ESPERANÇA COMPETITIVA

Utilização evolucionária da crise progressiva

Tomio Kikuchi

Musso Publicações, São Paulo, 1999, 310 páginas

    - "(...) estamos todos esperando o senhor falar alguma coisa. Este é um momento muito triste e estamos todos emocionados querendo que o senhor dê uma direção para a alma dessa pessoa seguir seu caminho".
    O caixão não estava tampado e podia ver-se o cadáver, ali, deitado. Então, o monge Ikkyu levantou o martelo, aproximando-o do morto respeitável, e, "pá", deu uma martelada na cabeça dele e, logo em seguida, deu outra: "poin". Todo mundo entrou em pânico:
    - "Que coisa! Que negócio é este?" E, aí, Ikkyu mostrou uma vibração com certa dignidade, e falou:
    - "A realidade é: este homem está morto. Se eu batesse em algum de vocês, vocês iriam reagir. Mas ele está morto, não vale nada, não tem sensibilidade. Vocês é que têm de aprender, têm que sentir esta morte porque quem não tem sensibilidade não aprende nada. Não adianta falar palavras bonitas, para o morto, porque ele não vai entender. Mesmo batendo nele, ele não sente nada. Ele acabou. Eu precisava falar era para vocês, não era para ele. É nos vivos que podemos ter esperança. O morto não pode competir".
    Assim, Ikkyu começou a falar.

XV Seminário Internacional de Inverno da Escola Musso Mairiporã - São Paulo - Julho de 1992

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