Home page de Valdemar W. Setzer >> Vídeos e áudios >> Matérias da Folha sobre o debate "Tablets"


Matérias publicadas pelo jornal Folha de São Paulo anunciando e comentando o debate
"Roda da Folhinha: Tablet na infância - educação e entretenimento"
realizado em 8/10/12 no Teatro Folha, Shopping Higienópolis, São Paulo, SP

(Ver também o vídeo completo do debate)


Matérias anunciando o debate que iria ocorrer, publicadas no suplemento
Folhinha de 29/9/12, p. 4, copiadas do original no site da Folha de São Paulo.


Especialistas dizem que 'eletrônicos são terríveis'; outros defendem uso moderado

BRUNO ROMANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Especialistas se posicionam contra e a favor do uso do tablet na infância.

Veja trechos de entrevista da "Folhinha" com Valdemar W. Setzer, 71, professor do departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, e Andréa Jotta, 38, psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC São Paulo.

"Qualquer aparelho eletrônico é terrível para a criança." A frase, que costuma gerar polêmica, é de Valdemar W. Setzer. Leia mais.

Apertar os botões

Qualquer aparelho eletrônico é terrível para crianças. Elas deveriam brincar ativamente. O que fazem, por exemplo, quando brincam com um carrinho de controle remoto? Mexem os dedos para apertar botões. Um bom brinquedo deve ser simples. A criança deve entender o seu funcionamento, como uma boneca de pano. Nenhum adulto compreende o funcionamento de um tablet. Se eu quebrar o chip, não saberei montar.

O bom brinquedo

O brinquedo também deve despertar a imaginação. No caso da boneca, por exemplo, a criança usa a imaginação. Aparelhos com tela, como computador, tablet e TV, entregam imagens prontas. Não há o que imaginar. Os brinquedos também deveriam exigir movimento, como jogar bola ou pular corda. Os meios eletrônicos, começando pelo iPad, deixam a criança parada.

Sem conversa

Graças ao iPad e outros jogos eletrônicos, os pais estão falando menos com os filhos. Você vai a um restaurante e vê famílias com crianças jogando seus tablets na mesa. Não há conversa e brincadeiras. Isso é cômodo para os pais.

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"O uso do tablet por crianças só é prejudicial se houver abuso. Do contrário, é uma brincadeira." Essa opinão é de Andréa Jotta. Leia mais.

Demônio?
A tecnologia é inevitável. Não adianta olhar para isso como algo do demônio [ruim]. As crianças não fazem diferença entre algo que é tecnológico [como tablet ou computador] e algo que não é [bola ou boneca, por exemplo]. Para elas, é tudo igual. Brincam com um ou outro sem problemas. O tablet faz parte de um mundo cheio de informações, que chegam com facilidade às pessoas -e isso pode deixá-las mais inteligentes.

Brinquedo?
A criança precisa aprender a brincar no tablet, mas também a montar quebra-cabeça e a visitar parques. São os pais que devem decidir se uma criança deve ou não ganhar um iPad como brinquedo, que custa R$ 1.500. Mas a criança não é preparada para ter um brinquedo num valor tão alto. Não é recomendado que os pais briguem se ela quebrar ou perder o tablet.

Uso moderado
Não há idade certa para usar tablet. O importante é a criança, independentemente da idade, ter opções diferentes de atividades, brincar das mais diferentes maneiras. Uma criança que aos cinco anos só brinca com tablet, aos dez ganha console e aos 12 está viciada em tecnologia não foi estimulada a brincadeiras sem os eletrônicos.

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Entre as duas colunas com a matéria acima havia duas caixas com os seguintes textos.

"Eletrônico é terrível para crianças. Elas deveriam brincar ativamente. O que fazem quando brincam com carrinho de controle remoto? Apertam botões."
Valdemar W. Setzer

"Não há idade certa para começar a usar tablet. O importante é a criança, qualquer que seja a sua idade, ter opções diferentes de atividades."
Andréa Jotta.


Matéria comentando o debate, publicada no caderno Cotidiano, p. C7,
do jornal Folha de São Paulo de 10/10/12; ver o original no site da Folha.

"Escolas não devem adotar tablet só porque é moda"

Debate da 'Folhinha' trouxe opiniões radicalmente opostas
sobre o uso do aparelho durante a infância

Embate entre professor contrário ao uso de tecnologia por crianças e psicóloga favorável mobilizou a plateia

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O tablet não deve ser usado por escolas só porque "é moda". Para que o aparelho entre em sala de aula, é preciso antes desenvolver um projeto pedagógico para seu uso e preparar o professor.

Essa foi uma das sugestões do debate "Tablet na Infância - Educação e Entretenimento", realizado anteontem, no Teatro Folha, em São Paulo. O encontro, promovido pela "Folhinha", teve parceria do Instituto Ayrton Senna e foi acompanhado por 190 pessoas, a maioria professores e pais. Durou quase três horas e foi caloroso, com embate entre ideias opostas e manifestação da plateia.

"Se a escola pede tablet no material escolar, o ideal é que tenha um plano pedagógico. Se não sabe como será usado, recomendo que o pai não compre. E mais: eu tiraria meu filho de uma escola assim", disse Thiago Tavares, presidente da SaferNet Brasil, ONG que trabalha com segurança na internet.

Outro alerta é que o tablet não tenha acesso 3G e funcione pela rede da escola, o que possibilita um maior controle da navegação do aluno.

O conflito de opiniões entre a psicóloga Andrea Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, e Valdemar W. Setzer, professor do departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP, mobilizou a plateia.

Setzer foi o único debatedor radicalmente contra o uso de aparelhos eletrônicos e da internet na educação infantil. "Spam existe porque adultos são inocentes e caem. Agora, imagine criança!", exclamou ele. "Elas são ingênuas e estão sendo usadas para testar tecnologias", disse.

Para Setzer, as crianças devem ser incentivadas a brincar com produtos não eletrônicos. Jotta discordou do professor em diversas ocasiões -e chegou a ser interpelada por uma espectadora, que defendeu Setzer. "As crianças dão conta de desenhar no tablet, no papel, de conversar com as pessoas ao vivo e no mundo virtual. Se os adultos conseguem educar essas crianças é outro ponto. O descontrole que a gente vê é do adulto", afirmou Jotta.

Mas todos concordaram em um ponto: a participação ativa dos educadores no desenvolvimento das crianças. "Pais e professores têm que estar perto das crianças. Eu me preocupo mais com isso do que com o uso de tablet e internet", disse Adriana Martinelli, coordenadora da área de tecnologia e educação do Instituto Ayrton Senna.

Convidada à discussão, a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha, não pôde comparecer.

O debate foi mediado pela editora da "Folhinha", Laura Mattos, e pelo editor do caderno "Tec", Leonardo Cruz.

(No jornal impresso, logo em seguida apareciam as seguintes chamadas, que não constam do original do site da Folha.)

"Crianças dão conta de desenhar no tablet, no papel, conversar ao vivo e no mundo virtual. Se conseguimos educá-las é outro ponto."
Andréa Jotta - psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP

"Para usar internet é preciso muito conhecimento, discernimento, autoconsciência e autocontrole. A criança não tem isso."
Valdemar W. Setzer - professor do departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP