DISCUSSÃO ENTRE CAIO TEIXEIRA E VALDEMAR SETZER SOBRE JOGOS ELETRÔNICOS

Valdemar W. Setzer
http://www.ime.usp.br/~vwsetzer

Coloco aqui uma contribuição de Caio Teixeira em seu blog (indicada por CT-1), criticando minha entrevista a Heródoto Barbeiro, da rádio CBN de São Paulo, transmitida ao vivo em 12/3/09. Em seguida vem minha resposta, que o Caio inseriu em seu blog em duas partes (VWS-1A e VWS-1B), pois era extensa demais. Note-se que transcrevi nessa minha resposta e nas seguintes vários trechos da contribuição do Caio, anotadas com o sinal >. Seguem-se comentários do Caio sobre essa minha resposta (CT-2). Eu respondi aos seus comentários (VWS-2; na transcrição abaixo tomei a liberdade de melhorar um pouco a minha redação), mas ele recusou-se a postar essa minha segunda resposta em seu blog. Como foi ele que começou a discussão, achei que seria justo que ela terminasse com uma resposta minha, pois assim haveria equilíbrio no número de contribuições. Eu estava disposto a continuar a discussão em tantas contribuições quanto fosse necessário. Como o Caio não quis publicar a minha segunda resposta, e encerrou a discussão pelo blog, resolvi colocar tudo aqui em meu site. Transcrevo também o que o Caio escreveu em seu blog depois de ter lido minha resposta (CT-3) e meus comentários a esse seu texto (VWS-3). Apesar de não ter publicado minha segunda resposta, Caio continuou a me escrever e-mails. Não os transcreverei aqui, pois não foram públicos. De qualquer modo, neles ele essencialmente não colocou nenhum argumento objetivo contra minhas idéias, praticamente limitando-se a me atacar pessoalmente. Minhas respostas aos seus e-mails apenas justificaram minhas atitudes e idéias, tendo-me dado uma grande chance de exercitar serenidade.

Obviamente, este espaço está aberto a ele para continuar a discussão ou fazer qualquer comentário que peça para ser aqui inserido, o que será feito sempre na íntegra.

Mannheim, 21/4/09.

++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

CT-1

http://colunistas.ig.com.br/gameover/2009/03/12/tava-demorando-imprensa-afirma-que-assassino-alemao-era-jogador-de-counter-strike/

12/03/2009 - 16:59

Tava demorando: Imprensa afirma que assassino alemão era jogador de "Counter-Strike"

Sério, qual é o problema da imprensa que não é especializada com os games? Ou melhor: qual é o problema da sociedade com os games? Essa semana não está fácil para nós, gamers. Primeiro o Ministério da Saúde da Grã-Bretanha lança uma campanha colocando os videogames como vilões do bem-estar público (de novo), depois uma organização dos Estados Unidos repudia games violentos para Wii e agora essa do atirador alemão, Tim Kretschmer, ser jogador de "Counter-Strike".

"Um rapaz de 17 anos que forneceu somente seu primeiro nome, Aki, disse que estava estudando com o atirador neste ano em uma escola privada, e o descreveu como uma pessoa quieta e reservada. Aki disse que os dois jogavam poker juntos, pessoalmente e online, assim como um jogo para multiplayer chamado ‘Counter-Strike’ que envolve matar pessoas para completar objetivos", declarou a AP. Via Baixaki Jogos.

A primeira coisa que penso é: "e daí que ele jogava ‘CS’?". É claro, é mais fácil a imprensa esquecer que o pai de Krestchmer tinha 16 armas licenciadas em casa. Mais fácil ainda é esquecer o quão idiota o mesmo pai foi de deixar o arsenal de fácil acesso para Kretschmer. Tampouco a imprensa cogitou a ideia de que, talvez, o governo tenha errado ao legalizar o uso de armas por civis (não que eu seja contra, mas a pauta deve ser levantada. Todos ângulos tem que ser abordados!).

Para piorar, o professor de Ciências da Computação da USP, Valdemar Setzer, afirmou algumas coisas "interessantes" na CBN hoje (ouça o áudio completo da entrevista na CBN, se tiver estômago):

"O problema é que os videogames violentos acabam condicionando imagem e ação, muito pior que a televisão. Com isso o jogador não pode parar para pensar, e isso tudo que ele experimenta acaba gravado em seu subconsciente, e em uma situação extrema, esse treinamento realizado pelos games acaba sendo colocado em prática."

"Há algumas evidências sobre a relação entre games e violência, mas nenhuma científica. Por exemplo, no massacre da escola Columbine, os jovens usaram jogos de tiro para executar sua matança, simulando até o ambiente escolar nos jogos."

"Houve um outro caso muito importante, na cidade de Paducah, no Kentucky, em que um garoto entrou numa sala de aula durante um curso dominical em uma igreja e começou a disparar. Deu oito tiros mirando cabeça ou tórax e acertou 100% dos tiros. O mais impressionante é que ele nunca tinha pego uma arma antes, foi tudo treinado com videogames. Em uma solução tipicamente americana, os pais dos garotos que foram atingidos nesse ataque processaram a companhia que transmitiu o filme que, se não me engano, era com o Leonardo DiCaprio, que era justamente sobre um garoto que entrava na sala de aula e matava seus colegas.

O argumento de Setzer continua por mais alguns minutos e nunca, em momento algum, dando uma prova cientifica e irrefutável da ligação entre games e violência. Além disso, o locutor Heródoto Barbeiro, que conduz a entrevista, também não questiona o professor sobre tais provas. A CBN errou FEIO ao tratar as palavras de Setzer, que não é psicólogo, como lei. Errou ainda mais em não trazer nenhum profissional especializado para mostrar o outro lado da história, e piorou a situação, pois o caso de Kretschmer é uma das notícias mais importantes dos últimos dias. Ou seja, tripudiou sobre uma questão secundária para "requentar" a pauta, fazer mais uma chamada e aumentar sua audiência.

Resumindo: se seus pais escutaram tal entrevista obscena na CBN, eles foram instruídos a não deixar mais você jogar videogame e nem ter um computador próprio em seu quarto.

Enquanto não mudarmos essa mentalidade a sociedade perde, pois não são somente os games que são acusados de barbaridades que, na realidade, vem do berço. Isso acontece com todas as mídias, com todos os meios de informação e diversão. Enquanto os "defensores da moral e bons costumes" do Brasil não se informarem para opinar e ainda receberem atenção da mídia, nosso País, e o mundo, continuará sendo empurrado para a imbecilidade. E a família continuará respirando tranquila, podendo tirar a responsabilidade de suas crianças das costas e culpando terceiros.

Update: Como o amigo Tião afirmou, "fazer essa relação entre ‘Counter-Strike’ e soldados melhores é a mesma coisa que afirmar: garotos viciados em ‘SimCity‘ serão ótimos prefeitos". Resumo perfeito, Tião!

Enviado por: Caio Teixeira - Categoria(s): Notícia, Opinião

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

VWS-1A

http://colunistas.ig.com.br/gameover/2009/04/07/setzer-eu-a-resposta/

07/04/2009 - 14:31

Setzer & Eu: A Resposta

Queridos leitores, gamers e curiosos,

Há um mês, mais ou menos, entrei em uma discussão com o professor Valdemar Setzer. O começo de tudo pode ser conferido em posts anteriores (aqui e aqui).

Garanti ao professor que sua resposta teria espaço e destaque no GameOver, também garanti que ela seria transcrita em sua totalidade, NADA seria editado. Como o texto de Setzer ficou longo, hoje publico a primeira parte e amanhã a segunda.

Após a devida publicação, na quinta-feira, darei meu parecer final sobre a questão. Eu dei o direito de resposta a Setzer e ele aproveitou como achou correto, então, após esse espaço a discussão entre eu e meu mais novo leitor acaba.

Senhoras e senhores, com vocês, Valdemar Setzer:

Olá a todos,

Lembranças de Mannheim, na Alemanha, não muito longe de Winnenden, onde se passou a tragédia objeto de comentários neste blog. O tempo está realmente maluco: está quente como se o verão tivesse dado uma rasteira na primavera, mas as árvores estão achando que estamos nesta, pois estão explodindo em brotos novos e algumas estão lotadas de flores, depois de um atraso devido a um longo e rigoroso inverno

O Caio escreveu-me em e-mail contando que havia feito aqui neste blog um comentário sobre a entrevista do dia 12/3/09 feita comigo pelo Heródoto Barbeiro na Rádio CBN de São Paulo. A partir de 15/3 eu estava viajando, e com acesso precário à Internet. Escrevi a ele comentando brevemente suas afirmações naquele e-mail e em subsequente, e desculpando-me por não poder contribuir para o blog. Agora posso fazê-lo. Não vou usar o que ele escreveu nos e-mails, pois ele não os transcreveu aqui. Vou comentar apenas o que ele mais outras duas pessoas escreveram no blog.

> [Caio] Para piorar, o professor de Ciências da Computação da USP, Valdemar Setzer, afirmou algumas coisas "interessantes" na CBN hoje (ouça o áudio completo da entrevista na CBN, se tiver estômago):<

Estômago? O que é isso, preconceito contra ouvir idéias diferentes?

> "O problema é que os videogames violentos acabam condicionando imagem e ação, muito pior que a televisão. Com isso o jogador não pode parar para pensar, e isso tudo que ele experimenta acaba gravado em seu subconsciente, e em uma situação extrema, esse treinamento realizado pelos games acaba sendo colocado em prática."<

Essa é uma síntese. Várias frases minhas foram puladas nessa transcrição, e minhas palavras até mudadas (recomendo que se ouça o original). Note-se que o "com isso" não combina com a frase precedente. O ponto anterior, a que ele se refere, e que foi pulado, é o fato de nos jogos violentos as imagens se sucederem com muita rapidez.

> "Há algumas evidências sobre a relação entre games e violência, mas nenhuma científica. Por exemplo, no massacre da escola Columbine, os jovens usaram jogos de tiro para executar sua matança, simulando até o ambiente escolar nos jogos."<

O que eu disse é que não há estudos científicos sobre os casos de matança como a de Winnenden, pois são muito poucos. Há inúmeros artigos científicos comprovando que video games violentos (e violência na TV) induzem agressividade, como eu mencionei no momento 6:47 da gravação. Essa agressividade vai desde a verbal até a física; felizmente, são raros os casos de homicídios, como os de Winnenden, Erfurt, Littleton, Paducah, etc. Vou comentar minha opinião sobre essa raridade mais adiante.

> "Houve um outro caso muito importante, na cidade de Paducah, no Kentucky, em que um garoto entrou numa sala de aula durante um curso dominical em uma igreja e começou a disparar. Deu oito tiros mirando cabeça ou tórax e acertou 100% dos tiros. O mais impressionante é que ele nunca tinha pego uma arma antes, foi tudo treinado com videogames. Em uma solução tipicamente americana, os pais dos garotos que foram atingidos nesse ataque processaram a companhia que transmitiu o filme que, se não me engano, era com o Leonardo DiCaprio, que era justamente sobre um garoto que entrava na sala de aula e matava seus colegas." <

Aqui também foram puladas palavras minhas, mas a síntese não está má. Cometi um engano: deveria ter dito "a companhia cinematográfica que produziu o filme."

> O argumento de Setzer continua por mais alguns minutos e nunca, em momento algum, dando uma prova cientifica e irrefutável da ligação entre games e violência. Além disso, o locutor Heródoto Barbeiro, que conduz a entrevista, também não questiona o professor sobre tais provas. A CBN errou FEIO ao tratar as palavras de Setzer, que não é psicólogo, como lei. Errou ainda mais em não trazer nenhum profissional especializado para mostrar o outro lado da história, e piorou a situação, pois o caso de Kretschmer é uma das notícias mais importantes dos últimos dias. Ou seja, tripudiou sobre uma questão secundária para "requentar" a pauta, fazer mais uma chamada e aumentar sua audiência.<

Em primeiro lugar, eu fui informado que teria 5 min para falar, e por isso falei depressa – por muito favor, deram-me cerca de 6 min. Nesse tempo, como eu escrevi ao Caio, é impossível ficar citando trabalhos científicos – só dá para falar dos resultados. Esses trabalhos existem, em número cada vez maior, para TV e para video games violentos. Veja-se em meu artigo "Efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças e adolescentes", em

http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/efeitos-negativos-meios.html

a citação e resumo de vários deles, por exemplo o altamente significativo de Anderson e Dill (2000). Quem acha que TV e video games violentos não induz violência não conhece a literatura científica a respeito, absolutamente conclusiva. Aliás, não é preciso estudá-la, como eu fiz. Alguém que acha que ficar jogando games violentos não tem nenhuma influência na pessoa, principalmente em crianças e adolescentes, não deve ter um pingo de bom senso. Todas as vivências que o ser humano experimenta acabam por influenciá-lo, pelo menos um pouquinho, pois ele incorpora todas elas. Por exemplo, quem ler esta contribuição até o fim não será mais exatamente aquele que era antes de tê-la lido. A propósito, não vou ficar repetindo aqui as citações bibliográficas que já tive o trabalho de fazer no citado artigo. E vejam outros em meu site, como por exemplo "A TV antieducativa", em

http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/tv-antieducativa.html

Não percam, amanhã, a segunda parte da resposta de Setzer.

Enviado por: Caio Teixeira - Categoria(s): Notícia, Opinião`

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

VWS-1B

http://colunistas.ig.com.br/gameover/2009/04/08/setzer-eu-a-resposta-2-parte/

08/04/2009 - 12:31

Setzer & Eu: A Resposta (2ª parte)

Caros,

Como prometido, hoje publico a segunda parte da resposta do professor Valdemar Setzer sobre a influência de games violentos na sociedade.

Mas antes de seguir com a resposta eu preciso admitir que estou, realmente, embasbacado com o número de comentários! Eu realmente subestimei os leitores, pensei que ninguém leria um texto mais extenso e, tampouco, se dariam ao trabalho de comentar, debater, discutir. Por este motivo, desculpo-me com vocês, leitores.

Para quem não acompanhou o debate desde o começo, ontem eu publiquei a primeira parte da resposta de Setzer junto de alguns links do começo da discussão.

Bom, sem mais delongas, senhoras e senhores, com vocês a segunda e última parte da resposta do professor Setzer:

Em segundo lugar, em minha opinião a CBN não fez nenhum erro. Ela teve a coragem de transmitir minhas idéias, sabendo que eu vou contra a onda. Minhas idéias são baseadas em muita reflexão, estudo e observação, e o Heródoto sabia disso, pois já me entrevistou várias vezes; ele até coordenou um debate em que participei como debatedor, no Centro Cultural Itaú. No entanto, estou plenamente de acordo com o fato de que teria sido ideal ouvir a opinião contrária, isto é, de alguém que seja fanático por video games – mas isso é realmente essencial? A maioria das pessoas acha-os ótimos! Eu sou uma verdadeira "voz que clama no deserto" (mas sinto-me uma pulga frente à infinita grandeza do autor dessas palavras). Finalmente, não acho que o Heródoto tenha me entrevistado só para aumentar audiência – conheço-o suficientemente para reconhecer sua honestidade; ele certamente queria informar.

> 13/03/2009 - 23:37 Enviado por: Gustavo

> Esse Valdemar Setzer é um hipócrita. Eu só queria fazer uma pergunta para ele na rádio que seria a seguinte: ‘Senhor Valdemar, eu como bacharel em Direito e com um certo conhecimento das leis e fã assíduo dos videogames pois jogo desde os 8 anos de idade (hoje com 25) lhe pergunto: como que eu jogando todos esses anos nunca matei ninguém e sequer tenho uma ‘ficha suja’ perante as autoridades? Do jeito que o senhor afirma quem joga videogame é um assassino’.<

Hipócrita? Qual é a impostura que eu faço? Eu vivo minhas idéias!

Quanto à sua pergunta, Gustavo, em primeiro lugar eu jamais afirmei que todos os jogadores de video games violentos tornam-se criminosos ou assassinos. Tenho uma teoria para o fato de, como falei na entrevista, os casos de homicídios serem apenas a pontinha do iceberg da agressividade induzida pela TV e pelos jogos violentos. Parece-me que o ser humano tem naturalmente uma ojeriza, uma repulsa de matar outra pessoa. Os video games violentos foram desenvolvidos como simuladores de tiro e de batalhas para desensibilizar os soldados americanos. Como eu citei na entrevista, um soldado normal acerta 20% dos tiros, um desensibilizado acerta 90%, segundo uma das pessoas que desenvolveu esses simuladores, o coronel do exército americano Dave Grossman (vejam no google, e várias citações dele no artigo "Efeitos negativos…"). A repulsa que mencionei provavelmente não é totalmente eliminada com os video games violentos. Na entrevista, eu citei que, no entanto, em casos de inconsciência ou semiconsciência (devidos a stress, raiva, medo, emergência, impaciência extrema, sonolência, etc.) o condicionamento produzido pela TV e pelos jogos pode levar uma pessoa, principalmente um jovem, que obviamente não é um adulto com plena capacidade de autocontrole, a fazer uma agressão mais violenta. No caso do Gutenberg-Gymnasium de Erfurt, em 26/4/02, o primeiro massacre escolar na Alemanha, o rapaz de 19 anos (Steinhäuser) foi andando pela escola e atirando principalmente nos professores, até que um professor olhou-o nos olhos e lhe disse "Agora você pode me matar". Nesse momento, o garoto caiu em si (isso é o que mais importa aqui: ele estava claramente fora de si), disse "Sr. Heise, por hoje é suficiente" e abaixou a arma. O professor convidou-o para uma conversa, numa sala vizinha, na porta empurrou-o para dentro e trancou-a. Lá o garoto suicidou-se. Ele jogava Wolfenstein, Hitman e Half-life. Leis alemãs de porte de armas e leis escolares (Steinhäuser tinha sido expulso da escola por falsificação de atestado médico e por isso não tinha nenhuma possibilidade de formação profissional), foram mudadas por causa desse caso. Não houve mudança nas leis sobre video games.

Insisto: ainda bem que pouquíssimos jogadores viram assassinos. Mas todos, absolutamente todos, têm sua agressividade aumentada.

> Somente gostaria de fazer essa pergunta para esse professor. Esse tipo de comentário já não tem mais espeço no mundo moderno. É notório que o rapaz possuía problemas psicológicos e necessitava de um acompanhamento por psicólogos e/ou psiquiatras. Agora, culpar os videogames e não dizer um ‘a’ sobre o arsenal que o pai do rapaz possuía em casa é de doer hein!?<

Claro que se culpou o arsenal. Mas o importante é terem citado o fato de ele jogar video games violentos. Isso em geral não é divulgado. Acontece que, aqui na Europa, as pessoas estão caindo na realidade para a qual chamei a atenção há dezenas de anos, e estão começando a tomar atitudes mais drásticas para proibir jogos violentos. A consciência sobre os males dos meios eletrônicos está aumentando: na França, a Baby TV, para crianças até 2 anos, foi proibida (não o é no Brasil). Por que vocês acham que em todo lugar a propaganda de cigarros na TV foi proibida? Por que ela funciona, condicionando os vidiotas a fumarem (é muito cinismo não se ter proibido ainda propaganda de bebidas alcoólicas). Está havendo um movimento em toda a Europa para se impedir acesso a sites impróprios para crianças.

> 17/03/2009 - 10:12 Enviado por: Diogo Figueira

> Sabe qual o grande problema…… é mais fácil a mídia apontar ‘erros’ como a violencia dos games do que os problemas familiares, crianças com disturbio, criança que sofrem agressões dos pais (ou abuso), que é óbvio que uma criança que tem sérios problemas familiares quando exposta a uma quantidade excessiva de violência, não importa se for através da TV, games, na rua brigando, ou vendo o pai espancar a mãe será uma pessoa violenta ou completamente maluca.<

Tudo isso é muito ruim. Mas não se pode ignorar a influência da violência condicionada pela TV e pelos video games. Acontece que é muito fácil evitar isso, em grande parte: é só não tê-los em casa – como eu fiz com meus filhos (em relação à TV), e minhas filhas fazem com meus 6 netinhos (TV e video games – a netinha mais velha tem 12 anos, e nenhum deles jamais jogou um video game). Há um cálculo, se não me falha a memória, citada pelo neurólogo alemão Manfred Spitzer, em seu livro Vorsicht, Bildschirm! (Cuidado, tela!) de que, se a violência fosse banida da TV e dos video games, haveria uma diminuição de 15% na criminalidade.

> Perdeu-se o valor da sociedade, hoje as autoridades, gorverno, mídia e o que for , prefere apontar indústrias por seus problemas , do que ver a real sociedade em que vivemos.<

A real sociedade em que vivemos está destruindo a natureza, o indivíduo e a própria sociedade. É preciso mudar a visão de mundo para reverter essa tendência. Uma mudança essencial é a maneira de encarar os meios eletrônicos.

> Um filho que tem uma boa educação, um ambiente familiar bom, ele pode jogar o jogo que for que isso não servirá de influência, isso se chama CARATER e quem ensina isso é PAI e MÃE.<

Uma boa educação certamente ajuda, mas infelizmente você está ignorando o tremendo poder condicionador da TV e dos games. Acorde, Diogo! Mas não fique em minhas palavras, observe e estude.

Em relação aos meus livros e artigos, aguardo críticas objetivas sobre os dados que cito e sobre minhas próprias idéias, que são conceituais. Entrevistas em rádio ou TV não servem para se transmitir idéias, servem para chamar a atenção para certos problemas ou fatos, e incentivar o estudo do que se escreveu sobre o assunto. A palavra impressa é a que melhor reflete as idéias do transmissor, e a que mais preserva a liberdade do receptor.

6/4/09

Valdemar W Setzer – http://www.ime.usp.br/~vwsetzer

E, para acabar com este debate, amanhã eu publicarei minha resposta à justificativa do professor Setzer sobre sua teoria de que games violentos influenciam a sociedade. Ah, sim! Se você quiser acompanhar melhor esse debate e outras notícias do GameOver, assine o meu RSS.

Até amanhã, e aguardem…

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

CT-2

http://colunistas.ig.com.br/gameover/2009/04/09/

(Os vídeos que faziam parte do texto foram eliminados no que segue.)

Arquivos de 09/04/2009:
09/04/2009 - 22:56
Setzer & Eu: O Final (1ª parte)

Como prometido, nesse dois últimos dias dei completo direito de resposta ao professor Valdemar Setzer, que o utilizou como achou melhor. Hoje eu publico o meu último parecer e a discussão com o professor acaba. Entendam, apenas o debate com Setzer se encerra hoje, pois a questão de games e games violentos irá se estender por muito tempo ainda, no GameOver e na mídia em geral.

Desculpem-me pela demora da resposta, hoje estou de folga da redação e não consegui outra maneira de postar antes. Então vamos lá, minhas considerações finais sobre o debate:

Primeiramente, devo dizer que minha opinião, após analisar mais profundamente, não é tão diferente do professor Setzer. Em nenhum momento eu acho interessante uma criança com menos de 6 anos ser exposta a qualquer tipo de violência, seja ela televisiva, física ou verbal. Algo em mim diz que isso, simplesmente, não é legal.

O meu problema com Setzer é o extremismo. Em seus estudos, artigos e palestras, o professor prega a “proibição” tanto dos videogames quanto da televisão. Para ele, se existe algum demônio, ele foi devidamente partilhado e industrializado por empresas como Toshiba, Sony, Microsoft, Nintendo, LG e por aí vai. Para o professor, a televisão deveria ser banida da sociedade e, no mínimo, trancada nos armários das casas, sendo retirada apenas para programas especiais e pontuais. Ele afirma isso em seu artigo “Os Efeitos Negativos dos Meios Eletrônicos em Crianças e Adolescentes”.

No mesmo artigo, Setzer afirma ter educado suas filhas para não assistirem TV, e que seus próprios rebentos, agora, dão continuidade aos ensinamentos para seus filhos, todos na Alemanha. Como Peter Griffin diria, “duas palavras fortes para vocês, pessoal: Qual é?”. Sinceramente, Setzer, você, um professor, que é uma das profissões que mais exige estar atualizado com o mundo, afirma não ter televisão em casa? E o senhor ainda acredita que suas filhas, assim que o senhor não está por perto, não deixam seus netos assistirem desenhos animados? Sinceramente, de todo o coração o senhor acha isso? Então, sinto muito, o superestimei quando propus nosso debate…

Voltando aos dados, pois todo o espaço que dei a Setzer, ele se limitou a CONTINUAR proferindo achismos e, como um adolescente, se defendendo de comentários dos leitores do GameOver. Que feio, Setzer, realmente me preparei melhor para um debate mais sério, com números, pesquisas e, enfim, exposições de ideias. Eu sinceramente achei que poderíamos fazer melhor do que o senhor fez na CBN, afinal, eu lhe dei TODO o espaço que o senhor precisasse.

Tenho de concordar com a leitora Cindy Dalfavo, que, em seu comentário no post de ontem praticamente inutilizou a minha resposta, os números são obtusos e fáceis de se manipular. Setzer fez isso em todo o seu artigo com mais de 70 páginas. Porém, ainda acho que eles merecem uma certa credibilidade, precisamos de uma base para encontrar respostas, e até mesmo, mais perguntas. Os números nos ajudam com isso, e por esse motivo, colocarei alguns aqui:

Estudos realizados pela Associação de Desenvolvedoras de Softwares para Entretenimento e Diversão (ELSPA), com as plataformas Nintendo Wii Sports e Sony EyeToy, indicam que se uma criança brincar com estas plataformas, 60 minutos por dia, emagrecerá mais de 3,4 kg em um ano. Organizações já pensam em utilizar este estudo para intervir em crianças obesas com estas plataformas. (estudo completo)

Os pesquisadores Douglas Gentile e Craig Anderson, da Universidade Estadual de Iowa, não gostam de games violentos. Então, eles decidiram fazer um estudo com games não-violentos e, pasmem, descobriram que estes jogos até ajudaram na vida social das “cobaias”. (estudo completo)

Os professores John Kilburn e Christopher Ferguson, da Texas A&M International University, fizeram um estudo sobre as pesquisas realizadas sobre videogames e declararam no Journal of Pediatrics o seguinte: “resultados sobre nossa última pesquisa não corroboram a conclusão de que mídia violenta leva a um comportamento agressivo. Ainda não se pode concluir afirmativamente que a mídia violenta é um risco real para a saúde pública”.

E eles continuam com números:
- Nos últimos 10 anos, estudos sobre videogames foram mais populares que os de qualquer outra mídia;
- Menos da metade dos estudos (41%) usaram dados sobre agressão bem avaliados;
- Meios mal formalizados e normalizados de como medir a agressão tendem a produzir os maiores efeitos, possivelmente porque o seu formato mal regulamentado permite que pesquisadores escolham e manipulem os resultados como quiserem;
- Estudos experimentais produzem efeitos muito mais altos do que estudos correlacionais e longitudinais. Como os estudos experimentais são mais propícios a usar a agressão como prova de medida, isso dificulta a avaliação real;
- Não há evidências reais que videogames produzem maiores efeitos do que outro tipo de mídia, mesmo com sua natureza interativa;
- No total, os efeitos (dos videogames) são mínimos, e nós concluímos que a mídia violenta, geralmente, influencia de maneira mínima no comportamento agressivo. (estudo completo)

Posso escutar um ALELUIA, senhores?

Eu ainda até coloquei uma pesquisa (Gentile) que vai contra o meu pensamento de que games não transformam pessoas em assassinos, só para mostrar que não, eu não enxergo só o meu lado, e sim, eu considero outros estudos. Ao contrários de outros… (mais estudos e notícias mais “sérias” sobre games no GamePolitics). Eu até poderia continuar com os dados, mas isso não nos daria muito mais conhecimento, pois, como Kilburn e Ferguson já disseram, “as pesquisas são feitas de maneira errada e não podemos concluir algo real delas”.

Continuo minha resposta final na segunda-feira, já que a maioria das pessoas, inclusive eu e Setzer, estarão viajando. Até!

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

VWS-2

(Respota não publicada pelo Caio.)

Olá, Caio,

> Como prometido, nesse dois últimos dias dei completo direito de resposta ao professor Valdemar Setzer, que o utilizou como achou melhor. Hoje eu publico o meu último parecer e a discussão com o professor acaba.

Como, acaba, se você coloca coisas com as quais não posso concordar de modo algum, coloca coisas na minha boca que eu não disse, etc.?

> Entendam, apenas o debate com Setzer se encerra hoje, pois a questão de games e games violentos irá se estender por muito tempo ainda, no GameOver e na mídia em geral.

Dessa maneira você está cerceando meu direito de resposta. Vou escrevê-la aqui, e solicito que você a publique no mesmo fórum em que divulgou a sua.

> O meu problema com Setzer é o extremismo. Em seus estudos, artigos e palestras, o professor prega a "proibição" tanto dos videogames quanto da televisão.

Sou totalmente a favor de proibições para crianças e adolescentes, pois eles não são adultos, com a maturidade e o discernimento que estes deveriam ter. Todos os pais fazem proibições em várias áreas. Acho que citei anteriormente o fato de nenhum pai em São Paulo deixar seus filhos brincarem na rua, a não ser na periferia da cidade. Isso é proibição.

A educação sempre foi extremada. Quando se conclui que algo é educacionalmente prejudicial, tem que ser evitado e não há meio termo. Se eu reconheço os males educacionais da TV e dos video games, obviamente devo recomendar que eles não sejam usados. No entanto, vejam meu tipo de extremismo, segundo o Caio: reconheço que a TV pode servir educacionalmente para fazer ilustrações curtas na escola, a partir da antiga 7a. série, como escrevi no artigo "A TV antieducativa".

Sou em princípio contra proibições para adultos. No entanto, reconheço que a falta de proibições exigiria muito conhecimento, para as pessoas discernirem o que é correto do que é falso, o que é belo do feio, o bom do mau. Infelizmente, a maior parte da população no Brasil é inculta, e necessita de proibições.

> Para ele, se existe algum demônio, ele foi devidamente partilhado e industrializado por empresas como Toshiba, Sony, Microsoft, Nintendo, LG e por aí vai.

Eu jamais os chamei de demônios. Mas poderiam ser caracterizados assim, juntamente com todo o sistema capitalista que visa egoísticamente lucros excessivos sem se importar com as consequências do que produzem e criando necessidades para o que é desnecessário.

> Para o professor, a televisão deveria ser banida da sociedade e, no mínimo, trancada nos armários das casas, sendo retirada apenas para programas especiais e pontuais. Ele afirma isso em seu artigo "Os Efeitos Negativos dos Meios Eletrônicos em Crianças e Adolescentes".

Veja, você tipicamente misturou dois pontos diferentes numa mesma conclusão, que se aplica somente a um deles. O segundo é verdadeiro, o primeiro é falso. Eu jamais disse que seja lá o que for deve ser banido da sociedade; sou a favor de conscientizar as pessoas e estas tomarem a decisão que acharem melhor. É isso que tenho feito em meus artigos, livros e palestras. Jamais participei de uma campanha de proibição.

> No mesmo artigo, Setzer afirma ter educado suas filhas para não assistirem TV, e que seus próprios rebentos, agora, dão continuidade aos ensinamentos para seus filhos, todos na Alemanha.

Não é verdade. Apenas 2 de minhas filhas, com 4 de meus netos, moram na Alemanha; tenho um filho e uma filha no Brasil, e ela me deu mais dois netos. Não eduquei meus filhos para não verem TV. Eu simplesmente não a tinha em casa, até minha filha mais nova tornar-se adulta. Com isso, cortei o mal pela raiz, aliás, sem proibição nenhuma! Foi o melhor presente que dei para meus filhos. Curiosamente, as crianças da vizinhança adoravam vir brincar com meus filhos, pois estes eram extremamente imaginativos, inventando sempre novas brincadeiras. A TV não tinha prejudicado a sua imaginação e a fantasia, como acontece com as crianças que a veem, ou jogam video games, especialmente os de ação: a imagem da tela, sucedendo-se com rapidez, impede que se criem imagens mentais.

> Como Peter Griffin diria, "duas palavras fortes para vocês, pessoal: Qual é?". Sinceramente, Setzer, você, um professor, que é uma das profissões que mais exige estar atualizado com o mundo, afirma não ter televisão em casa? E o senhor ainda acredita que suas filhas, assim que o senhor não está por perto, não deixam seus netos assistirem desenhos animados? Sinceramente, de todo o coração o senhor acha isso? Então, sinto muito, o superestimei quando propus nosso debate…

Veja, aqui você me faz perguntas, e cerceia meu direito de respondê-las no mesmo fórum em que as fez???

As respostas são as seguintes. Eu nunca afirmei que não tenho atualmente TV em casa, pois a tenho. Afirmei exatamente isso no Roda Viva, em que fui entrevistado no 1/12/09. O que eu afirmo é que praticamente nunca a vejo – não me lembro quando foi a última vez que a liguei; perdão, lembro, foi para ver o DVD do Roda Viva que a TV Cultura me enviou. Um detalhe: a nossa TV está num canto da estante do escritório, coberta com um paneau e ainda um quadro na frente. Eu acho a tela feia e fria demais para qualquer ambiente. Minhas filhas jamais ligam a TV na frente dos seus filhos, pois reconhecem que ela não é saudável para crianças e adolescentes. Se quiser, posso dar o endereço de e-mail delas para você, com a condição de não divulgá-las publicamente. (Mmmmm, será que posso confiar em você, depois da maneira desrespeitosa como tem me tratado no seu blog???)

> Voltando aos dados, pois todo o espaço que dei a Setzer, ele se limitou a CONTINUAR proferindo achismos e, como um adolescente, se defendendo de comentários dos leitores do GameOver. Que feio, Setzer, realmente me preparei melhor para um debate mais sério, com números, pesquisas e, enfim, exposições de ideias. Eu sinceramente achei que poderíamos fazer melhor do que o senhor fez na CBN, afinal, eu lhe dei TODO o espaço que o senhor precisasse.

Eu disse explicitamente que não iria citar pesquisas, pois elas foram citadas nos artigos que mencionei. Para que repetir, se eles são públicos? Além disso, minhas opiniões não são "achismos", baseiam-se num profundo conhecimento do desenvolvimento do ser humano, fundamentado nas bases da Pedagogia Waldorf, e num conhecimento técnico dos aparelhos envolvidos e de seus efeitos nos usuários. Você não apontou objetivamente nenhum erro meu.

> Tenho de concordar com a leitora Cindy Dalfavo, que, em seu comentário no post de ontem praticamente inutilizou a minha resposta, os números são obtusos e fáceis de se manipular. Setzer fez isso em todo o seu artigo com mais de 70 páginas.

Cite um caso em que manipulei números. Sempre fui fiel aos artigos que citei (compare, por exemplo, minhas traduções quase literais com os originais); por isso, no artigo "Efeitos negativos..." eu citei as páginas de onde tirei os textos.

> Porém, ainda acho que eles merecem uma certa credibilidade, precisamos de uma base para encontrar respostas, e até mesmo, mais perguntas. Os números nos ajudam com isso, e por esse motivo, colocarei alguns aqui:

> Estudos realizados pela Associação de Desenvolvedoras de Softwares para Entretenimento e Diversão (ELSPA), com as plataformas Nintendo Wii Sports e Sony EyeToy, indicam que se uma criança brincar com estas plataformas, 60 minutos por dia, emagrecerá mais de 3,4 kg em um ano. Organizações já pensam em utilizar este estudo para intervir em crianças obesas com estas plataformas. (estudo completo)

Você está citando um trabalho de um fabricante de video games! Isso me faz lembrar as n pesquisas que os fabricantes de cigarros encomendaram, ‘provando’ que eles não faziam mal. Manfred Spitzer, no livro "Vorsicht, Bildschirm!" (Cuidado, tela!), que citei várias vezes no artigo sobre efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças e adolescentes, menciona um trabalho em que se fez um levantamento dos artigos ‘científicos’ provando que a TV ou os video games (não lembro quais qual dos dois) tinham efeitos positivos; eles foram feitos por pesquisadores pagos pelos fabricantes. Infelizmente, o meu exemplar está no Brasil, quando voltar para lá no 26/4 posso achar a referência.

> Os pesquisadores Douglas Gentile e Craig Anderson, da Universidade Estadual de Iowa, não gostam de games violentos. Então, eles decidiram fazer um estudo com games não-violentos e, pasmem, descobriram que estes jogos até ajudaram na vida social das "cobaias". (estudo completo)

Em primeiro lugar, o vínculo não é para o "estudo completo", mas para um comentário sobre o mesmo, publicado no site gamepolitics, que parece ser francamente a favor de jogos. Consegui encontrar um resumo do artigo, e mais comentários. O artigo trata de jogos "prosociais", isto é, os que incentivam a cooperação; não se trata de jogos violentos. Acho que estamos discutindo principalmente sobre os jogos que são de longe os mais jogados, os violentos. De qualquer modo, agradeço a referência, vou ver se encontro o artigo realmente completo.

Eu não nego que podem haver efeitos positivos de qualquer coisa (eles existem até em cigarros: espantam tanto os mosquitos como os "chatos" que não fumam; quanto ao Mal de Alzheimer, citado por um dos contribuintes, é uma pena que ele não citou nenhuma referência, mas ainda vou procurar isso), pois não existe nada 100% bom ou 100% mau no mundo. Mas eu escrevi o seguinte, copiando do artigo "Efeitos negativos ...":

‘Há dezenas de anos venho afirmando que qualquer benefício dos meios eletrônicos para crianças e adolescentes (e também, em geral, para adultos), é ultrapassado infinitamente pelos prejuízos. Pois bem, os autores [Johnson e colaboradores, 2007] escrevem: "É importante notar que, apesar de existir evidência indicando que programas educativos podem ter efeitos positivos para o desenvolvimento cognitivo durante a infância, nossos resultados sugerem que os benefícios desse programas durante a infância podem ter a tendência de serem ultrapassados pela assistência frequente, durante a adolescência, de programas de entretenimento e dos para público em geral. A pesquisa tem mostrado que a maior parte das crianças gastam menos do que 10% de seu tempo de assistir TV vendo a TV educativa, e que assistir programas educativos diminui com a idade." (p. 485.) Quem sabe os que me ouvem ou leem desde há dezenas de anos e não deram importância às minhas advertências passem a encarar o problema com maior seriedade, agora que minhas conclusões conceituais estão sendo comprovadas cientificamente.’

> Os professores John Kilburn e Christopher Ferguson, da Texas A&M International University, fizeram um estudo sobre as pesquisas realizadas sobre videogames e declararam no Journal of Pediatrics o seguinte: "resultados sobre nossa última pesquisa não corroboram a conclusão de que mídia violenta leva a um comportamento agressivo. Ainda não se pode concluir afirmativamente que a mídia violenta é um risco real para a saúde pública".

Encontrei apenas uma prévia do artigo, em

http://www.tamiu.edu/~cferguson/MVJPED.pdf

Trata de uma meta-análise, isto é, análise de trabalhos publicados; não se trata de pesquisa própria. Eles criticam os métodos usados em vários artigos, e não fazem uma crítica específica a nenhum deles, limitando-se a colocar médias de confiabilidade de todos. Eu estudei vários trabalhos que comprovam o efeito de aumento de agressividade dos jogos violentos, e pareceram-me confiáveis. Por outro lado, copio de meu artigo "Efeitos negativos ..." o seguinte:

‘Anderson e Bushman (2001) examinaram 35 estudos que foram publicados somente em 2000 sobre os efeitos desses jogos, chegando a correlações positivas entre o seu uso e pensamentos e sentimentos agressivos, levando a atitudes agressivas; por outro lado, os estudos mostraram uma diminuição da disposição de ajudar outras pessoas. Spitzer (2005, p. 224) traz os coeficientes de correlação, e chama a atenção de que eles podem parecer pequenos, mas são de ordem semelhante aos que as pesquisas levam ao uso de muitos medicamentos, inclusive no tratamento do HIV. Assim, quanto à indução de agressividade, os trabalhos científicos são conclusivos e não há dúvidas científicas a respeito.’

Eu ficaria imensamente surpreso se a conclusão desse novo estudo, citada pelo Caio, fosse correta. Nele, foram analisados trabalhos sobre TV e sobre video games. Curiosamente, eles não citam os trabalhos analisados, dizendo que uma lista deve ser pedida ao primeiro autor, o que já fiz. De qualquer modo, eles misturaram nos cálculos artigos com métodos confiáveis com não-confiáveis, por exemplo, 13 dos 27 artigos analisados eram análises bivariadas, que realmente não são confiáveis. Por exemplo, há uma alta correlação entre número do sapato e salário, pois infelizmente as mulheres ainda ganham menos que os homens; uma análise multivariada permitiria separar os sexos, e essa correlação desapareceria. Na maior parte da análise, eles não conseguiram detectar se os trabalhos eram tendenciosos.

Acho ótimo verificar-se a confiabilidade dos trabalhos. Mas o fato de vários não serem confiáveis não significa que os confiáveis são menos confiáveis. No caso da TV, que é objeto de pesquisa há muito mais tempo que os games, há uma quantidade enorme de trabalhos mostrando correlação positiva entre ver programas violentos e atitudes agressivas, a curto, médio e longo prazo, inclusive em estudos longitudinais, isto é, acompanhando-se os sujeitos durante seu crescimento, como o excelente de Hancox, R.J., B.J. Milne e R. Poulton (2004) (ver no meu artigo "Efeitos negativos ...").

> E eles continuam com números:
> - Nos últimos 10 anos, estudos sobre videogames foram mais populares que os de qualquer outra mídia;

Não. Os artigos analisados sobre video games é que foram em maior número. Além disso, os efeitos da TV foram analisados extensamente antes do período escolhido das publicações (1999-2008); os jogos é que se tornaram novidade.

> ...
> - Não há evidências reais que videogames produzem maiores efeitos do que outro tipo de mídia, mesmo com sua natureza interativa;

Não encontrei isso. Eles sempre falam em media violence, e não especificamente em video games.

> - No total, os efeitos (dos videogames) são mínimos, e nós concluímos que a mídia violenta, geralmente, influencia de maneira mínima no comportamento agressivo. (estudo completo)

Esse vínculo não é do artigo completo, e sim de um comentário sobre ele! De qualquer modo, se para você a influência é mínima (com o que não concordo), não deixa de existir! Para que aumentar a agressividade, mesmo que minimamente?

Será muito interessante acompanhar as críticas que serão feitas a esse artigo, depois de publicado.

> Posso escutar um ALELUIA, senhores?

Só se for dos fundamentalistas fanáticos pelos games, pois o artigo é inconclusivo e não critica nenhuma pesquisa em particular.

Depois de escrita esta minha resposta, entrei em correspondência com o autor principal, C. Ferguson. Uma correspondência extremamente agradável e respeitosa, ao contrário dos e-mails que o Caio me enviou. Ferguson afirmou-me que um de seus interesses como psicólogo é detectar influências ideológicas em pesquisas científicas.

> Eu ainda até coloquei uma pesquisa (Gentile) que vai contra o meu pensamento de que games não transformam pessoas em assassinos, só para mostrar que não, eu não enxergo só o meu lado, e sim, eu considero outros estudos.

Onde você colocou?

> Não são todas as pesquisas que Ferguson que são "erradas"; algumas podem ser falhas, mas o fato de terem sido aceitas por revistas conceituais

> Continuo minha resposta final na segunda-feira, já que a maioria das pessoas, inclusive eu e Setzer, estarão viajando. Até!

Eu não disse em lugar nenhum que estaria viajando até 2a. feira sem acesso à Internet. De fato estou viajando em termos de estar fora do Brasil, mas com acesso diário à Internet na casa de minhas filhas, na Alemanha. A propósito, meus netos não a usam, a menos de minha neta mais velha, de 12 anos, pois alguns professores exigem (indevidamente, em minha opinião) que ela faça buscas na Internet, única ocasião em que ela a usa; ela é empregada quase só pelos meus genros, por motivos profissionais. Meus netos não a usam por que eu estou aqui, como o Caio provavelmente iria apressadamente concluir, a exemplo do que fez lá em cima; não a usam pois seus pais reconhecem que ela não é para crianças, sendo inclusive muito perigosa para elas – leiam meu artigo "Como proteger seus filhos da Internet".

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

CT-3

Em

http://colunistas.ig.com.br/gameover/2009/04/08/setzer-eu-a-resposta-2-parte/

Caio inseriu posteriormente em seu blog o seguinte. Peço perdão aos meus leitores por inserir em meu site palavras de baixo calão.

13/04/2009 - 15:18

Setzer & Eu: O Final (2ª parte - Agora acabou mesmo!)

Vamos esclarecer algumas coisas, por favor. Primeiramente, a todos que atacaram o professor Valdemar Setzer sem ler o seu trabalho, erraram. Eu errei quando o ataquei cegamente após sua entrevista para a CBN, por isso, peço desculpas. Acusar e se atracar com as ideias de alguém sem entende-las corretamente, nunca dá certo. Eu li seu artigo, Setzer. De cabo a rabo e agora me sinto poder de dizer: que vergonha alheia.

Para os que não leram o artigo, o professor MANIPULOU pesquisas e números a seu bel-prazer. O professor não é especializado em nenhuma área da psicologia, tampouco produziu, ele mesmo, experimentos para corroborarem suas teorias. Eu também não sou formado em psicologia e nem tenho estudos de caso, porém, meu trabalho é cuidar do mundo dos games. Eu vivo e amo isso. Ao contrário de Setzer, jogo videogames desde os meus 4 anos (Mega-Drive) e nunca fui preso, nunca precisei de tratamentos psicológicos, nunca repeti de série no colégio e nunca entrei em uma briga. Eu, como experimento da minha própria vida, sou a prova cabal de que Setzer está errado em sua generalização.

Setzer se utilizou, em 80% dos casos apresentados em seu artigo, de experimentos feitos com TV e extrapolou, conjeturou, imaginou, os resultados para os games. As outras pesquisas, que de fato eram voltadas para os games, são no mínimo risíveis.

Na quinta-feira passada, enquanto assistia a Penn & Teller: Bullshit, identifiquei completamente o caso apresentado no programa com esta discussão: no show, é debatida a criação de programas que ensinam os adolescentes a praticarem a abstinência sexual (até aí, por mais estranho que pareça para o nosso tempo, tudo certo), porém, os programas só ensinavam isso. Não educavam sexualmente seus jovens, não ensinavam sobre DSTs e nem sobre preservativos. Os programas de celibato juvenil apenas afirmavam que os jovens não deviam fazer sexo antes do casamento, ponto. Ou seja, foda-se tudo o que aprendemos em milênios de evolução, foda-se tudo o que sabemos sobre prevenção de doenças, foda-se a liberdade de escolha que atingimos após milhares de anos de censura (religiosa e estatal).

É isso o que Setzer prega: um grande foda-se para nosso livre-arbítrio, para as evoluções mentais e tecnológicas, para a educação parental. Para ele, os pais e o governo, tadinhos, não tem culpa. Quem tem culpa são os videogames, que ensinam uma criança de 7 anos a manusear um rifle de precisão PSG1 para atirar em seus amiguinhos, ou os videogames que fazem com que as barreiras da nossa sanidade, ai de mim, sejam destruídas e fiquemos a mercê de nossos instintos básicos (como se isso não acontecesse diariamente). Os videogames nos colocam de volta às cavernas. Os videogames, basicamente, são os culpados pelas mazelas do mundo moderno. Incluindo aí, a fome, o aquecimento global, a ingerência política, a desmoralização social, a putrefação física de cada ser e a ascensão de Oprah.

Setzer, depois que li seu artigo eu broxei. Pois quando o convidei para esse debate, pensei que discutiríamos, bradaríamos, nossas ideias até o momento em que chegaríamos a um ponto em comum. Ledo engano, acompanhando o seu artigo percebi que eu estava chutando o cachorro morto e, após sua resposta oficial, eu simplesmente sorri, dei um tapinha em seus ombros e o deixei flutuando no seu limbo fantasmagórico de ideias pela metade e medo do "bichão-do-futuro", que é tão amedrontador para sua pessoa - ou seria o "bichão-da-responsabilidade-por-nossas-crianças" que assusta e você usa o videogame como válvula de escape? Não sei, isso é assunto para psicólogos e psiquiatras… Mas aí, isso não é de minha alçada e tampouco da sua, caro Setzer. Quando pensar em proferir suas ideias perdidas e medianas lembre-se de Petter Grifin: "Qual é?"

*********

Durante este feriado, o professor Setzer veio pedir mais um direito de resposta, bradando que não concordava com este meu último texto sobre o assunto. Eu recusei e explico: eu tenho mais o que fazer, acho que você, caro leito, tem mais o que ler e também acho que Setzer, por mais que não pareça, tem outros afazeres.

Acho que meu affair com Setzer foi bom, mas agora acabou. Se vocês quiserem continuar a conversar com o professor, que ao meu ver carece muito de companhia, mandem um e-mail para ele! Tenho certeza que ele responderá com sua eterna simpatia e mente aberta que demonstrou em nossa conversa.

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

VWS-3

Eu postei o seguinte em seu blog, em

http://colunistas.ig.com.br/gameover/2009/03/25/steam-e-a-minha-iminente-falencia/#comment-1098

>>>
14/04/2009 - 05:11 Enviado por: Valdemar W. Setzer

Olá a todos/as,

Se o Caio não apagar este comentário, gostaria de registrar pelo menos o seguinte: Ele escreveu:

“Para os que não leram o artigo, o professor MANIPULOU pesquisas e números a seu bel-prazer. ”

Ele está se referindo ao meu artigo “Os efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças e adolescentes”, em

http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/efeitos-negativos-meios.html

DESAFIO o Caio ou qualquer pessoa a apontar uma única manipulação de pesquisas ou de números que eu tenha feito nesse ou em outro artigo ou livro. Fiz questão de citar trechos dos artigos e livros mencionados no texto, traduzi-los o mais literalmente possível e, quando cabia, citar a página de onde tirei a citação.

Como o Caio recusou-se a publicar minha resposta à sua resposta aos meus comentários à sua contribuição inicial, sou obrigado a fazê-lo em outro local: meu próprio site. Quando o tiver feito avisarei os leitores, se ele deixar.
>>>

Passo a comentar mais alguns trechos do texto CT-3 do Caio.

> nunca fui preso, nunca precisei de tratamentos psicológicos, nunca repeti de série no colégio e nunca entrei em uma briga. Eu, como experimento da minha própria vida, sou a prova cabal de que Setzer está errado em sua generalização.

Em nenhum lugar eu escrevi ou disse que todos os jogadores de video games ou foram presos, ou precisaram de tratamentos psicológiocs, etc. Isto é, jamais fiz essa generalização. Repetindo, o que eu disse é que assisitr TV violenta e jogar video games violentos aumentam a agressividade, e que essa pode manifestar-se de vários modos, começando com agressões verbais, como por exemplo as que o Caio dirigiu contra mim, indo até violência física.

> Setzer se utilizou, em 80% dos casos apresentados em seu artigo, de experimentos feitos com TV e extrapolou, conjeturou, imaginou, os resultados para os games. As outras pesquisas, que de fato eram voltadas para os games, são no mínimo risíveis.

O meu artigo "Efeitos negativos dos meios eletrônicos em crianças e adolescentes" trata de todos os meios: TV, video games e computadores/Internet. Há muito mais trabalhos publicados sobre TV do que sobre os outros meios, por isso eles aparecem em maior número em meu artigo. Mas jamais deixei de citar qual o aparelho em que eles se aplicam, portanto jamais extrapolei, conjeturei ou imaginei "os resultados para os games".

> É isso o que Setzer prega: um grande foda-se para nosso livre-arbítrio, para as evoluções mentais e tecnológicas, para a educação parental. Para ele, os pais e o governo, tadinhos, não tem culpa. Quem tem culpa são os videogames, que ensinam uma criança de 7 anos a manusear um rifle de precisão PSG1 para atirar em seus amiguinhos, ou os videogames que fazem com que as barreiras da nossa sanidade, ai de mim, sejam destruídas e fiquemos a mercê de nossos instintos básicos (como se isso não acontecesse diariamente). Os videogames nos colocam de volta às cavernas. Os videogames, basicamente, são os culpados pelas mazelas do mundo moderno. Incluindo aí, a fome, o aquecimento global, a ingerência política, a desmoralização social, a putrefação física de cada ser e a ascensão de Oprah.

Uma de minhas hipóteses de trabalho fundamentais é a existência do livre arbítrio no ser humano, e eu o respeito em qualquer pessoa. Vejam-se, por exemplo, meus artigos

IA - Inteligência Artificial ou Imbecilidade Automática? As máquinas podem pensar e sentir?

e

Ciência, religião e espiritualidade.

Eu prezo também as evoluções mentais e tecnológicas. Não sou contra a tecnologia, sou contra seu mau uso -- ver meu artigo "A missão da tecnologia". Se eu fosse simplesmente contra a tecnologia, não usaria a Internet. Tornei-me rádio amador classe A (PY2EH, inativo, mas ainda mantenho o indicativo) por não ser contra a tecnologia, pelo contrário. Minha formação profissional foi tecnológica. Eu jamais disse que pais e o governo não têm culpa, tendo colocado a culpa só nos video games. Quanto aos instintos básicos, o ser humano é tanto mais humano quanto mais controla suas ações, e não as faz somente por instinto ou condicionamento. É tanto mais animal quando mais age por instinto e condicionamento. O condicionamento produzido pela TV e pelos video games é brutal -- se não fosse assim, não teria havido um casamento perfeito entre TV e propaganda (ver meu artigo "A TV antieducativa"). Em minha opinião, o ser humano deve ser cada vez mais humano e cada vez menos animal, por exemplo desenvolvendo a compaixão e o amor altruísta.

Eu jamais disse que "Os videogames, basicamente, são os culpados pelas mazelas do mundo moderno". O que afirmei e afirmo é que eles contribuem parcialmente para ela.

> Setzer, depois que li seu artigo eu broxei. Pois quando o convidei para esse debate, pensei que discutiríamos, bradaríamos, nossas ideias até o momento em que chegaríamos a um ponto em comum.

Eu solicitei que meus erros fossem apontados objetivamente (o que seria facílimo, bastava usar trechos de meus artigos), para eu poder corrigi-los. Caio jamais fez isso. Limitou-se a atacar-me genericamente, distorcendo minhas opiniões, e tirando delas conclusões erradas, como mostrei em minhas respostas. Quem foi que encerrou nossas discussões públicas?

Por incrível que pareça, temos alguns pontos em comum. Você escreveu (ver CT-2 acima):

"Primeiramente, devo dizer que minha opinião, após analisar mais profundamente, não é tão diferente do professor Setzer. Em nenhum momento eu acho interessante uma criança com menos de 6 anos ser exposta a qualquer tipo de violência, seja ela televisiva, física ou verbal. Algo em mim diz que isso, simplesmente, não é legal."

Só que eu não fico nos 6 anos, vou muito além, pois crianças de mais idade e adolescentes estão formando sua mente, e não tem o discernimento e autocontrole que os adultos deveriam ter.

Tenho medo do futuro? Sim, pois a humanidade está destruindo a natureza, a sociedade e os indivíduos. Mas esse medo não me impede de ter objetividade e esperanças com indivíduos. Acho que a massa está irremediavelmente perdida; não é para ela que me dirijo, pois não tenho nenhuma esperança de que ela tenha clareza de pensamento e sensibilidade para me compreender. A massa da humanidade é ou ignorante ou já foi irremediavelmente deturpada, principalmente pelos meios eletrônicos.