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Objetividade e interpretaçào



Recomendo vivamente uma olhada no www.observatoriodaimprensa.com.br
 
Principalmente no artigo "Sobre Verdades e Bobagens" onde o autor, Nelson Hoineff, diretor e produtor de televisão, se refere à alegação da falsidade das imagens de comemoração dos palestinos pelos ataques da terça passada como "bobagens", para ficar no mais ameno.
 
Ali, ele parece tomar partido de CNN e outras tais que estavam ali no momento do fato.
 
Creio que a nossa discussão sobre qualidade da informação se põe no texto, e fica por minha conta a seguinte colocação: a informação que queremos é a visào dos fatos? O presenciar da notícia em tempo real? Se é assim, então todas as informações desse tipo que recebemos são de qualidades - todas as câmeras estão, enfim, apontadas para o mesmo fato, é inegável.
O problema, eu acho, são as conexões que se faz quando da interpretação dos fatos. E é aí que entramos: procuramos as melhores inserções dos fatos em contextos.
E aí se instala um problema corolário: as interpretações, nesse sentido de interconexões de fatos, são de qualidade ou não? Como diremos que tal ou tal interpretação é de qualidade?
Quando a interpretação aciona as chaves corretas, dizemos que é de qualidade; quando essas chaves são muito particulares, só a parte retratada pode se sentir satisfeita. São os quadros que se compõem com a matéria prima dos fatos que nos informam. As imagens qualquer rede de tv minimamente aparelhada transmite.
Não pretendo nem de longe estar aqui definindo informação; no máximo dar uma das inúmeras acepções da palavra. Mas talvez essa acepção que sai do que digo aqui seja válida: informação é o quadro que compomos com os fatos. E o sujeito bem informado não é o que tem o maior número de quadros em mente, como poderia parecer à primeira vista, mas aquele que consegue compor o maior quadro e dominar a posição de cada elemento componente. Informação de qualidade seria o quadro mais homogêneo, o que consegue encaixar o maior número de fatos sem ter que polir-lhes as arestas - ou fazê-los em grau mínimo.
Mas veja só, surge outro incômodo: interpretar pode ser algo objetivo? O ideal de imparcialidade seria transmitir a interpretação em si. Mas interpretar nunca é originário; entào não pode haver algo como uma interpretação em si. Toda interpretaçào é subjetiva. Assim, o que chamamos de informação seria uma tal ou qual interpretação que é escolhida como a próxima da imparcialidade. No fundo, o conceito de imparcialidade encerra uma contradição: a informação imparcial seria a informação vista sob o ponto de vista (sob a interpretação) DE NINGUÉM! Seria uma expressão subjetiva vinda de outro lugar que não uma subjetividade. Essa é uma dificuldade meramente formal, mas é inquietante.
A idéia que expus aqui de que o "fato" pode ser em-si, imparcial, porque acontece à nossa revelia, também é uma questão problemática, mas que movimentaria conceitos que não estão no escopoda nossa discussão.
Reitero que nada aqui é uma teoria acabada, nào quero definir informaçào. Talvez levantar esse aspecto da subjetividade da interpretação, que seria o que chamaríamos mais propriamente de informação. O fato (sem considerar as dificuldades a ele próprias) não é informação, mas o que se associa ao fato, creio que isso é a informação.
Também pode haver quem diga que informação é um conteúdo novo que seja diferente dos conteúdos mentais que já tinhamos. Nesse sentido, o fato também é informação. Mas sou um tanto pragmático: o que o fato tomado por si só, alheio a qualquer conexão, vale? Mesmo que obtenhamos acesso a uma informação confidencial, ela só será de valor se soubermos o que fazer com ela, onde encaixá-la. Por isso insisto na posição de que a interpretação, a contextualização dos fatos é o que se chamaria mais propriamente de informação.. E com isso se põe todo o problema do intérprete que é absolutamente necessário, e da subjetividade posta entre o fato e um terceiro espectador, o que pode por em xeque a idéia mesma de objetividade.
Qualidade de informação e objetividade se tornariam assim contrários, diria quase irreconciliáveis. Tudo dependeria então de mudar a noção de objetividade.
 
Meu deus, eu falo demais :-) Pra quem aguentou ler tudo, desculpe :-)
 
[ ]'s
 
Vinicius


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