Há algo de podre no reino da Dinamarca. Ou não há? Quando se pergunta (off the record)
a um matemático profissional sobre sua opinião acerca do trabalho acadêmico na área de Educação Matemática,
normalmente encontra-se algum ceticismo sobre a qualidade de tal trabalho e, às vezes, até mesmo pode-se encontrar
afirmações categóricas de que tal trabalho não é sério. Tais impressões e opiniões muitas vezes não são embasadas por
grande conhecimento de causa e dependem freqüentemente de informações fragmentadas, incompletas e de segunda mão.
Em alguns casos essas idéias decorrem de uma filosofia pragmática que leva alguns profissionais a considerar irrelevante
aquilo que não está diretamente ligado a seu trabalho; esse tipo de filosofia leva alguns matemáticos a (equivocadamente,
na minha opinião) qualificar áreas de pesquisa como Fundamentos da Matemática
como "assuntos de segunda categoria".
Um dos objetivos do projeto "Imposturas Intelectuais em Educação Matemática" é o de lançar luz sobre
a questão da qualidade do trabalho acadêmico na área de Educação Matemática.
O trabalho de investigação (ainda em fase inicial) que tenho realizado nos últimos meses levou-me a acreditar
que, no que se refere à Educação Matemática, é realmente verdade em muitos casos que
o rei está nu!.
Concretamente falando, estou escrevendo um livro intitulado
(provisoriamente, ao menos) "Imposturas Intelectuais em Educação
Matemática". Uma versão parcial do livro ficará constantemente disponível
em formato pdf neste site.
Não vou me alongar aqui em explicações sobre os objetivos do livro, já
que isso é feito na Introdução (provisória)
do mesmo; nessa Introdução podem-se encontrar também respostas a algumas
eventuais (e prováveis) críticas das quais
esse projeto possa vir a ser alvo.
Disponho-me a colocar links neste site para quaisquer comentários, críticas ou réplicas ao livro ou ao projeto como um
todo. Basta que os interessados me informem por e-mail o endereço.
Daniel Victor Tausk
Arquivo pdf da versão atual do livro "Imposturas Intelectuais em Educação Matemática".
Aviso (22/12/2006): não atualizei o livro em dezembro pois estive (e estou) ocupado pesquisando
as relações entre algumas "filosofias" estranhas (tipicamente hostis à Ciência, em grau maior ou menor) que são
populares em alguns círculos da Educação Matemática brasileira e as "filosofias" estranhas dissecadas pelo
biólogo Paul R. Gross (University of Virginia) e pelo matemático Norman Levitt (Rutgers University) no livro
Higher
Superstition (veja também aqui uma
entrevista com Norman Levitt, cortesia do site
butterflies and wheels).
É provável que atualizações mais subtanciais do meu livro ocorram durante os meses de janeiro e fevereiro.
O livro sofrerá alguma reestruturação e terá um capítulo inicial
intitulado "Superstições acadêmicas" (minha tentativa
de traduzir a expressão "Higher superstition"), onde tentarei explicar o significado de conceitos
como relativismo cognitivo e construtivismo social (não confundir com o construtivismo em pedagogia!);
a explicação sobre o significado da expressão "obscuridade matemática" (que está agora no capítulo sobre Nílson José
Machado) será ampliada e movida para o novo capítulo inicial.
Um pedido de cautela para meus leitores mais
entusiasmados:
- evitem extrapolar as conclusões que tiram do meu (projeto de) livro
para muito além do seu verdadeiro escopo. Em primeiro lugar meu livro
contém, no momento, críticas às obras de apenas dois acadêmicos
da área de Educação Matemática (já tenho dois outros em mente, mas pode
ainda demorar alguns meses até que eu tenha tempo de escrever uma versão
inicial das críticas sobre as suas obras; não vou anunciar aqui os
nomes dos acadêmicos cujas obras serão criticadas no meu livro, para que
não se crie muito alarde antes que as críticas estejam ao menos
parcialmente prontas).
Em segundo lugar, não se deve pensar que os trechos citados das obras
desses autores sejam bons representantes das mesmas. Eu ainda não li
nenhum outro texto de Maria Salett Biembengutt (além daquele cuja crítica
aparece no meu livro) e não é de modo algum verdade que a obra de Nílson
José Machado esteja recheada de obscuridade matemática (esse é um aspecto
mais ou menos marginal de sua obra). Eu tenho, no entanto,
críticas (de natureza diferente) a respeito de outros aspectos da obra de
Machado, mas ainda pode demorar um pouco até que eu tenha tempo de
explicá-las no meu livro.
- Os dois autores cujas obras estão sendo criticadas na versão
atual do meu livro não são escolhas "canônicas" em nenhum sentido: tive
contato com seus textos apenas por acaso.
- Seria muito injusto concluir que os dois autores cujas obras estão
sendo criticadas na versão atual do meu livro sejam "equivalentes" em
algum sentido razoável (minha opinião pessoal é de que existe um abismo de
diferença entre os dois). Notem que o teor da crítica às obras de ambos é
de natureza muito diferente.
Daniel Victor Tausk