Resumo compacto dos capítulos do livro de Nicholas Carr
The Shallows - what the Internet is doing to our brains, New York: W.W.Norton, 2010

Valdemar W. Setzer
www.ime.usp.br
17/10/11

Prólogo: The watchdog and the thief

A Internet é o último meio a disparar um debate sobre democratização e emburrecimento da cultura.
McLuhan: "O conteúdo da mídia é simplesmente 'o pedaço suculento de carne levado pelo ladrão para distrair o cão de guarda da mente"
Internet é uma festança: um prato depois do outro, cada um mais apetitoso que o outro, sem sequer um momento para respirarmos entre cada mordida. Levamos essa festa a todo lugar.


Cap. 1: Hal and me

Estava sentindo como o HAL de "2001": alguém estava mexendo em seu cérebro, pois não conseguia mais se concentrar na leitura de um livro ou artigo.
Achava que sabia a razão: durante mais de uma década, permaneceu conectado intensamente na Internet.
"Tive a sensação de que a Internet estava me tornando em algo como uma máquina de alta velocidade de processar dados, como um HAL humano. Senti falta de meu velho cérebro."

Cap. 2: The vital parts

Digressão: on what the brain thinks about when it thinks about itself

Não percebemos o cérebro, portanto a tendência é achar que não temos influência sobre a estrutura física do cérebro.
Achava, assim, que usar um computador não iria influenciar o seu cérebro. Mas estava errado.

Cap. 3: Tools of the mind

História da introdução dos mapas e dos relógios, e como eles influenciaram a maneira de ver o mundo e de pensar.
Quatro tipos de tecnologia: 1. Aumentam a força física, a destreza, a resistência; 2. Aumentam sensibilidade sensorial; 3. Mudam a natureza para servir nossas necessidades e desejos; 4. Tecnologias intelectuais
A tecnologia não é neutra, pois muda a estrutura do cérebro.
Determinismo tecnológico (a tecnologia é inevitável) e instrumentalismo (a tecnologia é neutra)

Cap. 4: The deepening page

História da escrita e da imprensa. Leitores de livros tornaram-se mais solitários e atentos.
O desenvolvimento do conhecimento tornou-se cada vez mais pessoal.
Escrever e ler tornaram-se os atributos da cidadania.
A ética do livro tornou-se a ética da ciência.
Com a Internet, aparece uma nova ética intelectual.
Caminhos do cérebro estão sendo novamente redirecionados.

Digressão: On Lee de Forest and his amazing audion

Lee de Forest inventou a válvula triodo, que permitiu a construção de amplificadores e de transmissores de rádio. Ele tornou-se cético de sua invenção devido ao lixo que estava sendo transmitido.

Cap. 5: A medium of the most general nature

À medida que a Internet se expande, os outros meios contraem. O tempo de leitura caiu. Maiores efeitos: diminuição dos jornais.
Fragmentação do trabalho, perturbação da concentração.
Bibliotecas eram santuários da leitura; hoje, o maior uso é com computadores.

Cap. 6: The very image of a book

Compara livros impressos com e-books. Grande problema: distração causado pelos vínculos.
A linearidade do livro impresso é quebrada, junto com a atenção que ele encoraja no leitor


Cap. 7: The juggler's brain

Pessoas que leem textos lineares (sem hiperlinks) têm mais compreensão, lembrança, aprendizado.
Quanto maior o número de links, menor a compreensão do texto lido.
Por projeto, a Internet é um sistema de interrupção, uma máquina de dividir a atenção
Estamos mudando do cultivo do conhecimento pessoal para caçadores e coletores na floresta de dados eletrônicos
Podemos assumir que os circuitos neuronais dedicados a escanear e executar múltiplas tarefas estão se expandindo, e se fortalecendo, enquanto os usados para ler e pensar profundamente, com concentração duradoura estão enfraquecendo ou sendo erodidos

Digressão: On the buoyancy of IQ scores

QI tem aumentado (3 pontos por década) pois estamos mudando nossa inteligência, dando mais importância à lógica, lidamos mais com o hipotético, procuramos classificar e compreender o mundo cientificamente

Cap. 8: The church of google

Graças ao computador o taylorismo, que transformou os operários em máquinas eficientes, medindo e otimizando o trabalho, está começando a governar nossas mentes.
O google é um exemplo disso: tudo o que o usuário faz é medido, otimizado. Argumentos subjetivos, inclusive estéticos, não são levados em conta nos projetos.
Objetivo principal: usuário chegar o mais rapido possível ao que busca, e sair de lá também o mais rápido possível.
Ironia no projeto do google de digitalizar todos os livros: corrói justamente a eficiência diferente que a tecnologia do livro trouxe à leitura (leitura profunda, concentração no significado)

Cap. 9: Search, memory

Impacto negativo da Internet sobre a nossa memória.
Descarregar a nossa memória em computadores: a cultura murchará

Digressão: On the writing of this book

Retirou-se para as montanhas, sem celular, Internet ineficiente.
Levou algum tempo a não sentir o vício de usar a Internet.
No entanto, ao terminar o livro, está voltando a ela.

Cap. 10: A thing like me

Descreve o programa Eliza, de J. Weizenbaum, e a reação negativa deste quando se começou a usá-lo indevidamente, querendo dar ao programa qualidades humanas..
Quanto mais brilhante o software, mais apagado fica o usuário.
Digitalização de artigos científicos: quanto mais artigos eram colocados na Internet, tanto menos citações eram feitas.
A facilidade de seguir hyperlinks leva os pesquisadores a ignorarem artigos que outros, usando as revistas impressas, teriam notado ao folhearem as páginas.
Empregar tempo no mundo natural parece ser de importância vital para o funcionamento efetivo da cognição
Se as coisas acontecem muito rápido, chega-se até mesmo a não experimentar emoções sobre o estado psicológico de outras pessoas


Epilogo: Human elements

Critica o uso indevido dos computadores, substituindo funções humanas (o temor de Weizenbaum está se concretizando); nossa inteligência vai acabar virando inteligência artificial.