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Normatização e Sistemas Abertos

A área da informática é caracterizada historicamente pelo surgimento de padrões de fato para onde converge a maioria, senão a totalidade, dos usuários dentro de um segmento homogêneo. As técnicas concorrentes com o padrão de fato, por melhores que possam eventualmente ser, estão condenadas à morte, às vezes instantânea, às vezes lenta e sofrida. Existem inúmeros exemplos, tanto em ``hardware'' quanto em ``software'', deste processo.

Os padrões de fato podem ser públicos ou proprietários. Nos casos de padrões proprietários, tornar-se o padrão de fato, como é o caso da família Windows de sistemas operacionais da Microsoft, é garantia de vendas praticamente sem concorrência. Existem também casos de empresas que desenvolvem um conjunto de normas referentes a uma dada tecnologia e tornam estas normas públicas. A publicação das normas diminui muito a vantagem comercial da empresa mas aumenta muito a predisposição do público pela sua adoção. As empresas SUN e Netscape utilizam bastante este expediente (NFS, Java, SSL, etc.).

No caso da Internet as suas normas e protocolos são públicos e fixados após amplas consultas a toda a comunidade. Trata-se de uma seqüência de documentos chamados ``Request for Comments'' (RFC) que podem ser encontrados na teia [70]. A primeira RFC é datada de 4 de julho de 1969 e, em 2 de fevereiro de 1997, a mais recente tem o número 2092. Existe um complexo mecanismo que normatiza a própria edição da seqüência RFC e que determina também o processo de padronização [71], isto é, como e quando um RFC vira um padrão (STD). Existem hoje aproximadamente 50 padrões na série STD. Os padrões são periodicamente revistos e atualizados, tudo dentro da série RFC. Desta forma os padrões são amplamente divulgados após a sua filtragem por uma comunidade numerosa. Tudo isto facilita sobremaneira a adoção universal destas normas.

É preciso observar que qualquer processo de padronização é muito complexo e existem muitos riscos do padrão não ser finalmente adotado. Se o padrão for fixado muito cedo, ele corre o risco de ficar obsoleto prematuramente, penalizando os que o adotaram. Se o padrão for fixado muito tarde, ele corre o risco de não ser seguido por já existirem outros mecanismos satisfatórios em funcionamento cuja desativação seria inconveniente. Por estes motivos, além de interesses comerciais evidentes, há muitos padrões que viram letra morta, às vezes antes mesmo de serem publicados. Um exemplo é o modelo ISO-OSI para redes de computadores que, embora muito bonito conceitualmente, em pouco tempo virou uma peça apenas literária diante da força da adoção maciça da Internet, que não o seguiu por ser anterior a ele [51, pg. 40,].

Felizmente, o mecanismo RFC encontrado pela Internet possibilitou um mecanismo ágil e eficiente de padronização que, até agora, permitiu as readaptações que a rede exige devido aos freqüentes avanços tecnológicos e também ao volume crescente de adesões. Isto foi e está sendo essencial para o bom funcionamento da rede pelo mundo afora, principalmente quando atentamos para a extraordinária rapidez com que a rede se desenvolve.


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Imre Simon
Wed Jul 16 16:46:01 EST 1997