[Prévia] [Próxima] [Prévia por assunto] [Próxima por assunto]
[Índice cronológico] [Índice de assunto]

Re: [ABE-L]: Censura, novamente?



Carvalho,

Bem vindo de volta aa lista, e parabens pela coragem de enfrentar o CONFE. Tristes tempos ter que ir aa justica defender direito de expressao...

Abs, Pedro.


Respondido de um tablet, desculpe a falta de acentos.
Replied from a tablet.



-------- Original message --------
From Jose Carvalho <carvalho@statistika.com.br>
Date: 23/02/2014 5:32 PM (GMT-03:00)
To Carlos Alberto de BraganÃa Pereira <cpereira@ime.usp.br>,abe-l@ime.usp.br
Subject Re: [ABE-L]: Censura, novamente?


Chamo a atenÃÃo para minha ausÃncia na lista da ABE, apÃs um perÃodo em que escrevia com frequÃncia. Antes de parar de escrever, eu me ocupara de divulgar ideias contrÃrias à regulamentaÃÃo da profissÃo de estatÃstico e, em outra linha, crÃticas Ãs pesquisas por quotas e ao registro de pesquisas na justiÃa eleitoral que, assim, a pretexto de garantir a qualidade, dava aval a trabalhos, em minha vista, mal feitos. As razÃes foram entÃo expostas e debatidas com alguns colegas que me deram a graÃa de opor-se. EstÃvamos no terreno das ideias.


EntÃo, veio a censura. Foi um ato continuado, que me tirou a graÃa de debater. O presidente do CONFE me enviou um ofÃcio, ameaÃando-me de processo por improbidade profissional. No ofÃcio, meio longo, o senhor presidente expÃs argumentos defendendo a amostragem por quotas. E tambÃm criticando termos que eu usara, em debates em cÃrculos fechados.


DesnecessÃrio dizer, fiquei âfuloâ. Escrevi uma resposta candente, como à de meu temperamento. Antes de enviÃ-la, todavia, aconselhei-me com o Carlinhos, que me recomendou conversar, antes de enviar qualquer resposta. Lembro-me que ele disse que estamos em idade de conservar os amigos, pois jà à difÃcil fazer novos. Baseados nisto, como sempre nos consideramos amigos da pessoa entÃo no cargo de presidente, ligamos para ele e buscamos marcar uma conversa no Rio (âum choppâ). A resposta veio por escrito, seca. Dizia um segundo ofÃcio que eu devia marcar um depoimento perante o âconselhoâ do Confe.


Atender ao conselho do Carlinhos foi a primeiro de duas sortes que tive neste caso. Por puro acaso, sou amigo de uma pessoa muito especial, que à companheiro de trekkings que fazemos aqui pelas montanhas da Serra do Mar e da Mantiqueira. E que recÃm iniciara uma segunda vida, como advogado. Sua primeira vida passou-a como militar, no ExÃrcito, onde serviu em ForÃas Especiais. Deusdedith CÃrtes à seu nome. Conversando com o CÃrtes, ele me recomendou tratar o assunto na JustiÃa e tomou o caso a si. A partir de entÃo, o Confe passou a conversar com ele. NÃo detalharei o depoimento e a conversa que tive na sede do Confe. Marcado o depoimento, âcom o Conselhoâ, no Rio, encontrei, alÃm do presidente, apenas dois colegas, advogado e o secretÃrio, numa sala pequena em que mal cabÃamos.


Durante os eventos que se sucederam, CÃrtes entendeu-se muito bem com secretÃrio do Confe, apesar de ter sofrido de ironias por parte do senhor presidente. Mal sabia o senhor presidente...


Encontramos um descalabro no âprocessoâ. O tal processo a que se referia o ofÃcio nem estava formado. Foi formado ex post hoc! Um grosseiro erro administrativo. Do ponto de vista de meus direitos, o Confe nÃo poderia me processar, pois à uma instÃncia de recurso. O Conre, sim, poderia (mas nÃo o faria, claro). A aÃÃo do presidente do Confe me subtraia um nÃvel de recurso. Fora isso, toda a alegaÃÃo, como colocada, feria meu direito constitucional de expressar minhas opiniÃes.


Levado o caso a juÃzo, em curto tempo (1 ano), tivemos a sentenÃa inteiramente favorÃvel, condenando o Confe por danos morais e tornando nulo o tal âprocessoâ. Na sentenÃa,o juiz dissertou sobre o direito de livre opiniÃo e condenou a censura.


Melhor ainda: hà recurso automÃtico da sentenÃa de primeira instÃncia e o processo foi a segunda instÃncia. Os desembargadores, em geral, escrevem pouco. Neste caso, tivemos uma decisÃo escrita em 18 pÃginas, mostrando a importÃncia dada ao direito de livre opiniÃo e à tentativa de censura. O Confe nÃo recorreu da sentenÃa do juiz, nem do acÃrdÃo. E, mais curioso: pagou a indenizaÃÃo requerida, no valor determinado pelo Tribunal. (Digo curioso, pois sabe-se que ÃrgÃos da administraÃÃo pÃblica costumam nÃo pagar e deixar o pagamento para precatÃrios, nas calendas.)


O material referido aqui à pÃblico. Posso dar as referÃncias (na Internet) da sentenÃa do juiz e do acÃrdÃo do Tribunal.

O assunto està morto. Mas nem tanto... A censura pretendida funcionou. Confesso que fui posto fora do debate e da lista por causa dessa aÃÃo â indevida e ilegal. à uma pena, pois ambos os tÃpicos em discussÃo se esvaiam, jà que os debates levavam jà um tempo e os argumentos eram mais repetitivos do que novos. De todo modo, a partir de entÃo, passei de protagonista a passivo leitor da lista. à a vida...


AgradeÃo nesta lista aos meus amigos Carlinhos e CÃrtes. Ambos foram fundamentais neste caso. Um, seriamente divertido, trouxe o bom senso e me induziu a pensar, antes de agir. O outro, juntou grande conhecimento jurÃdico à energia e correÃÃo de quem  foi treinado para batalhas. O inimigo pode ser o mau tempo, uma rocha muito lisa, um caminho desaparecido... ou mesmo pessoas; todos sÃo tratados com respeito e encontram, no CÃrtes, quem os venÃa.


Em tempo: o acÃrdÃo, a decisÃo final do processo, foi proferido no dia 29 de maio de 2013. No ano internacional da estatÃstica, no dia do estatÃstico!


E eu reitero, agora garantido pela JustiÃa, minhas opiniÃes dadas nesta lista, sobre a desnecessidade da regulamentaÃÃo da profissÃo e de que amostras por quotas nÃo podem ter nÃveis de significÃncia declarados (e que, ipso facto, as declaraÃÃes de âmargens de erroâ de pesquisas eleitorais feitas por quotas sÃo falsas) .

Alma lavada, quem sabe voltarei a participar da lista da ABE, um foro aberto e livre.

NÃO Ã CENSURA!


ZÃ Carvalho

On 02/22/2014 11:29 PM, Carlos Alberto de BraganÃa Pereira wrote:


Caros Redistas:
Acho o espaÃo aberto de nossa rede muito educativo.  Tenho lido coisas boas e coisas ruins, como à costume em qualquer espaÃo aberto. à a Ãnica comunidade que nossas vozes sÃo ouvidas (ou lidas).  NÃo gostou, apaga!
Pessoas, como eu, colocam suas opiniÃes e sà assim a gente consegue as conhecer de verdade.  Como iniciei esta nova fase de discussÃes (que estou achando Ãtima) com o texto sobre os mÃdicos cubanos, eu devo dar alguns esclarecimentos.

Apareceu um vÃdeo do Bosanaro.  Achei Ãtimo, pois sÃo essas coisas que me dÃo a certeza que nunca vou votar nele.  Admiro assim a pessoa, pois fala o que pensa.  O pior à que votei em quem falava o que eu queria ouvir e depois virou mensaleiro, julgado pela suprema corte brasileira, nÃo por mim ou por vocà redista. De quem devo ter mais raiva? Minha resposta à que fico triste com meu candidato e com um monte de gente que vota no Bolsanaro mesmo ele pensando do jeito que pensa. Mas nÃo tenho razÃes para ter raiva dele pelo que fala, pois mostra sua cara.  Por outro lado aprendi tambÃm os nossos censuradores desta rede, assim como Bolsanaro, nos dizem o que devemos fazer nas nossas prÃprias instituiÃÃes: nÃs nÃo os queremos como dirigentes.  Essas pessoas, como Bolsanaro, tÃm coragem, pois nÃo receberÃo votos para comissÃes chefias, diretorias ou reitorias de nossas instituiÃÃes.  Por isso a rede à boa! A gente aprende sobre as pessoas.  Um censurador à normalmente um ditador e devemos assim evitÃ-los: isso à uma boa recomendaÃÃo para os jovens professores que irÃo construir uma instituiÃÃo de valor.
Mais uma coisa importante à que estamos em Ãpoca de eleiÃÃo, bem lembrou-nos o FÃbio.  Devemos, nessa Ãpoca, fazer de tudo para convencer nossos pares para votar em pessoas as quais pensamos poder transformar nossa sociedade em algo melhor do que o que ai estÃ.  Isso nÃo tem nada haver com o PT, tem haver com nossa sociedade.  Antes do PT tivemos outras administraÃÃes tÃo ruins ou piores do a dos Ptistas.

Lembro que a sociedade cubana tinha um lema para educaÃÃo:
1.    Coloque uma bandeira em sua janela se o analfabetismo ali em sua casa se extinguiu.
2.    Coloque uma bandeira ali na porta de seu prÃdio se o analfabetismo ali se extinguiu.
3.    Coloque uma bandeira na sua rua se o analfabetismo ali se extinguiu.
4.    Coloque uma bandeira na sua quadra se ali tambÃm o analfabetismo se extinguiu.
5.    Coloque uma bandeira no seu bairro se ali o analfabetismo se extinguiu.
6.    Coloque uma bandeira em sua cidade se o analfabetismo ali se extinguiu.
7.    Com todas as cidades bandeiradas, Cuba serà livre!

Nossa influÃncia à em nossa comunidade.  Sabemos tambÃm que a unanimidade à burra: quanto mais discussÃo melhor para nossos esclarecimentos, assim como fez o Marcelo.  Nas discussÃes somos obrigados a dar opiniÃes que desejamos que sejam coerentes.  Quando percebemos nossas incoerÃncias muitas vezes mudamos de opiniÃo.

Ontem a noite uma de nossas secretarias foi assaltada e perdeu muito de seus pequenos valores quando ia para casa.  Assaltada por jovens de sua prÃpria regiÃo.  Lembro que morei ao lado da Praia do Pinto, uma das maiores favelas que o Rio teve na Ãpoca.  Nunca fui assaltado no Rio.  Quando vou o Leblon hoje, sinto medo de andar nas ruas.  Note que hoje no lugar da favela existe a selva de pedras, um grande conjunto residencial de classe mÃdia alta.

Penso sim que os mÃdicos cubanos estÃo em situaÃÃo de escravidÃo, assim como estava muito bem colocado no documento que enviei.  Agora quem à ptista e que nÃo gosta do que và e do que està escrito, coloque algo de bom sobre o que està aÃ.  Tentem fazer vossas sugestÃes de como proceder.  Mas censura meus amigos à coisa dos ditadores como jà havia dito.

Perdoem-me pelo longo comentÃrio, mas à necessÃrio evitar que nos proÃbam de dizer o que pensamos.  A Doris nÃo acreditou que estava em algum local francÃs, mas estava.   Agora vejam que coisa maluca: A nossa Dilma que tanto defendi, virou catÃlica e se acostumou a ir a Roma com grande comitiva para ver o papa, que à argentino.

Falando agora um pouco da imprensa: VocÃs nÃo acham estranho que um governador como o do Rio passa rapidamente de mocinho para bandido.  Eu acho que alguÃm poderoso deve estar perdendo dinheiro com a coisa do âcontroleâ das favelas e da venda de drogas.  Mas isso à apenas minha opiniÃo.  Espero poder continuar a dÃ-las. Digo tambÃm que nunca gostei desse governador.  MÃrio Covas, enquanto vivo, nunca me decepcionou: serà que depois de morto o farÃ?  Hoje continuo admirando a Erundina, a melhor prefeita daqui, de quem fui cabo eleitoral em minha comunidade. Infelizmente teve problemas com seu partido da Ãpoca!


-- 
Jose Carvalho
Statistika
+55-19-3236-7537 (office)
+55-19-8139-9927 (cel)