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Re: Trechos do Livro



Sobre o trecho 2 enviado pelo Nelson, é curioso ver que, guardadas as diferenças óbvias de períodos, circunstâncias, e tudo mais, há um inquietante aspecto de repetição de história quando lembranos da queda do Império Romano. Esse comentário meu não pretende ser original nem nada, mas apenas trazer esse ângulo do problema à tona: Roma, com sua expansão territorial, e sua economia baseada no trabalho escravo, não podia parar com invasões e aprisionamento de povos "bárbaros". Logo, estes se tornam maioria e superam o números de soldados propriamente romanos. Se parasse com as invasões, Roma ficaria sem trabalhadores; se continuasse a se expandir, logo seria tão grande que não podeia dar conta do próprio território. Soldados tirados dos grupos conquistados seriam pouco confiáveis. Se investisse nas campnahas militares, a situação interna ficaria insustentável. Se investisse internamente, o suprimento de mào de obra esgotaria.

Curioso ver que o autor do trecho quer mostrar que um estado que investe demais em vigilância, em militarização acaba perdendo o monopólio do uso da violência porque não consegue se manter no passo do crescimento do poderio militar de adversários internos e externos: se investe em vigilância quanto a ameaças externas, o nível da vida da população cai e a violência cresce internamente. Se poupa gastos militares contra ameaças externas, fica frágil à ameaça desses estrangeiros. Duas épocas completamente distintas, mas tantas semelhanças - que talvez sirvam para mais que essa mera comparação. Mas os fatores de aproximação de ambas as situações parecem tão evidentes: nações que em função do prórpio dinamismo acabam perdendo vez ou outra as rédeas. No caso de Roma, essa perda levou ao seu fim. E ainda mais interessante: os fatores de desestabilização de hoje são ameaças bélicas, do tipo que não podemos negar, são violentas em si mesmas - o terrorismo. Por exemplo. Mas à época de Roma, o fator de desestabilização foi o cristianismo, uma espécie de resistência passiva, à moda do que fez Gandhi contra os britânicos.

Ainda: hoje a Folha publica a "Carta aberta aos antimundialistas" de Guy Verhofstadt, presidente em exrcício da UE. Talvez seja interessante discutirmos algo do conteúdo desse documento, pois há coisas ali que nào podem passar sem crítica. Por exemplo:

"... antimundialistas preconizais ardentementea tolerância em relação a numerosos modos de coabitação e de estilos de vida. Mas não é precisamente graças à mundialização que vivemos hoje numa sociedade multicultural, tolerante (...) Pensava eu que essa nostalgia das comunidades locais acanhadas de outrora só obcecava os conservadores e o seu culto do passado, os adeptos da extrema direita que só têm olhos para a sua própria raça ou os fanáticos religiosos que bradam a Bíblia ou o Alcorão..."

Qualquer um com um mínimo de sangue nas veias não deixará esse texto passar incólume :-)

Os grupos "antimundializaçào" constituem um fenômeno interessante para discutirmos, já que reúne gente do mundo todo através da circulaçào de e-mails e de troca de informaçào via eletrônica. Esse texto acima também é produto de processamento de informação. Acho que é nesse sentido que eu me referi a informaçào como interpretação: os fatos do mundo, tais como ocorrem, são observados e com eles se compõem quadros. O quadro do autor parece bem adequado a um determinado modo de organizar a sociedade. Há uma espessa camada ideológica nesse texto, e é desbastando essa camada que eu acho que decompomos os elementos dessa "informação" dada pelo texto para talvez organizar uma nova leitura. A ideologia é uma crosta que se apega à superfície das interpretações e "distorce" a interpretação alheia.

Talvez esse seja um parâmetro para a objetividade da informação, como eu propus numa mensagem anterior: quanto menos ideologizada a interpretação, melhor a qualidade da informação que obtemos. A isenção total é impossível, visto a subjetividade envolvida, e tudo aquilo de que falei antes. Mas é possível reduzir o teor ideológico a niveis aceitáveis, para evitarmos aberração interpretativas.

Pode-se questionar a noção de "fato" como sendo aquilo que se dá aos sentidos, de modo não interpretado - o ataque ao WTC é um fato, mas não é uma coisa digamos "natural", como uma avalanche; é um fato mas que tem uma estrutura social, tem causas que não são mecânicas... mas isso já é pano para outra manga :-)

Bom, por ora é isso

[ ]'s

Vinicius

 


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