Observando-se uma criança usando um computador, logo salta à vista uma atitude pouco infantil: ela está sentada, fazendo apenas pequenos movimentos das mãos e dedos - movimentos mecânicos, como se fosse uma máquina. Esperar-se-ia que uma criança dessas não parasse de correr de cá para lá, que estivesse jogando bola, pulando corda, empinando pipa, brincando socialmente de esconde-esconde - enfim, em atitudes que a levassem a aprender o que realmente importa. Isso, até os 7 anos, poderia resumir-se em orientação espacial, coordenação motora e fantasia.
E a atitude interior? É impossível usar um computador sem dar à máquina comandos para que ela efetue as ações que se deseja, e a execução é determinista, sempre a mesma. Esses comandos constituem uma linguagem formal, lógico-simbólica. Cada comando dado à máquina (como por exemplo acionando o ícone de alinhar um parágrafo verticalmente) produz a execução de ações matemáticas - de fato, o computador é uma máquina matemática, trabalhando em um espaço puramente mental (tudo o que ela faz foi pensado matematicamente e seu funcionamento transcende os materiais físicos que a compõem). Assim, ao dar-se comandos para o computador, deve-se exercer um raciocínio que na essência é matemático (mais precisamente, algorítmico) através de uma linguagem lógico-simbólica.
Ora, esse raciocínio e essa linguagem não são próprios de crianças; é desejável que qualquer adulto possa executá-los, mas forçá-los em crianças é fazer com que estas comportem-se como adultos, e adquiram atitudes e pensamentos de adultos.
Infelizmente, não podemos, por falta de espaço, abordar outras aspectos dos computadores, altamente prejudiciais à crianças, como a indução de indisciplina mental e de estados obsessivos. Os aspectos de forçar um raciocínio matemático e uma linguagem formal bastam para caracterizarmos o maior crime contra a humanidade representado pelo ensino de informática às crianças: rouba-se-lhes sua necessária infância, forçando-as a pensarem e agirem parcialmente como adultos. Não se pense que outras atividades possam compensar essas atitudes anti-infantis. Criança deve ser sempre infantil; o roubo, mesmo que parcial, de sua infância, provocará mais tarde transtornos psicológicos e sociais talvez irreparáveis. Em particular, tememos por uma futura admiração ou adoração pelas máquinas, e a idéia de que as estas são melhores do que os seres humanos e, estes, máquinas imperfeitas. Os horrores sociais deste século, como o nazismo, o stalinismo, o pol-potismo e outros serão fichinha perto do que esses futuros adultos farão com seus semelhantes - afinal, máquinas não têm moral. Para mais detalhes, vejam-se nossos artigos vinculados de nossa home page.