam com os vértices de "baixo". Haveria portanto pelo menos duas classes de equivalência de vértices, uma totalmente em "cima" e outra totalmente em "baixo", que contradiz o fato de que a ordem nos vértices é igual a 1.

 

Veja um exemplo com 3 classes de equivalências. Nesse caso, duas em "cima" (1 e 2) e uma em "baixo" (3).

 

 

Logo nossa suposição estava errada, e obrigatoriamente temos a situação esperada:

 

 

(3) Finalmente realizamos o agrupamento desses segmentos, ou melhor, a substituição desses segmentos por dois pares neutros em posição adjacente e alternada, como desejado inicialmente. Para isso, cortamos ao longo do segmento c, que une duas pontas de a, e colamos os lados com a letra b.

 

 

Cortamos de novo, desta vez ao longo de d (que une extremos de c) e colamos em a.

 

 

Note que o polígono ficou igual a ....c-1dcd-1..... Invertendo as duas arestas com a letra c, isso é equivalente a ter ...cdc-1d-1...., que é a forma desejada desde o início.

 

Note que mais uma vez nada do que foi feito anteriormente é anulado. E, além disso, se tiverem restado outros pares neutros para agrupar, repetimos o procedimento tantas vezes quantas forem necessárias. Chegaremos a um modelo que tem todos os pares desorientadores adjacentes e todos os pares neutros agrupados, de dois em dois, da forma proposta. O modelo poligonal da figura abaixo é um exemplo:

 

 

Nesse exemplo (aabcb-1c-1d-1d-1efe-1f-1gg) a superfície resultante é claramente a soma conexa de dois Toros com três Planos Projetivos.

 

 
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