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CorreÃÃo de crÃdito 'MA e nÃs'




Caros redistas:

Tive uma experiÃncia nÃo muito agradÃvel nestes Ãltimos dias, pois fui
alertado que um dos textos que havia colocado na rede dava crÃdito ao autor errado.

à um sentimento terrÃvel quando alguÃm diz que seu texto (ou suas
descobertas) nÃo à seu.  Imaginem que a gente possa ter uma ideia
interessante e obter uma soluÃÃo elegante e apÃs alguns anos alguÃm
lhe diz que jà haviam feito antes.

Muito bem, a minha mensagem âMÃrio de Andrade e nÃsâ eu dou crÃdito
errado ao grande autor.  Vejam vocÃs que encontrei AntÃnio Abujanra
declamando o texto confirmando o crÃdito que eu havia dado

https://www.youtube.com/watch?v=OgpHU_VaHio

Felizmente Ana Carolina Ebenau me chamou a atenÃÃo para o fato de o
verdadeiro autor ser Ricardo Gondim.  Claro que contestei a informaÃÃo
que ela me passou e enviei o vÃdeo do Abujanra.  Ela entÃo me mostrou
outro vÃdeo do prÃprio Abujanra onde, em seu programa, corrige o erro
do crÃdito.

Vejam em
http://www.youtube.com/watch?v=y_EJ0nQL-Yw

à claro que a beleza do texto à o que nos sensibiliza, mas a autoria Ã
o grande patrimÃnio que carregamos em nossas vidas, principalmente
para aqueles que tÃm como profissÃo a criaÃÃo.

Perdoem-me pelo erro cometido!

Porque contestei a Ana de inicio? Tempos atrÃs li um texto na minha
fala de paraninfo, na Ãpoca de autor desconhecido para mim, intitulado
Desejo.   Mais tarde um de nossos alunos me disse ter encontrado o
texto cujo autor seria Victor Hugo.  Depois disso muita discussÃo
apareceu na internet com vÃrios indivÃduos pedindo crÃdito desse lindo
texto.  Atualmente encontro apenas o texto com o crÃdito a Victor Hugo
e as outras pÃginas me parece que desapareceram.  (Considerem minha
ignorÃncia cibernÃtica, por favor.)

Segue uma entrevista e o texto âdo VHâ.

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/11/falsas-citacoes-atribuidas-grandes-autores-circulam-na-internet.html


Desejo

Desejo primeiro que vocà ame,
E que amando, tambÃm seja amado.
E que se nÃo for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, nÃo guarde mÃgoa.

Desejo, pois, que nÃo seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo tambÃm que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqÃentes
Sejam corajosos e fiÃis
E que pelo menos em um deles
Vocà possa confiar sem duvidar

E porque a vida à assim
Desejo ainda que vocà tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes vocà se interpele
A respeito de suas prÃprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo

Desejo depois, que vocà seja Ãtil
Mas nÃo insubstituÃvel
E que nos maus momentos
Quando nÃo restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter vocà de pÃ.

Desejo ainda que vocà seja tolerante
NÃo com os que erram pouco
Porque isso à fÃcil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerÃncia
Vocà sirva de exemplo aos outros

Desejo que vocÃ, sendo jovem,
NÃo amadureÃa depressa demais
E que sendo maduro
NÃo insista em rejuvenescer
E que sendo velho
NÃo se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor

Desejo, por sinal, que vocà seja triste
NÃo o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diÃrio à bom
O riso habitual à insosso
E o riso constante à insano.

Desejo que vocà descubra
Com o mÃximo de urgÃncia
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiÃados e infelizes
E que estÃo bem à sua volta
Desejo ainda
Que vocà afague um gato, alimente um cuco
E ouÃa o joÃo-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, vocà se sentirà bem por nada

Desejo tambÃm
Que vocà plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que vocà saiba
De quantas muitas vidas à feita uma Ãrvore

Desejo, outrossim, que vocà tenha dinheiro
Porque à preciso ser prÃtico
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso à meu"
SÃ para que fique bem claro
Quem à o dono de quem

Desejo tambÃm
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por vocÃ
Mas que se morrer
Vocà possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar

Desejo por fim
Que vocà sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhà e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeÃar

E se tudo isso acontecer
NÃo tenho mais nada a lhe desejar

--
Carlos Alberto de BraganÃa Pereira
http://www.ime.usp.br/~cpereira
http://scholar.google.com.br/citations?user=PXX2AygAAAAJ&hl=pt-BR
Stat Department - Professor & Head
University of SÃo Paulo