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RES: [ABE-L]: Matéria VEJA - Estatística deveria ser obrigatória?



Pessoal
   Estat�stica e Probabilidade j� fazem parte do curr�culo de matem�tica do ensino fundamental e m�dio desde 1998 quando foram lan�ados os PCN (Par�metros Curr�culares Nacionais). O problema � que as diretrizes curriculares dos cursos de matem�tica n�o andaram na mesma dire��o e n�o colocam Estat�stica e Probabilidade com �reas ou disciplinas obrigat�rias nos cursos de Licenciatura em Matem�tica. Assim existe um problema s�rio de forma��o de pessoal habilitado a lecionar essas disciplinas.
  Geralmente os cursos de licenciatura em Matem�tica oferecem uma disciplina de Estat�stica ou Probabilidade nos curr�culos de Matem�tica que normalmente � compartilhada com outros cursos da �rea, em geral, as Engenharias. Assim o professor de Matem�tica n�o se sente preparado para lecionar essas disciplinas e elas acabam sendo ignoradas.
   Fazendo uma an�lise dos livros do ensino fundamental e principalmente do m�dio pode-se perceber que nem todas ainda se adaptaram a lei e os que o fizeram colocam geralmente a Probabilidade e principalmente a Estat�stica como o �ltimo cap�tulo, mostrando que aquilo foi colocado ali apenas para n�o perder espa�o no mercado e os textos acabarem sendo rejeitados nas compras do governo para as escolas p�blicas.
   Como n�o existem cursos de licencitatura em Estat�stica e os formados em Matem�tica na maioria (pesquisas comprovam) n�o se sentem em condi��es de lecionar essas disciplinas tem-se a impress�o de que elas, de fato, n�o fazem parte do curr�culo do ensino fundamental e m�dio, mas elas est�o l� numa propor��o bem maior at� do que se poderia almejar.
   Fazer lei � f�cil o dif�cil � habilitar professores para desempenharem a tarefa com compet�ncia. Considerando que 30% dos professoes que lecionam Matem�tica no Brasil n�o tem forma��o na �rea e os que tem praticamente n�o tomam contato com a Estat�stica e a Probabilidade temos ainda um longo caminho a percorrer at� a almejada liter�cia estat�stica dos egressos do ensino m�dio.
 
Prof. Lor� Viali
UFRGS
 
P.S.: No Sinape dever� sair um artigo sobre esse assunto onde fiz um levantamento da situa��o dos curr�culos de Lic. em Matem�tica em rela��o a forma��o na �rea de Prob. e Estat�stica. Adianto que dos 125 cursos examinados a carga hor�ria m�dia dedicada as duas disciplinas est� em torno de 2,4% do total de horas do curso que sobre para 2,7% se for inclu�do a Combinat�ria.
  


De: Rafael Br�z [mailto:soestatistica@yahoo.com.br]
Enviada: qua 7/2/2008 12:25
Para: abe-l@ime.usp.br
Assunto: Re: [ABE-L]: Mat�ria VEJA - Estat�stica deveria ser obrigat�ria?

Caros Redistas,

Li as mensagens enviadas para a rede e gostei de ler o ponto de vista de cada um.

Agora um ponto a ser levantado, n�o vejo porque as perguntas relacionadas ao texto de Gustavo Ioschp ser direcionado a mim . Em momento algum eu concordei ou discordei do que foi levantado pelo autor.  Eu apenas disse que achei o texto muito interessante, e achei mesmo.

Eu concordo com v�rias passagens do texto, e tamb�m discordo de algumas outras passagens.

No momento, se algu�m me perguntasse se eu gostaria que a disciplina Estat�stica fosse obrigat�ria no ensino m�dio... Minha resposta seria SIM. Mas provavelmente a inclus�o desta disciplina teria um peso,  pois acredito que a carga hor�ria n�o iria alterar para a inclus�o de uma outra disciplina, assim, teria que pensar se valeria a pena.

Algumas perguntas teriam que ser respondidas.

Qual seria a disciplina que iria ter uma menor carga hor�ria?
� para decidir entre Estat�stica, Psicologia, Filosofia ou outra?

abra�os

Rafael Br�z A. Farias









Jose Carvalho <carvalho@statistika.com.br> escreveu:
Maravilha!!! Chegamos ao "coul de sac". Nada de cultura, somente
materias "pr�ticas". Estat�stica � melhor do que filosofia, como mat�ria de
ginasial? Por que uma e n�o a outra?

O ensino j� � isso mesmo. Formamos gente "pr�tica", sem cultura. Nada de
portugu�s, ora bolas! O ginasiano sabe falar, n�o �? Para que regras
gramaticais? Para que ler Cam�es? Shakespeare, nem pensar. M�sica: Xit�ozinho
e Xoror� bastam; para que Mozart?

O estat�stico pode falar em coeficiente de achatamento. Para que "curtose"?

�... mas a conseq��ncia de falta de cultura � a incapacidade de formular
modelos, de entender processos f�sicos, de acompanhar nomes da medicina, e
por a� vai.

�... "smalltalk" vai ser nossa l�ngua. Ela basta, "companhero"!

Triste... Seriamente - eu ficaria com portugu�s, com v�rias l�nguas
estrangeiras, com filosofia, com hist�ria, com muita f�sica, qu�mica,
biologia e matem�tica. E, claro, por que n�o, at� com estat�stica. Ah, n�o
esque�am do latim. Grego, quem sabe? Como dizia Paulo Francis, daquele jeito
arrogante, rabugento e, de seu modo, simp�tico, "cultura n�o ofende a
ningu�m".

Rafael, esse trecho � interessante, mesmo. O apelo ao ensino da estat�stica �
interessante. Mas nem caberia discuss�o sobre ensinar filosofia e sociologia?
Quest�o: h� professores? O curso ser� um mero meio de doutrinar, de ensinar
um "pensamento" pol�tico? Mas esses s�o problemas e aberra��es. Em tese, sim,
vamos ensinar filosofia.

On Tuesday 01 July 2008 23:55:22 Rafael Br�z wrote:
> Caros,
>
> Hoje me deparei com um texto muito interessante quando visitei o sitio da
> UOL, nele encontra-se uma mat�ria intitulada de " Para que filosofia e
> sociologia obrigat�rias? ".
>
> Neste e-mail coloquei um t�tulo com o nome Estat�stica, pois � sobre ela
> que fala realmente a mat�ria. O texto fala sobre a introdu��o de filosofia
> e sociologia no curr�culo, quando devia-se realmente incluir a estat�stica
> .
>
> Abaixo algumas frase retiradas do texto.
>
> "Se fosse para incluir uma nova disciplina
> em nosso curr�culo, adoraria que fosse
> estat�stica."
>
> "Sem uma comprova��o emp�rica, qualquer
> pensamento � apenas uma tese."
>
> "hoje vejo que a mat�ria mais importante �
> estat�stica." --------
> Link da p�gina
>
> http://veja.abril.uol.com.br/gustavo_ioschpe/notas_300608.shtml
> ------------
> Texto completo abaixo:
> --
> Notas
> Errar � humanas
>
> Eu s� descobri que n�o entendia nada de
> matem�tica quando conversava com um colega
> russo, no mestrado, sobre o assunto. Aquilo que pra
> mim exigia um grande esfor�o mental, de montagem
> de equa��es e de tentativa de opera��es
> alg�bricas, para ele era visivelmente algo autom�tico,
> instintivo, como a constru��o de uma frase
> em sua l�ngua natal. N�o sei exatamente como os
> russos ou os asi�ticos ensinam a matem�tica, mas
> hoje entendo por que o nosso ensino � t�o fraco.
> No Brasil, n�o se ensina matem�tica. Se ensina a
> resolu��o de problemas matem�ticos. Nossas escolas explicam a mec�nica da
> coisa. Pra somar e subtrair, voc� "passa um pra
> l�", "tira um de l�" e
> pronto, est� a� o resultado. Multiplica��o �
> simples: basta decorar a tabuada e, para n�meros
> maiores, adicionar a mec�nica da adi��o. A
> divis�o � tamb�m uma quest�o quase geogr�fica:
> coloque o divisor aqui, o dividendo ali, na
> "cadeirinha", puxe a tabuada da mem�ria e v�
> seguindo at� que se encontre o resultado e o
> "resto". Trigonometria � um exerc�cio de
> decoreba de f�rmulas e �ngulos. Geometria � como
> se fosse um quebra-cabe�a com algumas pe�as
> faltando: basta saber que a soma dos �ngulos de um tri�ngulo � 180 graus,
> ou o teorema de Pit�goras ou a f�rmula do raio
> de uma circunfer�ncia para se resolver todo e
> qualquer problema. Os problemas costumam ser de
> uma inutilidade total, mais na linha de "um
> c�rculo inscrito em um quadrado de lados..." do
> que "para colocar uma pizza em uma caixa
> quadrada...". O problema � fundamentalmente filos�fico,
> epistemol�gico: a maioria das pessoas entende
> a matem�tica como uma ferramenta que precisamos
> dominar para resolver alguns problemas do cotidiano.
> Mas a matem�tica n�o � isso. A matem�tica
> � uma linguagem que descreve o mundo. Todo o
> mundo f�sico � traduz�vel em n�meros, com
> acuidade muito maior do que a descri��o feita
> por palavras. Al�m disso, a matem�tica � a
> �rvore da qual brotam os frutos das ci�ncias
> exatas: f�sica, qu�mica, biologia, estat�stica,
> engenharia, medicina - nada disso seria poss�vel
> sem a matem�tica.
>
> Eu s� fui descobrir isso quando j� estava no
> mestrado. De tudo que estudei na vida - e acabei
> estudando, na faculdade, hist�ria, ci�ncia
> pol�tica, psicologia, sociologia, economia, geologia,
> marketing, administra��o, contabilidade,
> cr�tica liter�ria, filosofia e outras que nem me
> lembro mais, n�o apenas por desejo e curiosidade
> pr�prias, mas porque o sistema americano imp�e
> essa multidisciplinaridade - hoje vejo que a
> mat�ria mais importante � estat�stica. Achava a
> mat�ria um porre quando a cursei, no primeiro
> ano. O que � natural, ali�s: aos 18 anos, o
> c�rebro humano est� demasiadamente encharcado de
> horm�nios para que os pensamentos possam nadar. Agora vejo que a
> estat�stica � a base de tudo, � o que
> possibilita a distin��o entre a opini�o e o
> fato, a apar�ncia e a realidade (as "formas"
> plat�nicas). Sem estat�stica n�o
> pode haver ci�ncia exata nem ci�ncia social.
> Cada vez mais entendemos que comportamentos que antes
> podiam ser debatidos apenas por fil�sofos, romancistas
> e poetas agora s�o explic�veis atrav�s
> da aplica��o rigorosa de m�todos estat�sticos.
> � claro que a estat�stica n�o responde as
> perguntas fundamentais da exist�ncia - como
> viver a boa vida? - mas tampouco o faz a filosofia,
> com a agravante que uma filosofia desprovida de estat�stica
> � apenas um teatro para o duelo de vis�es
> antag�nicas e insubstanciadas, com resultados
> potencialmente nocivos. "Errar � humanas",
> disse um professor de hist�ria da arte da Unicamp
> que me acompanhava em um debate anos atr�s, numa
> daquelas manifesta��es de auto-ironia que n�o
> t�m sinceridade nenhuma. N�o, errar n�o �
> humanas. H� muito acerto - e muito erro -
> naquilo que se produz nas humanas. O dif�cil,
> sem o aux�lio da estat�stica, � separar o joio
> do trigo. N�o � que errar seja humanas, � que a
> convic��o do acerto s� pode vir com a ajuda das
> exatas. Sem uma comprova��o emp�rica, qualquer
> pensamento � apenas uma tese. Os fil�sofos
> e historiadores que me l�em deve estar nauseados,
> mas mal sabem eles que esse axioma os cerca em todo
> lugar. Os rem�dios que eles tomam quando est�o
> doentes s� s�o aprovados ao passar por
> um processo estat�stico que os separe de um placebo
> ineficaz. Todos os processos produtivos/industriais
> que geram os bens que consumimos s�o calibrados
> e controlados por ferramentas estat�sticas de
> controle de qualidade. As pe�as dos carros que
> dirigimos s�o submetidas a testes estat�sticos
> que asseguram sua confiabilidade. O computador no qual
> voc� l� esse artigo s� existe por uma ferramenta estat�stica
> que determina a sua efici�ncia. A civiliza��o
> moderna n�o � poss�vel sem a estat�stica.
> E, ainda assim, est� na moda praguejar contra
> n�meros. At� professores renomados, como
> esse da Unicamp, podem falar bobagens como "os
> n�meros s�o cria��es humanas e, como tal,
> t�m uma intencionalidade" e se sentir bem, como
> se n�o estivessem cometendo um crime
> intelectual. Essas id�ias me v�m � mente quando
> vejo que filosofia e sociologia foram inclu�das
> como mat�rias obrigat�rias no curr�culo do
> ensino m�dio. Veja s�: nosso sistema educacional
> � um fracasso t�o retumbante que, na �ltima medi��o em que o
> desempenho dos alunos foi dividido em n�veis,
> o SAEB de 2003 apontou que 55% dos alunos da quarta
> s�rie estavam em situa��o cr�tica ou
> muito cr�tica em leitura, o que quer dizer que
> eram praticamente analfabetos. A maioria dos alunos
> que faz a prova de Matem�tica no SAEB acha que
> "3/4" � 3,4, e n�o 0,75. N�o entendem nem a
> nota��o de uma fra��o. Achar que esses
> professores, com essa qualidade, conseguir�o
> ensinar filosofia e sociologia a esses alunos �
> o que os ingleses chamam de wishful thinking, um
> otimismo despropositado. No primeiro semestre da faculdade, li um texto
> muito bom de Paulo Freire, em que ele dizia que
> era preciso read the word to read the world (ler
> a palavra para ler o mundo). N�o sei se ele o
> escreveu em ingl�s ou se a tradu��o foi
> especialmente fortuita, mas o enunciado �
> verdadeiro: � imposs�vel entender a complexidade
> do mundo se voc� n�o sabe ler. � imposs�vel
> estudar filosofia se voc� n�o sabe ler. Essas
> aulas ser�o apenas uma maneira mais escancarada
> de se praticar o doutrinamento do marxismo
> rastaquera que impera em nossas escolas. Eu
> particularmente ficaria muito contente se os
> nossos alunos sa�ssem do ensino m�dio ignorantes de filosofia e sociologia,
> mas conseguindo ler um texto e entendendo-o,
> para que tomassem suas pr�prias conclus�es
> filos�ficas ao lerem seus pr�prios livros. E se
> fosse para incluir uma nova disciplina em nosso
> curr�culo, adoraria que fosse estat�stica. A
> maioria dos alunos a detestaria e aprenderia
> muito pouco, mas talvez uma minoria conseguisse
> extrair da� o ferramental que lhe permitiria
> julgar, com a sua pr�pria racionalidade, a
> veracidade das teorias com que s�o bombardeados
> na escola, nas ruas, na m�dia. O que de melhor
> pode haver no processo educacional do que a
> capacidade de n�o apenas instigar a capacidade
> de questionamento dos alunos, mas tamb�m dar-lhes
> o instrumental que lhes permitir� solucionar
> esses pr�prios questionamentos sozinhos?
> ------------------------------------------------------------------- Ainda
> n�meros
>
>
> Para quem gosta de n�meros e, mais ainda, para
> quem n�o gosta, vale a pena ver o filme Quebrando
> a Banca (assista a cr�tica do filme no
> v�deo abaixo), que conta a hist�ria ver�dica de
> alunos do MIT que se aproveitam da estat�stica
> (mais especificamente o ramo da probabilidade)
> para encontrar uma maneira honesta de derrotar o
> cassino no jogo de blackjack e ganhar milh�es de
> d�lares no processo. O filme saiu de cartaz h�
> pouco em S�o Paulo, ent�o deve chegar �s
> locadoras em breve. Recomendado para todos os
> professores de matem�tica que n�o conseguem
> fazer seus alunos se interessarem pela mat�ria.
> Quem gostou do filme gostar� ainda mais do livro
> que lhe deu origem, Bringing Down the House, de
> Ben Mezrich (Quebrando a Banca, na tradu��o
> brasileira, da Companhia das Letras). Outro bom
> (e pequeno) livro para aqueles que querem gostar
> de n�meros � Fermat's Last Theorem, de Amir
> Aczel (que eu saiba, in�dito em portugu�s. N�o
> confundir com O �ltimo Teorema de Fermat, de
> Simon Singh).
> ---------------------------------------------------------------------------
>------------------------
>
>
> Abs
>
> Rafael Br�z
> http://www.ime.usp.br/~rfarias
>
>
> ---------------------------------
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--
Jos� F. de Carvalho, PhD
Statistika Consultoria
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