De: Alair Pereira do Lago
Para: Pedro Longo
Cc: Alair Pereira do Lago
Assunto: Re: Oferecimento de Vida
Data: Mon, 21 Jul 2008 12:08:12 -0300

Caríssimos Pedro e Cláudio,

Paz a todos!

Antes de mais nada gostaria de lhes agradecer pelas correspondências bem como pela divulgação da oração do oferecimento de vida. 

Se vocês se lembram, tudo começou a partir de um email do Cláudio e sua repercussão em mim quando ele nos convidava a oferecer não somente nossas orações como também nossa própria vida pelas almas da torre...  Daí que me lembrei desta oração, e logo me veio o ímpeto e o desejo talvez até um pouco infantil de que as pessoas do SalvaiAlmas pudessem rezar esta oração de oferecimento, já que uma vez professada, nos dispomos a que todo sofrimento em nossa vida, bem como tantos outros méritos, sejam todos eles oferecidos segundo as intenções dos sagrados Corações, que naquele momento era pela libertação da Torre.  Confesso porém que eu fiquei um pouco consternado,... não me parecia que fosse esse o meu lugar. 

Quando o Cláudio divulgou a oração, eu vinha sofrendo bastante por ocasião daqueles dias, eu percebia que a responsabilidade com a mesma era muito grande:

  1. eu tinha um desejo grande em relação àquele oferecimento;
  2. eu sentia intrometendo-me onde não fui chamado;
  3. foi necessário discernir se a mesma oração era autêntica ou não, já que havia encontrado uma atribuição equivocada no texto que a divulgava;
  4. houve a resposta da Mãezinha: "Mas a Oração por você mencionada: Oferecimento de Vida, é muito linda e pode fazer também parte da oraçôes deste Movimento";
  5. depois da autorização da Mãezinha, tive que decidir se recomendava a versão disponível em português ou não;
  6. eu devia decidir o que traduzir, e o que não traduzir da versão inglesa em que eu confiava;
  7. o processo de tradução requeria ser feito com o necessário esmero, sem contudo ser perfeccionista;
  8. abriam-se muitas perspectivas por causa de um plano de atuação que se delineava em mim;
  9. os meus afazeres e minhas responsabilidades no meu trabalho têm me exigido bastante, e não venho tendo condições de responder às solicitações todas nos prazos desejáveis. 
Quando percebi que o Cláudio havia divulgado mensagem, eu ainda sofria bastante, talvez sofrendo algum tipo de ataque também, talvez apenas as exigências de amor que o Senhor nos dá quando nos oferece uma grande graça...  Fato é que preferi esperar os meus afazeres diminuírem para dar a devida atenção às provocações que vinham surgindo naquela ocasião, e que ainda eu não havia participado a vocês.

Agora que o semestre terminou, e estou tirando alguns dias de folga com a família, tenho bem mais tranquilidade para escrever-lhes e retomar os passos de onde parei, mas que ainda podem ter conseqüências futuras...

Quando a Mãezinha escreveu este email, confesso que fiquei como que bloqueado e cego, e percebia em mim a necessidade de um trabalho em tentar entender a pro-vocação do Céu. Eu achava que a responsabilidade era grande, e pedi orações para tentar entender direito o que me era dito.  Descrevo agora a interpretação que se desenvolveu em mim, em comparação com todos os sentimentos e pensamentos que se desenvolveram em mim naqueles dias.  Se penso em discernir o que que senti que era verdeiro, penso primeiramente naquilo que estava mais ligado às realidades eternas. Não quero dizer que outras interpretações sejam incorretas, pelo contrário, parece que a Palavra é tantas vezes muitiforme, e encontra cada um, até mesmo a mesma pessoa em momentos diferentes, e produzindo diferentes impactos, adequados à experiência que cada um está vivendo naqueles dias, como se cada um ouvisse a mesma Palavra na sua própria língua materna.

Em Qua, 2008-06-11 às 14:03 -0300, Pedro Longo escreveu:
Filho Alair, Sim! O que você sente é verdadeiro e tal oferecimento de vida DEVE também ser rezado pelos homens.... E digo-te, talvez eles, precisam mais! Amém! Eu te abençoo. Te amo muito!
Maria, Mãe do Universo
 
Abraços, Pedro

Que a oração DEVA ser rezada pelos homens me parecia um convite a divulgá-la, a divulgá-la para os homens todos, e dentre estes, às almas que mais sofrem.  Tal oferecimento vivido é uma máquina de fazer dinheiro, uma máquina de fazer dinheiro que as traças nem a inflação corroem. Do nada, faz-se o tudo, do pó de nossa miséria e de nossas dores, do nosso sofrimento, faz-se o ouro, depositado em Bancos eternos, ouro transformado em méritos co-redentores.  Eu via aqui uma oportunidade milionária, de construir um exército invencível, um exército de inválidos, um exército de almas-vítimas, de almas que se concebem como vítimas, instrumentos de Deus, que entregam suas vidas, que se entregam ao Pai, para que Ele nos faça instrumentos, nós que não somos nada, Ele que é tudo, nos faça instrumentos, que até abuse de seus instrumentos, para a finalidade única da salvação das almas, quem sabe até das almas todas, se assim pudermos desejar o impossível. Este no fundo era o PLANO que se delineava em meu coração.  Naturalmente que conceber-se assim instrumentos, vítimas, requer coragem, e sobretudo amor.

Já quando eu ia lendo e traduzindo, e decidindo o que traduzir e o que não traduzir, este plano se delineava, e não podia deixar de desejá-lo, e sonhar com sua realização. Pensei em convidar alguns amigos que sofrem, pensei em convidar os irmãos da Toca de Assis, em particular os recolhidos das ruas, bem como pensei em dois padres capelães de hospitais, ou em procurar doentes terminais.  Penso nos que encontraram o Padre Tommaso bem como o próprio padre Alfredo. Não é à toa que a tradição chama muitas vezes os pobres e também os sofredores de "o tesouro da Igreja".  Existe aqui um tesouro, que pode ser aplicado em resgate das almas.  De fato, este plano não é meu.  Pois ele já é de alguma maneira comunicado à irmã Dolores, como pode ser de alguma maneira visto já neste trecho que traduzi:

Maria: Minhas crianças! Assegurem-se de que a grande graça do oferecimento da vida chegue às almas que sofrem intensamente no corpo e na alma. Deve chegar os doentes incuráveis, os deficientes físicos, e os acamados, de forma que seus sofrimentos não sejam em vão! Este sofrimento pode tornar-se uma reserva de ouro para toda humanidade bem como para vós mesmos, porque em vossos corações e almas vós recebereis paz, fortaleza, alívio, e satisfação se vós vos derdes conta de que o aceite paciente dos vossos sofrimentos vos trará grande alegria no céu!

Na cópia do livrinho em inglês, logo após, existe um trecho onde a confidente descreve as conseqüência do seu ato em seguir às recomendações da Mãezinha:

(Confidente: Eu observei esta recomendação de Nossa Senhora e comuniquei esta solicitação às almas sofredoras. A partir de minha própria experiência, posso dizer que o seu sofrimento foi grandemente diminuído quando elas receberam as graças que acompanharam sua Oferta de Vida. [Nota do tradutor: 'they' será sempre traduzido por 'elas' na seqüência, referindo-se às almas sofredoras.]

Eu visitei doentes graves nos hospitais, especialmente aquelas que foram negligenciadas ou ignoradas por seus parentes e aquelas solitárias. Eu vi o maior sofrimento entre as vítimas de câncer e outros muito doentes mesmo a ponto de não se levantarem da cama. A maioria delas sabiam que não haveria cura para elas, e elas encontraram suas vidas e seus sofrimentos sem sentido, acreditando que ninguém mais precisasse delas.

Quando porém elas aprenderam que são as crianças mais preciosas de Nossa Abençoada Mãe; que o Senhor Jesus procura por companheiros; que Jesus chama-as a unir seus sofrimentos com a Sua paixão e sacrifício na Cruz como uma continuação de seu trabalho redentor; que elas são os tesouros da Igreja; que através do sofrimento elas podem contribuir para a paz no mundo; que pelos seus sofrimentos elas podem pagar pelos seus pecados e pelos de outros; e que na hora da morte elas irão diretamente para o Céu sem Purgatório, então o conhecimento desta graça começou a trabalhar nelas imediatamente.

Elas começaram a chorar de alegria, porque Deus e a Virgem Maria as amavam assim. Algumas pensaram que Deus estava zangado com elas e as estava punindo com sofrimentos, e haviam ateus que desejavam cometer suicídio. Contudo, quando elas se deram conta de quão grande é a graça no oferecimento da vida, que uma criatura não pode dar mais ao seu Criador, elas sofreram uma enorme mudança. Suas disposições melhoraram tanto que mesmo as enfermeiras o notaram. Elas tornaram-se almas escondidas do Senhor e elas perseveraram até o fim em seus oferecimentos de vida. Algumas foram curadas; outras partiram silenciosamente.

Toda noite eu rezo junto com minha boa Mãe do Céu que esta mensagem alcance mais e mais almas sofredoras com a tremenda graça do oferecimento de vida que possa mitigar os seus sofrimentos e trazer-lhes a fortaleza, paz e aceitação em carregar os seus sofrimentos na terra na esperança da eterna alegria no Céu. Nossa Mãe do Céu roga por aquelas, também, que tendo já recebido as graças do oferecimento de vida, que com uma fé viva elas possam perseverar nele até a morte.)

Na versão que mandei ao Cláudio, este trecho último da confidente descrevendo a experiência vivida por ela quando pôs-se a observar a recomendação da Mãezinha foi por mim cortado. Eu desejava inseri-lo (eu já vinha sonhando com aquele plano) mas cortei. O fiz porque temia estar sendo longo, pensei que a indicação da Mãezinha acima descrita me parecia suficiente, e porque não é meu o lugar de dizer que tipo de iniciativas devemos tomar...  Também me parecia ser mais longe da motivação original de rezar a oração de Oferecimento de Vida de forma a oferecer as nossas próprias vidas e sofrimentos pelas almas da Torre.  A divulgação deste trecho favorece muito mais o desenvolvimento deste plano...

Quando a Mãezinha me dizia que  "O que você sente é verdadeiro", eu pensava em muitas coisas mas especialmente neste plano que de certa maneira me arrastava o pensamento.  Quando li "talvez eles, precisam mais", pensei que se por um lado é verdade que Deus precisa do homens, como a Mãezinha mesma afirma em relação a este oferecimento de vida que "o Senhor Jesus procura por companheiros", são na verdade "os homens" que, sofrendo um pouco mais ou um pouco menos, "precisam mais" oferecer e entregar a própria vida, e "unir seus sofrimentos com a Sua paixão e sacrifício na Cruz", "de forma que seus sofrimentos não sejam em vão!", de forma que possam receber logo a "paz, fortaleza, alívio, e satisfação".  Da mesma maneira que homens se vêem nervosos e preocupados quando descobrem uma importante oportunidade de negócios, eu também assim me encontrava por conta de pensar nesta "reserva de ouro para toda humanidade".  Se por um lado era verdade que não é meu o lugar de dizer que tipo de iniciativas devemos tomar, eu pensava que eu não poderia enterrar este talento na terra...

A serenidade, eu a reencontrei numa madrugada daqueles dias de sofrimento quando durante a oração decidi reescrever a vocês para pedir que este meu corte fosse revertido.  Logo após, vi que o Cláudio tinha acabado de publicar a versão que lhe tinha mandado e preferi poupar-me e escrever este email somente mais tarde, dado que estava um pouco debilitado e a Mônica me alertava sobre isto.  O que faço agora, não tanto para pedir que se reverta o corte no texto que já foi publicado, mas para contar-lhes estas coisas e pedir discernimento em relação a o que fazer em relação ao que chamei de PLANO, que no fundo é a recomendação dada à irmã Maria Dolores pela Mãezinha.

Toco adiante este plano? Alguma recomendação específica?

Cláudio, queria pedir que estas perguntas fossem colocadas em oração...  Se por um lado eu desejo este exército de inválidos seja formado, não necessariamente por mim, por outro as minhas responsabilidades parecem não me favorecer para executá-la.  Também sei que nalgum momento meus horizontes serão abertos diante das atribuições que o Senhor quiser me dar e poderia ser o caso de que este plano fizesse parte do Seu plano para comigo.  Venho há alguns dias pensando em requisitar um lote de livrinhos sobre da oração do oferecimento para distribuir, mas até os correios andam em greve...  Talvez seja melhor usar o que traduzi, ao menos por enquanto...

Obrigado a todos.

Alair