JOGOS ELETRÔNICOS: ORIGEM, CARACTERÍSTICAS E IMPACTOS
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES. O QUE FAZER?

Valdemar W. Setzer
www.ime.usp.br/~vwsetzer – esta versão: 2/11/18

AVALIAÇÕES DE PARTICIPANTES

Nesta página encontram-se, em ordem cronológica reversa, transcrições de todas as avaliações de participantes dessas palestras, conforme escreveram no One-minute paper no fim da mesma, respondendo: [1] Coisa mais importante aprendida; [2] Maior dúvida que ficou; [3] Comentários. Ver o resumo da palestra. Ver a apresentação da palestra em ppt. Ver o artigo"Os efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças, adolescentes e adultos" e lista de palestras dadas e programadas. Respostas (infelizmente breves) a algumas das dúvidas estão assinaladas com RESP.

1. 24/10/18, para professores do ensino fundamental, na EMEF Pequenina Calixto, Parque Ypê, Paraty, RJ, info: Cecilia Rinaldi ceciliacabirinaldi.atarrob gmail.com. (Esta foi a primeira palestra especificamente sobre os jogos eletrônicos.)

  • 1. A relação entre os video games violentos e a dessensibilização social, coisa que sentimos e vivenciamos entre os jovens da nossa escola. E como seria importante a escola trabalhar na contra-mão disso, oferecendo sempre o que é bom, belo e verdadeiro. 2. A maior dúvida é como a escola, no seu dia a dia pode desenvolver ações significativas para auxiliar os alunos para amarem o que é bom, belo, verdadeiro, no caminho da sensibilização social. 3. Foi muito gratificante a palestra, sempre indicando a possibilidade de uma humanidade "mais humana". E que todos nós temos a ver com isso enquanto educadores, mais cooperação e menos competição.
  • 1. Concordo que a dessensibilização é uma das grandes causas para a violência na sociedade. Acredito que o video game também incentiva uma sociedade sem empatia e individualista. Infelizmente acho muito difícil eliminar o video game da vida de nossos alunos. A maioria passa o dia sozinho em suas casas, com familiares trabalhando e sem orientação nenhuma. RESP.: Parece-me que só há uma solução para o problema da falta dos familiares – a escola deveria ser de tempo integral. Só assim é possível salvar os jovens, mas desde que quando na presença dos pais estes não permitam o uso dos aparelhos, e eles próprios não os usem, para dar o exemplo.
  • 1. Aprendi que estamos num momento muito difícil de dessensibilização e que isto está além dos jogos, está nas relações, cotidiano e sociedade construída. Penso que temos que buscar a "humanização" para dentro de nossos lares, escolas e coração, cotidiano e nas pequenas ações e olhares para nós mesmos e para os outros. 3. O que me aflige é que este movimento toma conta com muita força de nossa sociedade e que é insuflado por vários veículos de comunicação e mesmo no dia a dia em família, escola... Penso que se faz necessário e urgente buscarmos a "humanização" dos "seres humanos", onde ética, empatia, solidariedade, honestidade... sejam mais importantes que "valores financeiros, sociais". RESP.: Sim, está havendo uma verdadeira desumanização dos seres humanos. Se não revertermos esse processo, caminharemos para a apocalíptica "guerra de todos contra todos". A escola tem um papel fundamental na conscientização dos alunos e dos pais.
  • 1. A importância para que abramos os olhos para a dessensibilização social, cada vez mais comum na sociedade atua. 2. Como evitar que nossos jovens tenham contato com os jogos eletrônicos em uma sociedade capitalista neo-liberal? 3. Não vejo que a humanidade esteja em estágio avançado no sentido de igualdade e liberdade. Contrariamente, vejo que estamos cada vez mais caminhando para a desigualdade e para o individualismo. RESP.: Como já disse acima, é essencial que as escolas sejam de tempo integral. Eu não disse que estamos em estágio avançado do desenvolvimento da liberdade e da igualdade. Eu disse que ambos já fazem parte de nossa maneira de ser, encaramos ambos como "naturais", se bem que a igualdade, os direitos humanos, estão sendo desenvolvidos justamente em nossa época, que eu chamei, por causa disso, de "gloriosa". Falta desenvolver o sentido de fraternidade, de solidariedade.
  • 1. Que o amor continua sendo a maior arma na "Vida", no combate para todas as formas de violência.
  • 1. Que nada pode ser definitivo e que podemos mudar nossos conceitos dependendo do meio em que interagimos. 2. Como posso aceitar todas essa definições, se o meio, às vezes interfere nas respostas? 3. Que a palestra é muito boa, mas que precisamos de estudo de casos para melhor entender esses conceitos definidos nas pesquisas. RESP.: Cuidado, nos âmbitos individual humano e social não se deve definir, e sim caracterizar. A definição mata o que está sendo definido; a caracterização deixa lugar para aprimoramento dinâmico da mesma.
  • 1. Aprendi que devo ser radical, com o uso de video game em casa, especialmente com meu novo de 12 anos.
  • 2. Como educadora, sinto dificuldade de sensibilizar os pais de que a TV e o video game é mais perigoso que o "mundo lá fora". Eles falam que é mais seguro eles ficarem em casa na TV ou no VG do que na rua, como era antigamente. A mídia vende que hoje vivemos num mundo extremamente violento, é difícil provar o contrário. RESP.: Eles têm razão em termos de a criança sofrer violência e ter más influências. Por isso a escola deveria ser de tempo integral.
  • 3. Valdemar, agradeço imensamente tua pesquisa. Os elementos para esclarecer a dessensibilização que os meios eletrônicos em especial os video games trazem às crianças e jovens, se tornarão base para fortalecer minha posição de combate a essas exposições. Como professora, lido diariamente com crianças de 9 anos, expostas a jogos e muita televisão. São essas as crianças mais violentas, mais desatentas, e com menos criatividade. Dizem gostar de filmes de terror, e acompanham os "canais" do youtube. Essas crianças são negligenciadas em seus cuidados, e por isso o diálogo com os responsáveis é muito difícil e pouco transformador. 2. Terias alguma sugestão de como ajudá-las? Algumas frases, atividades? Agradeço tua atenção. RESP.: É preciso conscientizar os pais dos problemas causados pelos meios eletrônicos. Em cada classe, o professor deveria, em reunião de pais, formar grupos deles que se comprometem a não deixar as crianças usarem os meios eletrônicos, de modo que as crianças possam visitar amiguinhos com segurança.
  • 1. Aprendi recursos para argumentar contra os meios eletrônicos. 3. Reafirmei a minha decisão de evitar o máximo possível o contato de minhas filhas. Não tenho televisão, e não deixo usar computador ou meu celular. Elas têm 5 e 9 anos. Vão à escola pública. Muito grata! RESP.: Ótimo! Você não vai conseguir evitar que as suas filhas usem os aparelhos com outras crianças. Mas esse uso será muito menor do que se elas os possuíssem e pudessem usar em casa. Espero que, sendo educadas para o bom e o belo, elas rejeitem mais tarde jogos e filmes violentos.
  • 1. A respeito de escolhas que devemos ter sobre o que devemos oferecer às nossas crianças para assistir, ler, jogar, e/ou estudar. 2. Com relação à magia dos contos de fadas. RESP.: Em geral os contos de fadas são imagens para processos interiores do ser humano. Por exemplo, o príncipe pode representar a individualidade superior de cada pessoa, e a madrasta ou bruxa os instintos baixos que devem ser dominados por ele. A princesa, a individualidade purificada. As crianças absorvem as imagens intuitivamente, sem um enfoque racional.
  • 1. Precisamos lutar por ressensibilizar os seres humanos. 2. Como desconstruir a dessensibilização nos jovens que desde seus primeiros momentos vivencia a "anestesia" dos bons sentimentos? RESP.: Em primeiro lugar, deve-se evitar o contato de crianças e jovens com violência, em notícias, jogos e filmes. Em segundo, deve-se desenvolver neles a admiração e respeito pela natureza e pelos seres humanos, mostrando como eles são maravilhosos. Biografias de pessoas são um grande meio para transmitir a imagem do que se deve ser, como o sacrifício compensa etc.
  • 1. Aprendi que devemos ensinar nossos filhos da maneira mais natural possível, não precisamos de tecnologia para termos uma educação de qualidade... 3. Mais carinho e amor para todos!
  • 1. Aprendi que nunca devemos permitir que as tendências à dessensibilização, principalmente através dos meios de comunicação, destrua a educação que nossos jovens precisam ter para serem adultos, bondosos, verdadeiros e responsáveis. 2. Não ficou nenhuma dúvida. 3.Este tema é muito importante e deve ser levado adiante ininterruptamente. Obrigado!!!
  • 1. Da questão da dessensibilização dos indivíduos. 2. Quais os caminhos para buscar a recuperação de usuários de video games? 3. A palestra foi ganhando maior dinamismo à medida que criou-se um ambiente/vínculo com a plateia. RESP.: Em primeiro lugar, não deixar a criança e o jovem jogar video games. Como eu disse, mesmo os sem violência representam um perigo para a passagem para os violentos. Também devem ser evitados filmes com violência. A escola deveria promover a cooperação entre os alunos.
  • 1. Dados sobre a questão da dessensibilização e como foram feitas as pesquisas. Como professora, me interesso pelas técnicas que posso utilizar em sala de aula. Achei muito interessante os truques que os jogos usam para estimular o jogador, como a fase fácil de passar, que posso usar com meus alunos. 2. Mais truques usados pelos jogos que nós poderíamos usar em sala de aula. 3. Poderia ser mais aberto a opiniões divergentes. RESP.: Os jogos têm uma característica que atrai muito: para jogar, deve-se fazer algo. Numa aula, pode-se implantar um ritmo de os alunos receberem alguma matéria, e em seguida fazerem algo com ela, por exemplo uma discussão em grupos, seguida de relatos, ou escrever e desenhar algo etc. Veja as técnicas usadas pela pedagogia Waldorf (em Paraty, a escola Quintal Mágico).
  • 1. É importante salientar que a dessensibilização é um mal que nos acompanhará por longas datas, cabe a nós implantarmos em nossos corações e principalmente nos corações das crianças proporcionando momentos de intensa valorização dos ser humano na mais pura e plena essência humana. 3. Parabéns e obrigada!!!