Pedro Ernesto Fernandes Noronha

A Música em Rede

1. Introdução

A Internet vem crescendo exponencialmente de forma muito rápida, através dela cada pessoa pode trocar informações com centenas de milhões de pessoas de forma eficiente e com um custo muito baixo. Esta facilidade no intercâmbio de informações está mudando radicalmente a forma com que a musica é distribuída na sociedade. Através da Internet cada pessoa pode transformar seu computador em uma emissora de rádio e disponibilizar suas músicas para centenas de milhões de pessoas. Da mesma forma que cada internauta também pode escolher qual rádio ouvir entre milhares de rádios disponíveis ne rede. O Internauta pode também utilizar programas de compartilhamento de músicas, como o Napster, e desta forma disponibilizar suas músicas na Internet, sendo que estas estarão imediatamente acessíveis a milhares de pessoas, as quais podem baixá-las e ouvi-las, em qualquer momento, sem nenhum custo. Isto se opõe aos interesses das gravadoras que têm como sua principal fonte de renda a venda de CDs. Estamos convivendo com uma enorme batalha jurídica das gravadoras contra os programas de distribuição musical. É difícil saber no que vai dar, estudaremos esta questão e também outras implicações da Internet na música com um todo.

2. Passado e presente

a. Como as bandas são descobertas ? Como atingem o sucesso ? O que vinga e o que não ?

Em um passado, não muito distante, praticamente a única forma de uma banda fazer sucesso era sendo descoberta por algum caça-talentos, representante de alguma gravadora. Ser ou não descoberto depende muito de sorte e de bons contatos, sendo que estes fatores podem prevalecer sobre a própria competência musical.

Estas, por sua vez, se encarregavam em criar a imagem da banda na sociedade, fazer sua divulgação e, principalmente, fazer com que suas músicas começassem a tocar nas rádios e programas de TV, este sempre foi o principal caminho do sucesso. O problema deste paradigma é que o gosto musical é uma coisa particular de cada ser humano, portanto seria justo que a sociedade como um todo elegesse quem deve fazer sucesso e não que este poder não ficasse concentrado na mão de uns poucos caça-talentos. As gravadoras preferem apostar em fórmulas seguras do que em novidades, preferem investir em estilos de fácil assimilação, como é o caso do Pop; ou então em estilos específicos, como Jazz, Blues, Dance... para atender a demanda da população que tem um gosto específico por estes estilos. Isto faz com que a música evolua em um ritmo mais lento do que poderia, e também com que as bandas com um estilo próprio acabem tendo que se moldar para atender as imposições das gravadoras. Somente depois que as bandas atingirem o sucesso que começam a ter autonomia para impor o seu estilo próprio.

A rede mundial de computadores pode mudar este paradigma no sentido de possibilitar com que bandas pequenas divulguem o seu trabalho de forma independente e com um baixo custo. Existem muitos sites, como por exemplo, o MP3.com que permite com que bandas independentes disponibilizem suas músicas, em formato MP3, para a avaliação popular. As músicas neste site são listadas por quantidade de downloads, quem define se a música atingirá os primeiros lugares desta parada é toda a população visitante do site, e não apenas uma minoria de caça-talentos. Tornando, desta forma, mais democrática a escolha dos verdadeiros talentos.

b. Como a música é distribuída ?

i. Rádio

Mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico, o rádio ainda é um dos principais veículos de comunicação em massa. Isto se deve principalmente ao fato de uma pessoa poder estar ouvindo rádio enquanto está fazendo qualquer outra coisa. Em cidades com o tráfego intenso, como São Paulo, onde se perde muito tempo no trânsito, se ouve muito rádio dentro dos automóveis, principalmente no percurso de casa para o trabalho e vice-versa.

Ainda hoje, as rádios dominam o papel de distribuição musical na sociedade. Para uma música fazer sucesso é quase imprescindível que ela toque nas rádios. O objetivo da maioria das rádios é obter lucros lucros, e para tanto devem conseguir ibope, sendo que a melhor forma de alcança-lo é tocando músicas de grande aceitação popular.

O ideal seria que cada rádio tivesse o seu estilo próprio, e que as músicas fossem escolhidas pelos seus respectivos DJs de acordo com critérios de qualidade. Porém o que acontece na prática é bem diferente. A maioria das rádios têm um forte vínculo com as gravadoras. Ao invéz de escolherem as músicas por critérios de qualidade, recebem pagamentos das gravadoras para tocarem o que elas querem. As consequências deste sistema são que as rádios, principalmente as mais comerciais, acabam tocando sempre as mesmas músicas, somente o que as gravadoras querem vender. Como cada ouvinte tem um gosto específico por determinado tipo de música, é difícil um ouvinte encontrar uma rádio que toque especificamente o estilo que ele quer ouvir, entre uma ou outra música que gostamos, temos que engolir uma porção de que não nôs agrada.

Através da Internet é possível ouvir milhares de rádios de todo o mundo, isto aumentou muito o poder de escolha dos ouvintes. Em vez de ter de escolher entre apenas algumas dezenas de rádios, o ouvinte agora pode escolher entre dezenas de milhares de rádios. Grande parte destas rádios não têm nenhum interesse comercial, as músicas portanto são escolhidas por critérios de qualidade. Isto permite com que cada ouvinte encontre uma rádio que toque exatamente o estilo que ele deseja ouvir e também descubra muitos estilos novos. Estas mudanças estão fazendo com que as rádios com estilo próprio acabam se sobressaindo sobre as rádios comerciais, o valor musical se sobressaia sobre o valor econômico.

ii. TV

Desde o surgimento da televisão ela também sempre teve um papel fundamental na cultura musical da população. Este papel foi bastante impulsionado a partir do surgimento do video-clipe, em meados da década de 60, e posteriormente com o surgimento da MTV e popularização da mesma em grande parte do mundo. A televisão criou um forte vínculo entre as músicas e a imagem de suas respectivas bandas. O visual, os clipes cada vez mais caros e mais produzidos, passaram a ter uma influencia decisiva no gosto musical da população. É bastante comum as pessoas começarem a gostar de uma banda, ou de uma música, depois de assistirem a um video-clipe ou uma apresentação da banda na televisão. Isto não é totalmente ruim, pois gostar de uma música é também comunicar-se com os sentimentos seus compositores e intérpretes, sendo que a imagem dos intérpretes, assim como outras imagens, podem melhorar esta comunicação; desta forma as imagens podem fazer com que os ouvintes apreciem as músicas mais intensamente.

A distribuição musical através da televisão também causa vários problemas semelhantes aos do rádio, porém ainda maiores. O poder de escolha na televisão ainda é bem menor. Em países onde grande parte da população assiste a novelas, estas têm um papel fundamental no gosto musical da população. Os telespectadores das novelas passam diversos meses escutando as mesmas músicas, o que faz com que estas tenham sucesso garantido, enquanto que as outras tenham o dobro do caminho para chegar lá.

O video-clipe também tem um importante valor na formação do gosto musical, porém para se fazer um video-clipe é necessário um grande investimento, o que faz com que apenas as bandas financiadas por grandes gravadoras possam desfrutar deste meio. Outro problema é a MTV praticamente monopoliza a audiência de video-clipes, como a MTV toca principalmente músicas americanas, isto faz com que elas tenham um enorme privilégio neste mercado.

Por fim temos os programas de auditório que também exercem uma expressiva influência no gosto musical. Apesar de haver uma certa tendências deste setor no investimento em novos talentos, quase todos estes programas são frequentadas pelas mesmas bandas, que geralmente já estão bem estabelecidas e que já têm apoio de fortes gravadoras.

iii. Programas de compartilhamento de arquivos:

Desde o surgimento do CD a música vem sendo armazenada de forma digital. Cada CD de música possue 650 Megabytes de memória, sendo que quando foi lançado o CD está quantidade de informação era enorme, e de nenhuma maneira poderia ser manipulada por um computador doméstico. Desta forma não houve nenhuma preocupação da indústria fonográfica possuem proteger este material contra a cópia. Porém a tecnologia avançou e sabemos que os PCs atuais conseguem manipular esta quantidade de informação sem nenhuma dificuldade.

Ao mesmo tempo que os PCs foram evoluindo , a Internet começou a atingir um número cada vez maior de pessoas. Sabemos que na Internet existe uma quantidade limitada de informação que pode ser transferida de um computador para o outro transferida em um determinado periodo de tempo. Este limite geralmente é limitado pelas capacidades dos computadores envolvidos na comunicação e também das capacidades das próprias conexões. Por exemplo: um computador que se conecta a Internet através de um Modem Dial-Up, geralmente este limite é de 56 Kbits.

Devido a este limite de informação transferíveis pela Internet não ser muito grande, ouve uma grande motivação na criação de tecnologias que permitem a compactação de dados. Estas tecnologias fazem com que uma mesma informação seja digitalizada numa quantidade menor de bits sem que haja perda de informação, ou que haja o mínimo de perda possível. Dentro do meio musical a tecnologia de compactação que mais se popularizou foi a do MP3.

Através do MP3 é possivel guardar uma música de 4 minutos no computador que antes ocupava cerca de 36 Megabytes, em cerca de 4 Megabytes apenas, o que representa uma economia de 9 vezes sem perda significante de qualidade. Para quem tem um modem de 56 Kbits é possivel baixar uma música de 4 minutos, em formato MP3, em cerca de 11 minutos, já com um modem ADSL de 256Kbits é possível baixar em apenas 2 minutos.

Para se extraírem as faixas de um CD de música normal para o computador é só usar alguns programas denominados "CD Rippers", este programas extraem as músicas dos CDs e gravam em seu computador em formato WAV, que é um formato não compactado de dados. Existem outros programas que transformam estas mesmas músicas do formato WAV para o formato MP3. Assim como já existem também programas que executam as duas tarefas ao mesmo tempo. Portanto é muito fácil de se extrair músicas de CDs e guardá-las de forma digitalizada em formato MP3 no computador.

Este fato serviu de motivação para o surgimento de programas que permitem a troca de músicas entre usuários da Internet. Tais programas permitem com que você disponibilize as músicas de um diretório de seu computador para todas as pessoas que estão usando este mesmo programa, dá mesma forma que permite com que você tenha acesso a todas as músicas disponibilizadas por cada usuário. No início estes programas demoraram um pouco para se popularizarem, pois como o número de usuários era pequeno, o que tornava difícil de se encontrar a música desejada entre os outros usuários. Porém estes programas foram adquirindo um número cada vez maior de usuários, até que atualmente é possivel encontrar praticamente qualquer música.

Entre os principais programas deste gênero podemos destacar como os principais o Napster, o Audiogalaxy e o Morpheus, todos podem ser baixados gratuitamente da Internet. Através destes programas é possível baixar praticamente qualquer música, de qualquer banda, em qualquer momento, sem precisar de pagar nada. Isto obviamente se opõe aos interesses das gravadoras, que obtêm a maior parte se seus lucros através da venda de CDs. Este conflito de interesses deu origem a um grande batalha, uma luta judicial das gravadoras contra estes programas, que segundo elas infringem direitos autorais. Os criadores dos programas por sua vez se defendem dizendo que estes programas apenas possibilitam a troca de músicas entre amigos, o que estaria de acordo com a concepção de "fair use" (uso justo). Porém, na verdade, ao usar este programa você estará baixando uma música de algum usuário qualquer, que seguramente você nem conhece, será que ele poderia ser considerado um amigo ?

Este tema é muito polêmico e envolve a questão da propriedade intelectual, que será discutida mais neste texto.

Para os seus usuários, estes programas trazem uma quantidade enorme de benefícios. O maior deles é obviamente a possibilidade de se baixar músicas sem praticamente nenhum custo. Esta facilidade está fazendo com o que os usuários destes programas se interessem cada vez por músicas e consequentemente se desenvolvam musicalmente. O que mais contribui para isto é o fato de que para baixar músicas é necessário saber o nome da música ou da banda, o que faz com que os usuários prestem mais atenção nos nomes das músicas e bandas que tocam nas rádios e televisão. Outra coisa interessante é que através destes programas os usuários podem baixar diversas versões de uma mesma música, algumas raridades muito difíceis de se encontrar em CD, ou até mesmo músicas que nunca foram gravadas em CD. Estes programas também permitem com que você expanda seus conhecimentos musicais e conheça muitas bandas diferentes. O Audiogalaxy, por exemplo, a cada busca efetuada em sua caixa de pesquisa, ele sugere três bandas semelhantes à que você procurou.

c. Acesso a música pelos diversos níveis sociais.

A Internet vem se popularizando a cada dia. Já existem muitos provedores que permitem o acesso gratuito a Internet e os valores dos computares está caindo. Seguindo esta linha de evolução, daqui a alguns anos provavelmente grande parte da população mundial já terá acesso a Internet, independentemente de seu nível social. A consequência disto em termos musicais é que mesmo as pessoas mais simples, que não têm dinheiro para comprar CDs, poderão ter acesso as mesmas músicas que as outras pessoa que podem comprar. Isto faz com que haja um nivelamento musical entre as diferentes classes sociais, o que poderá fazer com que pessoas mais simples comecem a gostar de outros estilos que não toca nas rádios, e também que alguns estilos de música como o Jazz acabe sendo apreciado por todos os níveis sociais.

3. A propriedade intelectual na rede

A música, como todo bem informacional, tem um alto custo de criação e um baixo custo de reprodução. Neste sentido é necessário com que os compositores, interpretes e todas as pessoas e empresas envolvidas neste processo sejam remuneradas por este trabalho de criação, caso contrário poderemos caminha para uma escassez de produção musical.

Até o aparecimento do MP3, praticamente a única forma de se ouvir uma música, sem ter que esperar que esta música fosse tocada nos meios de comunicação em massa, era comprando um CD, vinil ou fita cassete. Para se ter acesso aleatório a uma música era necessário se adquirir um bem físico, desta forma a reprodução da propriedade intelectual estava devidamente controlada e garantia a remuneração das pessoas e empresas envolvidas neste processo. Já havia a possibilidade de reprodução musical através da gravação de fitas cassetes, porém devido a dependência do meio físico, não representava uma ameaça aos detentores da propriedade intelectual.

Existem as leis de Copyright, que controlam a reprodução dos bens de informação, porém a Internet está criando uma nova realidade em que essas leis estão cada vez mais difíceis de serem realmente aplicadas, as formas de controle de distribuição da propriedade intelectual, já estão perdendo a sua eficiência. Através dos computadores e da Internet as músicas podem ser reproduzidas de forma totalmente independente do meio material. Uma informação quando colocada na Internet se torna praticamente um bem comum, que todos podem ter acesso instantâneo. Até agora o processo mais utilizado para se adquirir uma música pela Internet é através de programas de compartilhamento de arquivos; o usuário baixa a música para seu computador e depois houve. A cada música que é baixada cria-se uma nova cópia do bem musical, sem nenhum custo, porém sem nenhuma preocupação com as leia de Copyright e consequentemente sem nenhuma remuneração para seus autores. Esta situação ainda tende a se agravar, conforme a conexão dos computadores com a Internet está ficando cada vez mais rápida, está surgindo uma nova realidade: não é mais necessário baixar uma música para poder ouvi-la, pode-se escutar sem a necessidade do armazenamento de uma cópia local, neste sentindo todos os internautas poderão ouvir qualquer música que está na rede, sem sequer ter a necessidade de copiá-la para o seu computador.

Todos estes fatos são relativamente recentes, sendo que a sociedade e consequentemente suas leis, ainda não tiveram tempo de se adaptar a esta nova realidade. É muito cedo para dizer qual o rumo que isto vai tomar. Cada segmento, músicos, gravadoras, internautas, está defendendo o seu lado. Certamente cada segmento deverá se adaptar a esta nova realidade. É imprescindível que haja uma remuneração para o trabalho de criação e certamente as leis de Copyright caminharão neste sentido, de garantir esta remuneração. A questão é a seguinte, até que ponto as leis vão conseguir controlar a reprodução indiscriminada dos bens de informação ? A Internet é uma rede mundial, sem dono, e praticamente livre de censura. A própria forma descentralizada da Internet impossibilita uma prática de um controle central dos dados transmitidos pela rede. Para haver um controle eficaz seria necessário um mudança profunda nos moldes da Internet, envolvendo todos os países. O caráter mundial da rede também dificulta a aplicação de leis de Copyright, pois estas leis são locais, seria necessário que todas as leis locais convergissem no sentido de manter o controle sobre a distribuição da propriedade intelectual na rede.

Dentro deste campo de batalha, já estão sendo estabelecidos alguns pontos de equilíbrio que são bons para os dois lados, tanto para os músicos quanto para seus ouvintes. Grande parte das lojas virtuais de CDs permitem com que o internauta escute parte das músicas que pretende comprar, por exemplo 30 segundos, desta forma o internauta tem a possibilidade de conhecer a música antes de comprá-la e, assim, tem uma motivação a mais para comprar a música.

4. Rumos da tecnologia

a. Aumento nos níveis de compactação e na quantidade de dados transmitidos

A tendência da tecnologia é conseguir compactar as músicas cada vez mais, preservando sua qualidade original. Ao mesmo tempo, a capacidade de transmissão de dados dos computadores e da rede está ficando cada vez maior. Seguindo neste rumo a tendência é que os internautas cada vez menos precisem de baixar as músicas da Internet para depois ouvi-las em seu computador, o internauta poderá apenas escolher a música que deseja ouvir e a música vai tocando conforme os dados vão sendo recebidos. Isto já está acontecendo, que é o caso das rádios on line. A tendência é que a qualidade do áudio melhore cada vez mais, por enquanto a qualidade máxima que se pode obter de uma música baixada pela Internet é a do CD, mas isto certamente irá evoluir.

Atualmente a maioria dos internautas ainda não têm o hábito de baixar vídeo-clipes da Internet, isto porque a quantidade de dados é muito maior do que para baixar somente a música, isto faz com que demore muito para serem baixados. Porém esta realidade também está mudando e os video-clipes estão ficando cada vez mais compactados. Isto provavelmente dará origem a uma nova onda de distribuição musical na Internet, em que as pessoas vão dar preferência aos vídeo-clipes do que simplesmente às músicas.

Além de imagens associadas as músicas, que é o caso do vídeo-clipe, outros tipos de dados também poderão ser transmitidos, como sensações oufativas, cada música poderá ter também o seu cheiro, a gosto do autor, e este cheiro pode ser reproduzido em cada computador. As possibilidades são muitas.

b. Armazenamento e Internet móvel

Como já foi colocado a tendência é que não haja nenhuma necessidade dos internautas em armazenarem cópias locais das músicas, para escutar uma música deve-se apenas estar conectado a rede, e a música é tocada diretamente da Internet. Por outro lado quase todos os aparelhos já terão conexão com a Internet, não apenas o seu computador. Isto já acontece com os celulares que utilizam a tecnologia WAP. Desta forma todos os aparelhos de tocar música, fixos ou portáteis, ao invéz de lerem informações de algum dispositivo físico , como um CD, deverão baixar e tocar as músicas automaticamente da Internet. Por exemplo, não será necessário gravar um CD para ouvir suas músicas, basta que as músicas estejam em algum lugar na Internet. A maioria dos aparelhos sonoros como o som de seu carro, o Walkman, o aparelho de som de sua casa, estarão todos conectados a Internet e terão acesso direto a estas músicas. Tornando dispensável a existência de CDs ou de qualquer meio material para guardar as músicas.

6. Quem lucra, quem perde ?

A tendência atual, das pessoas pegarem as músicas através da Internet ao invéz de comprarem CDs , assusta às gravadoras e aos músicos, pois estes têm como sua principal fonte de renda a venda do material fonográfico. Nesta seção mostrarei que nem tudo está perdido e existem várias maneiras de se chegar a um equilíbrio, garantindo a remuneração da criação musical.

O acesso rápido, fácil e gratuito à musica, está fazendo com que a população de internautas se interesse cada vez mais por música. As pessoas estão conhecendo bandas novas, estão acompanhando mais as novidades, assim como estão resgatando tudo o que já foi produzido de bom no passado. Esta tendência das pessoas gostarem mais de música pode gerar muito lucro para os artistas e para gravadoras, quanto maior o interesse da população por música, maior se torna o potencial de consumo da sociedade neste setor. Portanto a indústria fonográfica pode deixar de ganhar tanto através da venda de CDs porém pode ser bastante amenizada através da venda de outros produtos relacionados as bandas.

A sociedade mais musical certamente irá bem mais a shows, comprará mais camisetas com estampa das bandas, posters, uma diversa linha de produtos diretamente ligados a cada banda e suas músicas.

Algumas normas poderiam ser seguidas para estimular o ouvinte de MP3 a adquirir outros produtos relacionados a música. Por exemplo: quando um ouvinte está escutando uma música em seu computador, o programa utilizado para tocar esta música poderia colocar automaticamente na tela do computador uma série de links para produtos relacionados àquela banda, inclusive para a venda do próprio CD, assim o usuário seria estimulado a comprar produtos daquela banda. Neste mesmo sentido poderia também aparecer a programação de shows daquela banda, assim como os ingressos poderiam já ser vendidos on line.

A Internet além de fazer as pessoas se interessarem mais por música e conhecerem novas bandas. Ela também oferece maior praticidade para a venda de produtos relacionados a música. Através do uso de cookies pode-se conhecer bem cada internauta, e, desta forma, oferecer a ele produtos que ele tenha maior tendência a comprar. Pode-se oferecer produtos relacionados àqueles que ele já adquiriu, por exemplo: um internauta que adquiri um CD de uma banda, tem forte tendência a comprar CDs de bandas semelhantes, e isto pode ser bastante explorado.

As gravadoras também podem obter lucros através da venda de música de forma digitalizada em formato MP3. Elas certamente poderiam ter preços bem melhores do que nas lojas pois o custo é muito menor. Mas daí vem a questão: por que os internautas comprariam se podem conseguir de graça ? Pode ser mais conveniente ao internauta pagar um pequeno valor para ter todas as músicas de um determinado álbum, com um padrão de qualidade garantido pela própria gravadora, e ainda com um material multimídia adicional como video-clipes, fotos, letras das músicas, do que simplesmente pegar as músicas por um programa de compartilhamento de arquivos sem nenhuma garantia de qualidade.

No geral as pessoas poderiam pagar menos por cada álbum, mas terem um grande acervo musical em seus computadores, do que pagarem o preço absurdo que se paga ultimamente por um CD e não poderem adquirir nem uma pequena parte do que gostariam.

7. O futuro da música

É cedo para se ter certeza o que acontecerá com a música no futuro. A tendência natural da rede é no sentido da democratização da informação. Conforme a Internet for crescendo e se expandindo para todos os lugares e níveis sociais, devemos perceber um grande enriquecimento musical de toda população global, independentemente do país de origem e da classe social proveniente. As pessoas terão cada vez mais escolha, o que não acontece agora, pois os meios de comunicação em massa somente tentam empurrar o que é comercial e o preço do CD é muito alto.

A batalha judicial deverá continuar, porém, por mais que as leis tentem controlar a distribuição da informação, será bastante improvável que consigam fazer com que a Internet mude a ponto de impedir a transferência de músicas entre computadores. Mesmo porque, o conteúdo musical pode ser distribuído pela rede de forma disfarçada tornando muito difícil a identificação do que é música e o que não é.

A queda na venda de CDs deverá continuar e certamente as gravadoras terão que se adaptar à nova realidade. O papel das gravadora de promover os artistas certamente continuará, o lucro que era obtido através da venda de CDs pode ser compensado através de outros produtos, assim como através da venda das próprias músicas, distribuídas em formato digital através da Internet, porém elas deverão oferecer algo a mais, como a letra das músicas, etc... Quem deverá sair ganhando com isto é o próprio ouvinte pois pagará menos pelas músicas além de receber outros serviços.

Continuará sendo difícil a vida dos músicos no início de carreira porém sua ascensão dependerá mais de qualidade de suas música do que de bons contatos e sorte.

Enfim as pessoas deveram se descobrir musicalmente, selecionarem melhor as músicas que ouvem, descobrirem o seu estilo próprio, deverão gostar das músicas porque realmente há uma afinidade e não simplesmente porque a música toca nas rádios ou em novelas de televisão.

8. Links:

a. http://www.dotmusic.com

b. http://www.billboard.com

c. http://www.napster.com

d. http://www.morpheus.com

e. http://www.audiogalaxy.com