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![]() Segunda, 10 de março de 1997. |
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Márcio GuedesAtaque e Defesa
O futebol derrotou a arrogância
Numa partida marcada para o local errado e realizada depois de novas atitudes de arrogância do cartola Eurico Miranda, o Botafogo acabou saindo como o grande vencedor em função da liderança do seu técnico Joel Santana e da maior consistência do seu conjunto. Foi a vitória do melhor time da competição até aqui - sete vitórias em sete jogos - e que tem provado a cada jogo excepcional capacidade de driblar as dificuldades e obstáculos.
O Vasco foi, na verdade, muito melhor na fase inicial porque veio com tudo, tinha mais velocidade e disposição e ganhava a batalha do meio-campo com o talento de Juninho e Ramon os deslocamentos perigosos de Edmundo. Com um pouco mais de pontaria e objetividade, a fatura poderia ter sido liquidada.
Mas 1 a 0 era pouco e quem conhece Joel, sabe que surgiria um novo Botafogo no segundo tempo. Com vergonha na cara, disposição, Marcelinho mais móvel e veloz, Aílton caindo em várias posições e os laterais agressivos, o Botafogo virou o jogo com grande categoria e personalidade. E melhor ainda: com dois gols belíssimos, um de Sorato em alto estilo e o outro num chutaço do Aílton.
Claro que houve chances para os dois lados e o placar poderia ser outro - até um empate não seria absurdo - mas o Botafogo mereceu a vitória pela força na virada e está merecendo ganhar essa Taça Guanabara. Os dirigentes - especialmente os do Vasco - é que merecem qualquer castigo: forçaram a barra para São Januário, perderam o clássico e quase melaram tudo ao demorar na troca dos calções dos jogadores. Foi um show de grosseria e da mentalidade pequena dos donos do futebol do Rio.
Desrespeito
As autoridades cariocas precisam aprender primeiro a respeitar os cidadãos desta cidade para depois sonhar com a realização de Olimpíadas ou em alavancar suas carreiras, interesses e ambições políticas. Na noite da última sexta feira, em pleno dia útil, sabe-se lá por quais interesses econômicos ou políticos, a pista externa da Praia de Botafogo e a do Aterro foram fechadas originando um brutal engarrafamento em toda a Zona Sul.
Tudo para satisfazer os interesses promocionais de uma companhia multinacional. Não houve aviso prévio e muita gente foi pega na ratoeira deixando de cumprir compromissos sérios. Constrangedor foi sentir como as autoridades de segurança e de trânsito desta cidade não têm um pingo de consideração com quem paga os impostos.
Um Flamengo preguiçoso
O Flamengo jogou fora ontem dois pontos e provavelmente a chance de disputar a Taça Guanabara - por absoluta displicência e pela absurda certeza de que estava com o jogo ganho aos 3 minutos do primeiro tempo com o gol de Sávio. A partir daí, o time ficou de toquinho pra lá e pra cá, não chutou mais a gol e acabou surpreendido com o empate na incrível falha de Moacir.
Quando se esperava muita garra e seriedade absoluta no segundo tempo, o que se viu foi um time desesperado tentanto o chute de qualquer forma e afobado na hora da conclusão. O Bangu fez o seu papel de fazer o tempo passar, de jogar no nervosismo do adversário e acabou saindo com um empate que caiu do céu.
Ficou a sensação de que o Flamengo, por ter feito sete gols contra o Madureira considerava que o Bangu, por ter sofrido cinco do Botafogo, não merecia o menor respeito. Deu no que deu.
Defesa furada
Além de ter empatado o jogo por não ter levado a partida a sério, o Flamengo tem outros problemas que o técnico Júnior certamente deve estar observando e com alguma preocupação: o setor central de sua defesa é confuso e costuma complicar nos lances mais simples. O Bangu só não faturou mais uns dois gols ontem por fragilidade dos seus atacantes.
O meio-campo está longe de se impor e de demonstrar um mínimo de regularidade. Bruno, por exemplo, se vira no bloqueio mas não tem muito auxílio: os outros três apenas aparecem com a bola nos pés. Iranildo some em algumas fases da partida, Lúcio não parece o craque que se imaginava e Moacir tem mais pose que bola.
O ataque é o melhor do país mas Sávio e Romário nem sempre podem, sozinhos, acertar a fatura. Especialmente jogando um dia sim e o outro também.
Ping-pong
A inutilidade de um campeonato tão longo fica bem demonstrada na própria indiferença da torcida do Flamengo que simplesmente não compareceu à Gávea ontem. Ela já estava entediada com goleadas e acabou evitando o vexame.
O fato de Romário não ter sido expulso contra o Madureira e de não ter sido sequer indiciado revela também o nível das arbitragens no Rio.
A eliminação da Rio 2004 deixou uma profunda sensação de angústia e decepção na cidade. Menos por ver escapar a chance de sediar um grande evento. Mais por constatar o quanto o Rio tem infraestrutura precária e o quanto as promessas de políticas não são nada confiáveis.
Quem acreditou no relatório divulgado dez dias antes, tinha certeza da eliminação carioca. Quem achou que era apenas parte de uma peça com muitos lances manteve as esperanças. Só que ele era tudo.
Apesar de toda a diplomacia, a situação do técnico Júlio César Leal nas Laranjeiras não é nada boa. Ele se desgastou muito e não escapará de uma próxima crise.
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