Botafogo rebolou por último
Dimba faz o gol do título e jogadores
comemoram repetindo o gesto irônico de
Edmundo diante dos torcedores do Vasco
Foto de Marcelo Theobald
![[Poster do Botafogo]](esp3qua.jpg)
Quem rebola por último, rebola melhor. Quer dizer, quem rebola por último, tem mais chances de fazer a festa. E foi exatamente isso que o Botafogo fez ontem, ao derrotar o Vasco por 1 a 0 (gol de Dimba, aos 33min do segundo tempo) e garantir o título de campeão estadual de 1997, quebrando um jejum que vinha desde 90. A conquista, no fim das contas, serve de prêmio à equipe que foi mais regular durante toda a competição, tendo vencido os dois primeiros turnos e permanecido por mais de 20 jogos invicto. No fim da partida, nada mais justo do que uma forrinha contra a irônica dança feita por Edmundo na primeira partida da final, no sábado. A reboladinha coletiva lavou a alma dos botafoguenses e calou de vez os vascaínos que viram seu time ficar muito perto da vitória, ontem, e acabaram tristes.
O Vasco teve tudo para derrotar o Botafogo. Enquanto o time de Joel Santana se mostrava totalmente intranqüilo, apelando para faltas até desleais, Edmundo, Juninho e Ramón comandavam uma equipe que parecia saber o que desejava. Uma grande defesa de Vágner e o que era impressão passou a ser quase certeza. "O gol é questão de tempo", pensaram os vascaínos. Outra grande defesa de Vágner e a quase certeza passou a ser temor, afinal, quando um grande goleiro começa a fechar o gol... E foi isso que aconteceu. O Vasco perdeu o tempo, o impacto, e os primeiros 45 minutos se arrastaram até o apito final do bom árbitro Sidrack Marinho.
No segundo tempo, o Botafogo decidiu adotar uma postura mais ofensiva, ou melhor, mais de jogo. O que era só deixar o tempo passar foi trocado por um pouco mais de disposição. Só que o Vasco continuava mais ligado na partida - mas continuava sem marcar. Aos 30 minutos, os dois times pareciam estar satisfeitos com o empate, que levaria a final ao terceiro jogo. Pareciam. Uma jogada monumental de Dimba, até aquele momento certamente um dos piores homens em campo, pela direita, acabou resultando no gol do título. Uma bomba indefensável estabeleceu no placar a superioridade mínima que, se era pouco verdadeira para o que foi exibido ontem, retratava com alguma fidelidade todo o bom desempenho do Botafogo ao longo da competição.
Os 12 últimos minutos de jogo - e do Estadual - foram, como era de se esperar, de sofrimento. O Vasco precisava de pelo menos um gol para adiar a decisão. O Botafogo contava segundos para ficar com seu título. Talvez até inconscientemente os jogadores do Vasco diminuíram seu ritmo. Um reconhecimento ao melhor desempenho do rival em toda a competição. Chutões, bola para qualquer lado, valia tudo para o tempo passar. Encerrada a partida, os jogadores do Botafogo correram em direção à torcida do Vasco. De costas para a galera adversária, rebolaram. Como Edmundo fizera no sábado. Ontem, porém, com o título nas mãos...
BOTAFOGO 1
Vágner, Wilson Goiano, Gonçalves, Jorge Luís e Jéfferson; Pingo, Marcelinho Paulista (França), Aílton (Marcelo Alves) e Djair; Dimba (Róbson) e Bentinho.
Técnico: Joel Santana.
VASCO 0
Caetano, Pimentel, Moisés, Alex e Felipe; Luisinho, Fabrício, Juninho (Luís Cláudio) e Ramón (Brener); Edmundo e Pedrinho.
Técnico: Antônio Lopes.
Local: Maracanã. Árbitro: Sidrack Marinho. Auxiliares: Válter Reis e Edmílson Corona. Renda: R$ 248.370,00. Público: 16.854 pagantes. Cartões amarelos: Wilson Goiano, Marcelo Alves, Vágner, Moisés, Juninho, Aílton, Dimba e Alex. Gol: no segundo tempo, Dimba, aos 33min.
Atuações dos jogadores
Botafogo:
Vágner - O nome do jogo. Segurou o Vasco quando o Botafogo não era nada em campo. Duas defesas de cinema. 9
Wilson Goiano - Nervoso, poderia (e merecia) ter sido expulso. 4
Gonçalves - O que está jogando, é brincadeira... 8
Jorge Luís - Não teve o rendimento de outros jogos. 5
Jéfferson - Fraco. 3
Pingo - Não marcou, não apoiou. Esteve em campo? 4
Marcelinho Paulista - A aplicação de sempre. 5
França - Não teve tempo de jogar. Sem nota
Aílton - Nervoso demais, não jogou o que sabe e pode. 4
Marcelo Alves - Sua entrada organizou o Botafogo. 6
Djair - Atuação sem brilho e muito nervosa. 5
Dimba - Fez o gol. Só. Precisava mais? 6
Róbson - Não teve tempo de jogar. Sem nota
Bentinho - Atuação apagada. 5
Vasco:
Caetano - Na única vez que a bola foi ao seu gol, entrou - mas ele não teve culpa. 5
Pimentel - Talvez tenha realizado sua pior atuação no Estadual. 3
Moisés - Seguro, não comprometeu. 5
Alex - No mesmo nível de seu companheiro de zaga. 5
Felipe - Poderia ter ousado um pouco mais. 4
Luisinho - O mesmo futebol de disposição de sempre, sem qualquer brilho maior. 5
Fabrício - Não fez nada que o destacasse. Ou que se pudesse criticar. 5
Juninho - Deveria ter utilizado sua habilidade para criar mais jogadas. 5
Luís Cláudio - Não teve tempo para nada. Sem nota
Ramón - Dá muito trabalho, mas não conclui com eficiência. 5
Brener - Não teve tempo para nada. Sem nota
Edmundo - Caiu no segundo tempo, mas provou que, quando quer jogar, desequilibra. 6
Pedrinho - Todo o time esperava mais dele. 4
[9 de julho][Retorna]