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Re: [ABE-L]: Um excelente momento para a Estat�stica, com algumas restri��es...



Perdoem-me Gauss, Lu�s Paulo e demais colegas: vou colocar um certo sentimento 
que nada condiz com o entusiamo de "um excelente momento para a Estat�stica 
no Brasil".

Preocupa-me a emigra��o. Mais que preocupa��o, entristece-me o �xodo de gente 
jovem e capaz! Quando fiz doutorado, nos idos long�nquos de '70, havia outros 
muitos brasileiros nos EUA e ningu�m ficou, em que pesem alguma oferta de 
emprego l� e a ditadura militar aqui. Hoje, vejo gente formada aqui - e bem 
formada - sem experi�ncia de vida fora, indo embora, emigrando. H� algo que 
expulsa essa gente.

N�o pode ser apenas sal�rio. Some-se a isso a sensa��o generalizada de 
inseguran�a, de estarmos sentados em um barril de p�lvora. Nunca imaginei que 
passar�amos por uma situa��o, como esta, de corrup��o generalizada, de total 
falta de respeito �s institui��es. O governo, em seus tr�s poderes, largado � 
matroca. O executivo, em minha opini�o,  na m�o de golpistas que usam a 
corrup��o, onde outros usaram metralhadoras, para assaltar o poder; o 
legislativo, esse pobre, � sanha de ladr�ezinhos que vendem seus mandatos por 
ninharias; e o judici�rio enrolado em sua togas  e outros privil�gios a 
evitar puni��es aos que nos lesam. A tessitura social rompeu-se e os jovens 
percebem isso. Acho que eles n�o buscam uma vida melhor, mas fogem do pior. E 
v�o-se embora os melhores. Os mais corajosos, os mais preparados, aqueles 
necess�rios para o Brasil de amanh�. 

Perderam, os que emigram, a esperan�a no Brasil. E a perda de esperan�a � 
realmente a pior sensa��o de inferno ("Lasciate ogni speranza, voi 
ch'entrate", p�s Dante na porta do Inferno).

Se 1977, quando terminei meu doutorado, fosse como hoje, eu talvez tivesse 
feito carreira na Mayo Clinic... s� n�o sei como, nesta etapa da vida, sair 
deste Inferno.

N�o culpo os jovens... 

[]'s


On Friday 04 August 2006 10:00 am, Luis Paulo Vieira Braga wrote:
> Prezado Gauss e demais colegas,
>
> Em um pa�s aonde mais de 50% da popula��o ganha menos do que um sal�rio
> m�nimo, um sal�rio de 2.500 d�lares enche os olhos de muita gente, por�m o
> rec�m-doutor de uma universidade na Europa ou nos EUA sabe que este sal�rio
> corresponde � classe C e D daqueles pa�ses. No Brasil permite uma vida
> regular sem muitos mimos, infelizmente a miragem cambial, provocada pelas
> taxas de juros, vem iludindo muita gente. Talvez exatamente por este
> sal�rio alguns de nossos jovens doutores em estat�stica est�o se
> mandando... Na �rea do Rio de Janeiro tenho not�cia de quatro. Uma �rea
> como a estat�stica, que oferece tamb�m muitas oportunidades na ind�stria e
> servi�os, tem dificulades adicionais para fixar professores nas IFES, veja,
> por exemplo, o que ocorre com a Atu�ria. J� �reas mais te�ricas s� t�m como
> alternativa a universidade ou os poucos centros de pesquisa do pa�s...Da�,
> paradoxalmente, devido ao equivocado modelo de financiamento da pesquisa e
> do ensino superior no Brasil, as �reas mais aplicadas n�o conseguem fixar
> professores, a menos que haja um esquema de capta��o de recursos via
> Funda��es (vers�o COPPETEC) , o que acaba gerando enormes distor��es nas
> IFES.
>
> Mais empregos n�o significam, necessariamente, melhores empregos. O aumento
> das matr�culas de alunos, as m�s condi��es de trabalho - bibliotecas
> prec�rias, laborat�rios insuficientes, etc - vem proletarizando cada vez
> mais os docentes das IFES. O quadro s� n�o � pior devido ao aumento da
> produtividade do trabalho gra�as � introdu��o massiva da inform�tica em
> todos os aspectos de nossas atividades docentes. Esta � que � a respons�vel
> pelos bons momentos que estamos passando.
>
> []�s
> On Fri,  4 Aug 2006 08:38:44 -0300, gausscordeiro wrote
>
> > Caros Redistas,
> >
> > Na segunda metade dos anos 70, os sal�rios dos professores adjuntos
> > (com doutorado) das federais n�o ultrapassavam os US$ 750. Naquela
> > �poca n�o havia o regime de DE (dedica��o exclusiva) e muitos
> > professores com 40 horas tinham que dar aulas em universidades
> > privadas. Ademais, os concursos p�blicos para estas institui��es
> > eram bem escassos. Nos dias de hoje, os sal�rios dos professores
> > adjuntos nas universidades federais s�o bons - valem cerca de US$
> > 2500-, e a carreira nestas universidades tem sido um EXCELENTE
> > ATRATIVO para �queles jovens talhados para a academia. Mesmo
> > descontando a infla��o do d�lar nestes 30 anos, os sal�rios dos
> > professores das federais hoje t�m poder de compra bem superior
> > �queles dos anos 70. Com a expans�o do sistema das universidades
> > p�blicas e seus campi avan�ados, principalmente no Governo do
> > Presidente Lula, existe uma grande demanda de pessoas interessadas
> > em fazer doutorado nas mais diferentes �reas para ingressarem nas
> > universidades federais. No contexto da Estat�stica, a oferta de
> > vagas de doutorado tem (em m�dia) sido maior que a demanda de
> > interessados, e muitos doutores em �reas correlatas � Estat�stica
> > (com, por exemplo, em F�sica, Matem�tica e Engenharias) t�m ocupado
> > cargos nos Departamentos de Estat�stica do Pa�s. Entendo que este �
> > um excelente momento para a Estat�stica do Brasil! Sauda��es, Gauss
>
> Cordeiro
>
>
> Prof. Luis Paulo
> DME
> C.P. 68530
> 21945-970 Rio de Janeiro, RJ
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> outros e-mails
> braga@dme.ufrj.br
> lpbraga@gbl.com.br

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Jose F. de Carvalho, PhD
Statistika Consultoria
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