MAC 339 - Informação, Comunicação e a Sociedade do Conhecimento
Autor: Alessandro Wilner

Privacidade Online versus Combate ao Terrorismo

Uma análise do futuro da privacidade online após o atentado de 11 de setembro de 2001

6 - Conjugando liberdade e segurança

O leitor pode se perguntar: "Tudo bem; abrir mão da privacidade em troca de segurança não é solução. Mas então qual é a solução?"

A resposta a essa pergunta não é fácil, pois não há uma solução definitiva para o problema do terrorismo. O que há é uma série de contingências, atitudes e mudanças de mentalidade que podem transformar uma sociedade em um ambiente mais seguro. Da mesma forma que não existe uma rede de computadores 100% segura, pois todas são suscetíveis a ataques e invasões, não há como se garantir uma segurança total contra atos terroristas.

Uma das principais atitudes a serem tomadas é abandonar a inércia e lutar pelo direito à privacidade, mostrando aos que estão ao nosso redor que, ao trocar privacidade por uma falsa sensação de segurança, estamos cedendo algo muito valioso e não recebemos nada.

6.1 - A proposta de Phil Agre

Phil Agre, em um artigo recente, analisa o impacto do ataque terrorista, e discute em um trecho o pseudo-conflito entre liberdade e segurança. Agre afirma que liberdade não é antagônica a segurança, e que uma infra-estrutura planejada para ser segura respeita e reforça as liberdades civis.

Agre enfatiza que é muito importante dissociar os dois conceitos e mostrar que não são opostos. Ele diz que uma infra-estrutura que tolhe liberdades civis não oferece segurança real, mas sim uma falsa sensação de segurança. Agre cita como exemplo a infra-estrutura dos aeroportos norte-americanos, aonde os procedimentos de segurança são ineficazes e servem apenas para dar uma falsa sensação de segurança aos passageiros. O objetivo não é tornar os vôos seguros, mas sim fazer com que os passageiros não tenham medo de voar.

Segundo Agre, o caminho certo a se tomar é redesenhar a infra-estrutura de várias entidades, como por exemplo os aeroportos, que atualmente são uma colcha de retalhos incoerente de soluções e remendos para problemas de segurança, e cujos sistemas de identificação de pessoal (crachás, checagem de antecedentes e outros) não impedem que um invasor determinado penetre em uma área supostamente segura do aeroporto. O problema é que a infra-estrutura dos aeroportos não foi originalmente pensada para oferecer segurança, e assim foi-se agregando soluções de maneira desordenada até chegar à infra-estrutura de hoje, inchada, incongruente e ineficaz. Essa infra-estrutura deve ser jogada fora e deve-se recomeçar do zero e redesenhar tudo.

Esse redesign de infra-estruturas deve estar livre dos grilhões da influência militar e nas mãos da iniciativa privada, para que se possa atingir todo o potencial que a tecnologia permite. É importante repensar uma instituição como um todo, e pensar em seus espaços como lugares por onde pessoas vão passar diariamente e em grande número. Assim, a atitude errada a se tomar é tentar controlar quem passa por determinada instituição através de documentos de identificação. É melhor ter implementos que ajudem a identificar possíveis ameaças, como câmeras de circuito fechado, e outros que ajudem no controle de fluxo, como portas com travas elétricas, alarmes e sensores.


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