Caro Diretor e demais colegas da Congregacao do IME, escrevo em relacao a um dos pontos em pauta da reuniao da Congregacao agendada para o dia de 28.06.2007, que e' a aprovacao da banca de concurso para titular na area de Algebra, no departamento do MAT. A proposta de banca aprovada pelo nosso Conselho de Departamento contem um ponto que, ao meu ver, deve ser ponderado com extrema atencao. A saber, um dos membros da banca, o Prof. Y. A. Bahturin, da Memorial University of Newfoundland, Canada, não entende a lingua portuguesa, o idioma oficial do concurso. O Prof. Bathurin e' um colaborador do Prof. Shestakov, o professor indicado como presidente da banca. Acredito que, sem uma forte argumentacao para este tipo de escolha, a aprovacao de uma banca com essa composicao abrira' espaco para criticas (legitimas) sobre a real independencia de julgamento dos membros da banca, bem como sobre a transparencia do processo inteiro. Sugiro que a Congregacao reflita sobre este ponto, levando em consideracao tambem os seguintes fatos. 1. A proposta de banca e' o resultado de uma iniciativa do Prof. Futorny, que informou que os outros titulares da area, a saber, o Prof. Polcino, o Prof. Shestakov, o Prof. Ulhoa Coelho e tambem o Prof. Merklen, recem aposentado, tinham concordado com a proposta. De acordo com as informacoes, nao houve uma reuniao formal dos titulares, mas apenas uma troca de emails. 2. Nunca houve uma manifestacao oficial dos demais titulares nesse sentido. 3. Nao foram apresentadas argumentacoes em suporte da escolha de um pesquisador sem conhecimento da lingua do concurso, colaborador do presidente da banca. 4. No Conselho do MAT, foi solicitada uma aprovacao rapida da proposta de banca, em funcao de possiveis vantagens economicas para o Instituto ao aproveitar a presenca no pais de "alguns membros externos" da banca (talvez somente o proprio Prof. Bahturin). 5. A aprovacao pelo departamento da proposta ocorreu no final de uma longa reuniao, com baixissima presenca de participantes (apenas o necessario para o quorum), e com uma votacao bem longe da unanimidade (8 votos a favor, 5 contra e 3 abstencoes). 6. Pouco antes da divulgacao da proposta, um dos candidatos inscritos no concurso, numa mensagem coletiva aos membros do departamento, manifestou a sua opiniao sobre alguns pontos na escolha de uma banca de concurso. Ele indicou em um dos pontos a importancia de escolher membros com conhecimento da lingua portuguesa. Face aos dados acima, acredito que a Congregacao seja sensivel a analise de possíveis recursos de candidatos que se sintam prejudicados por uma escolha desse tipo. Pessoalmente, me acho numa posicao muito desconfortavel por ter participado de uma escolha desse tipo na reuniao do Departamento. Por outro lado, na pressao de uma definicao rapida da questao, eu perdi a oportunidade de esclarecer os pontos mais controversiais da questao, e preferi me abster na votacao. Gostaria que, pelo menos na Congregacao, a decisao de aprovacao ou menos da proposta seja baseada numa analise mais aprofundada de todos os elementos. Agradeco a atencao. Sadacoes academicas, Paolo Piccione