CONCEITO, CÉREBRO E LIVRE ARBÍTRIO
AVALIAÇÕES DE PARTICIPANTES
Valdemar W. Setzer
Departamento de Ciência da Computação, IME-USP
Membro da Sociedade Antroposófica no Brasil e da Academia de Ciências
do E. São Paulo
www.ime.usp.br/~vwsetzer
– esta versão: 20/8/22
Nesta página encontram-se todas transcrições de avaliações de participantes
desta palestra, conforme escreveram no One-minute paper: [1] Coisa
mais importante aprendida; [2] Maior dúvida que ficou; [3] Comentários.
Os originais estão à disposição para exame. Note-se que nem todos os participantes
entregam/preenchem as avaliações. Ver resumo,
artigo,
apresentação,
vídeo
da palestra de 14/11/14). Avaliações apenas a partir
da palestra de 22/4/20.
1. 19/8/22, palestra remota nos Seminários de Estudos em Epistemologia
e Didática (SEED)/Seminários de Ensino de Matemática
(SEMA) da Faculdade de Educação da USP (FEUSP). Info: prof.
Nilson J. Machado njtudojuntomachad arrob usp pt br e Marisa Ortegoza
da Cunha marisa pt ortegoza no gmail pt com609. Graus de satisfação
(1 muito insatisfeito a 5 muito satisfeito) com a palestra:
75% de 5, 25% de 3. Aprendeu coisas novas
75% de Sim, 25% de Talvez.
- [1] Que para todo efeito físico existe uma causa maior que
não é física. [2] Sobre as leis de causa e efeito.
Tenho a impressão de que acontece muita confusão sobre
os que é causa e efeito. [3] Me faz refletir bastante! RESP.:
Eu iria mais longe. Eu diria que toda a existência física
tem uma compontente não física. Isso é fácil
de admitir nos seres vivos, especialmente nos humanos. No entanto, se
objetos físicos têm um conceito não físico
subjacente, pode-se admitir que isso se aplica também a eles.
Sim, há confusão entre causas e efeitos. Por exemplo,
se uma pessoa tem um ideal, por exemplo estudar alguma coisa, o estudo
posterior a esse impulso é um efeito que tem uma causa anterior.
Que bom que a palestra fez refletir! Escreva-me sobre suas reflexões.
- [1] A questão do livre arbítrio. [2] A definição
clara dos assuntos. [3] Apresentar de forma mais pausada os assuntos.
RESP.: Tentei expor claramente minhas ideias, dirigindo-me à
conpreensão e não aos sentimentos. Agora, não tentei
definir, e sim caracterizar os vários conceitos expostos. Quando
se define algo, mata-se esse algo. Meu exemplo padrão disso é
o que todos nós sofremos quando crianças: "Ilha é
um pedaço de terra cercado de água por todos os lados."
Essa é uma abstração, é uma ilha totalmente
morta: não tem praias ou pedras avançando no mar, não
batem ondas nela, não tem cheiro de mar e de plantas, não
tem plantas e bichos, não tem vento etc. O correto no ensino
básico é se caracterizar tudo. Na matemática, antes
de se definir algo (por exemplo, a defnição de circunferência)
é muito importante dar muitos exemplos, fazer os alunos desenharem
o que vai ser definido, para criar vivências e não ficar
somente nas abstrações.Quanto ao "mais pausado",
bem que eu gostaria, mas não havia tempo.
- [1] confirmei que as ideias não são "físicas",
e que não estão localizadas no cérebro. [2] Mas
então onde as ideias estão/se localizam? Continuo pensando
que não temos livre arbítrio... [3] Como acontece sempre,
suas palestras me fazem pensar muito. Antes gostava de seus textos e
pensava.... agora vou pensar todo o fim de semana! Vou lhe mandar um
email para saber se aceita um convite, ok? RESP.: Sobre a localização
das ideias, se você admite que as ideias não são
físicas, talvez possa admitir que elas estão em um "mundo"
que não é físico, que eu denominei de "Mundo
platônico das ideias". Com nossos sentidos, temos acesso
ao mundo físico, que está fora de nós. Com o pensar,
temos acesso a esse mundo que não é físico. Fazemos
isso continuamente. Por exemplo, ao ver uma árvore você
pensar "Que lindo Ipê!" você atingiu o mundo dos
conceitos, pensando que era uma árvore, e que ela era um Ipê.
Você atingiu a essência do objeto! Como eu disse, você
completou a percepção, que é sempre parcial, com
algo que é subjacente ao objeto, os seus conceitos. É
devido à presente constituição humana que fazemos
uma distinção entre o objeto e o seu conceito. Mas os
dois são inseparáveis. Portanto, como eu disse, nosso
pensar completou a percepção. O pensar percebeu o conceito.
Já aceitei o convite, obrigado por tê-lo feito!
- [1] Pensar sobre o que já foi ou será pensado. É
estranho e novo para mim isso. Me coloca numa dimensão diferente.
Estou praticando isso é sinto um certo tipo de prazer. Estranho
mesmo. [2] O que é a consciência? [3] Muitas ideias para
novas ideias. Visão de mundo diferente do atual. RESP.:
Temos que reconhecer que nosso pensar é algo muuuuito especial.
Como Rudolf Steiner chamou a atenção em seu livro A
filosofia da liberdade, é a unica atividade em que a ação
é idêntica ao objeto da ação (pensar sobre
o pensar). Há um enorme grupo de estudos on-line (já chegou
a 200 participantes) estudando esse livro, com uma excelente palestra
a cada duas semanas, e 6 grupos de estudo, tudo remoto; capítulos
da nova tradução, antes da revisão final, estão
sendo colocados na internet à medida que são estudados:
https://www.fidali.net.br/
Um outro aspectro fundamental é que ao perceber um objeto, logo
pensamos no seu conceito, que é a sua essência invisível,
e com isso completamos a percepção: um objeto completo
é a sua aparência física mais sua essência
que tem a natureza dos conceitos. Essa essência pertence ao objeto,
formando uma unidade. Outro aspecto fundamental é que o pensar
é a única atividade interior (as outras são o sentir,
o querer) da qual temos clareza absoluta, isto é, podemos ter
certeza absoluta do que estamos pensando. É a única atividade
sobre a qual podemos ter absoluto controle, pelo menos por alguns instantes
(um treino da capacidade de concentração pode aumentar
esse tempo), isto é, podemos decidir o que pensar, e não
há limites no que podemos pensar. O pensar é a capacidade
que a humanidade mais desenvolveu; na antiguidade remota as pessoas
não tinham a capacidade de pensar como temos hoje, do mesmo modo
que a criança pequena também não pensa abstratamente
como adulto. Foi na antiga Grécia que se desenvolveu a capacidade
de raciocinar como hoje, daí a filosofia e a matemática
(um Euclides nunca tinha existido antes). Finalmente, como eu disse,
é com o pensar que podemos achar ideias em comum com outras pessoas,
e ter um relacionalmento que não seja baseado em meros sentimentos,
curiosidade etc. Acho fundamental que se reconheça que, pelas
suas características, o pensar não pode ser produzido
pelo cérebro. Sobre a consciência, vou tratar dela na minha
próxima palestra, no dia 23/9/22. Fantástico que você
reconheceu que minha visão de mundo é muuuito diferente
da usual. Veja no meu site como essa visão se traduziu
em muitas ideias diferentes. O único pré-requisito para
se aproveitar as minhas obras é ter uma menea aberta, e não
ter ideias pré-concebidas.
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